XII - Isso é um engano...

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Vegeta olhava para a mulher e via a expressão dela mudar várias vezes, um filtro de diferentes tons passar-lhe pelo rosto que de lívido passava a vermelho, que de corado passava a cinzento. Apesar de um ligeiro véu de lágrimas que lhe adornavam as longas pestanas, ela o encarava de um modo ameaçador, o que fazia o guerreiro ficar cada vez mais confuso com todas as expressões corporais que ela fazia, que diziam muito mais que qualquer palavra dita.

Vegeta sentiu-se aflito, agoniado. Chichi e Gohan observavam a cena constrangidos, as duas crianças, por sua vez, tinham um ar amedrontado. Chichi sussurrou em tom de ordem:

- Trunks, leva o Goten para ver os teus brinquedos. Leva-o para o teu quarto. Já!

- Hai! – responderam os meninos em coro. Depois, Trunks puxou o amigo pelo braço e saíram dali.

E a cena continuava, muda e suspensa.

Gohan começava a suar, percebendo que muito provavelmente, ele e a mãe estariam a mais ali.

- Então, o que esse papel está dizendo? – perguntou Vegeta impaciente.

- Por que não olha você mesmo? – Bulma lançou o papel com muita raiva. Não iria brigar, nem discutir no dia do evento anual mais importante para a Capsule Corporation. Apesar de lhe apetecer imenso, não iria dar um vexame diante de todo o mundo e arriscar que tudo acabasse por sair numa reportagem bombástica em uma revista qualquer de fofoca.

Saiu dali pisando alto, punhos bem apertados nos braços esticados ao longo do corpo, deixando Vegeta e deixando o papel dançando no ar lentamente.

A cena quebrou-se, como por encantamento, devolvendo à vida tudo o que estava congelado, animando os protagonistas. Chichi correu atrás de Bulma e Vegeta agarrou o papel no ar. Olhou de forma penetrante para Gohan que se empertigou, engolindo em seco, as gotas de suor na testa cada vez mais evidentes, tentando entender o que estava acontecendo.

Vegeta desviou os olhos do rapaz, abriu o papel e leu o resultado do maldito exame de DNA. Passou por cima do nome de Miruku, nem sequer notou que estava lá escrito pois era como uma nota acessória da conclusão do teste. E leu furioso o seu nome escrito, afirmando que havia 99% de probabilidade de ele ser o pai da garotinha. Fechou o punho amassando o papel.

"Que exame maldito é este que se engana tanto?!"

O pior era que Bulma tinha acreditado naquela mentira. E seria admissível, pensou num pequeno momento de lucidez, pois ela era uma cientista e confiava plenamente em qualquer exame que tivesse um fundo científico. Mas havia ali alguma coisa de profundamente errada, que o fazia ferver por dentro. Voltou-se para Gohan e rugiu de uma forma assustadora:

- Escuta, Gohan.

- Hai, Vegeta-san – disse o rapaz tenso.

Vegeta estendeu-lhe a bola de papel.

- Estes exames... podem estar errados?

Gohan desembrulhou o papel para saber do que se tratava. Analisou-o rapidamente, sabia que com o príncipe dos saiyajin não podia perder tempo. Percebeu imediatamente do que se tratava e respondeu, meio temeroso, levantando os olhos do papel:

- Bom... Se o exame for realizado em uma clínica séria e bem recomendada, os resultados são bastantes fiáveis e verdadeiros. A polícia utiliza este tipo de exames para determinar se um suspeito esteve na cena de um crime... É utilizado também em casos de... justiça em que é preciso determinar a paternidade de crianças. – Nesta última afirmação hesitou tremendo, pois viu a cara de Vegeta contorcer-se. – É raro ocorrer fraudes, mas pode acontecer... Ou seja, nada impossibilita alguma clínica de falsificar um exame desses.

Tempestade de PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora