XIV - O caso começa a se resolver

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Vegeta sentiu desgosto em ameaçar aquele cara, porque não tinha graça nenhuma ver um verme fraco morrendo de medo. Ele já havia ameaçado seres muito mais fortes, guerreiros formidáveis de raças alienígenas que seriam etiquetadas de monstros por aqueles terráqueos idiotas, e que se borravam de medo apenas por escutarem a voz dele. Então sim, era divertido. Aquela situação, bom, analisando friamente e segundo os seus padrões mais exigentes, não tinha graça nenhuma.

O estranho era que o verme seguia-o enquanto contornavam aquela maldita piscina em forma de amendoim. Sentiu o sangue ferver, apetecia-lhe sair a voar, agarrando o verme por um pulso ou mesmo pelos cabelos que ele lá se importaria se lhe arrancasse o escalpe, mas lembrou-se que não queria alertar Bulma. Queria fazer-lhe uma surpresa e não poderia ser demasiado espalhafatoso ou seria ela que viria ao encontro dele, estragando-lhe os planos. Por isso, Vegeta respirou fundo, absorvendo os mais variados odores que havia ali, desde perfume caro, peixe cru, creme bronzeador, até suor de medo, que vinha do verme.

Fixou o portão que ficava mais perto, em breve sairiam daquele lugar fútil. Ouviu cochichos que comentavam o que estava a acontecer, ouvia gargalhadas de quem se alheava à situação, reparou em algumas caras de espanto e sobrancelhas carregadas que demonstravam perplexidade e dúvida. Mais alguns passos e poderia levantar voo e começar a resolver, finalmente, aquela confusão.

No entanto, não conseguiu alcançar o portão.

Escutou um grito histérico atrás de si que lhe lançou arrepios perigosos pelas costas abaixo. Encolheu-se irritado, enterrando a cabeça entre os ombros, crispando dolorosamente os punhos.

- Masaka... – resmungou.

O verme tinha decidido reagir, precisamente quando estava prestes a concluir a breve caminhada. Gritara, lançara mãos ao alto e quando Vegeta se voltou, cada vez mais irritado, viu-o a fugir de braços levantados, tão desvairado quanto um louco desmemoriado travestido de mulher. Sim, parecia mesmo uma mulher a gritar aos quatro ventos. Não formulava nenhuma palavra, como socorro, ou ajudem-me, ou salvem-me. Simplesmente... gritava! E num tom tão agudo que os ouvidos sensíveis do príncipe dos saiyajin começavam a estalar.

Saltou atrás do fugitivo, encolhendo-se como um felino, fixando o alvo. Um impulso apenas. Continuava a não querer chamar demasiado a atenção, apesar de os gritos do verme já terem calado todas as demais conversas e gargalhadas deslocadas que se desenrolavam em redor da piscina em forma de amendoim.

- Quieto!

Deteve o salto. Pousou no chão, fletindo levemente os joelhos. Um homenzarrão grande como um armário, cabeça rapada, olhos pequenos, barrava-lhe o caminho. O verme distanciava-se cada vez mais, fugindo e berrando.

- Queira mostrar-me o seu convite, por favor.

Vegeta semicerrou os olhos e olhou para a manápula que o homenzarrão lhe pusera à frente. A outra manápula fechava-se num punho compacto, pronto para desfechar um murro, independentemente da resposta que ele desse àquele pedido descabido. Mas requeria coragem uma atitude daquelas e Vegeta sorriu de canto.

Perante o silêncio dele, o homenzarrão insistiu, só para ter a certeza de que o murro tinha uma razão válida para ser desfechado:

- Esta é uma festa privada. Só pode estar aqui com convite... O seu convite, por favor.

Pela aparência e pela atitude daquele idiota, este seria um segurança, um dos muitos que rodeavam o verme e os seus amiguinhos, para proteção contra eventuais penetras em festas privadas. Só que havia um problema... Ele, o grande príncipe dos saiyajin... não tinha nenhum convite e aquele murro gigantesco que estava preparado, iria mesmo sair. Ele fazia questão de ser agredido pelo homenzarrão. Ou ele que tentasse, pelo menos. Vegeta rasgou o sorriso, mostrou os dentes.

Tempestade de PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora