XIII - Entra a polícia, mais confusão

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O dia aberto na Capsule Corporation terminou abruptamente naquele ano. Já nada impediria o escândalo de aparecer em todos os jornais importantes e nas revistas que gostavam desse tipo de acontecimentos para aumentar a tiragem, no momento em que a polícia chegava com enorme aparato e os empregados dispensavam os convidados, indicando que tinham acontecido uma emergência. Em relação às personalidades mais importantes da cidade, como o prefeito de West City e os investidores mais abastados, foi o próprio doutor Briefs que falou com eles, explicando que tinha acontecido algo terrível relacionado com a sua família e que precisava de uma resposta urgente e rápida. Todos compreenderam, saíram ordeiramente, mas por haver falta de informação os boatos começaram logo a surgir, espalhando versões incorretas do que estava a acontecer, a maioria dos quais tinha o misterioso homem que vivia ali dentro, baixinho, antipático, de cabelos espetados e carantonha arisca, como protagonista e que até era o pai do neto do doutor Briefs. Era ver todos aos cochichos, olhadelas súbitas, gestos comprometidos.

A nicotina fizera o seu efeito e Bulma estava mais calma, com a cabeça mais desanuviada e o raciocínio frio que a caracterizava regressava, uma vez expurgada qualquer emoção desnecessária para uma conclusão cientificamente infalível.

Num dos cantos do grande salão da Capsule Corporation estavam Chichi e Gohan. Um pouco mais afastados, sentados no sofá gigantesco estavam, muito bem comportados, Goten e Trunks. Os Son foram os únicos que ficaram, pelas razões óbvias. Chichi tinha sido uma grande companheira naquele momento tenso da revelação dos resultados do exame de DNA e Bulma tinha-se portado muito mal com ela, devia-lhe uma palavra.

Focou-se nos seus batimentos cardíacos, na sua respiração. Tudo normal, num ritmo perfeito, sem qualquer alteração. Estava inteiramente pronta para desvendar aquele caso, terminar com o acontecimento de uma tarde de sábado que tantas perturbações lhe tinham trazido ao quotidiano da sua família, mesmo que aquele sumiço da Panty viesse lançar um dado novo que ameaçava juntar ainda mais confusão a uma situação demasiado confusa.

Bulma estava decidida a não se deixar perturbar, contudo, pelo suposto rapto da garotinha, mas o certo era que se incomodava com o que teria acontecido com a bebê que não se podia defender, por ser tão pequenina. Havia as hipóteses mais evidentes: a mãe voltara e levara a menina com ela. O suposto pai, o esquivo Miruku, levara-a para exercer alguma vingança sórdida. Ou então, alguém mal-intencionado, que ali entrara a coberto do dia aberto da Capsule Corporation, descobrira a Panty sozinha na cozinha e levara-a com a ideia de pedir um resgate milionário à família mais rica da região.

Havia ainda outra possibilidade, considerou Bulma, que mesmo abominável teria de fazer parte das hipóteses da experiência. Vegeta era o único que estava ausente daquele salão e podia também ter sido ele a raptar a Panty. Não acreditava, porém, que o saiyajin iria magoar ou ferir a garotinha, apesar do seu passado assassino. Ele tinha mudado muito depois do torneio do Cell. Mas Vegeta poderia utilizar a garotinha para atingir Miruku, ou para forçá-lo a uma espécie de confissão.

Disfarçadamente, Bulma apanhou a foto rasgada do bolso da jaqueta. Prendeu-a entre os dedos, escondendo o pequeno exemplar amarrotado na concha da mão. Era realmente pequeno, o retrato, desfocado, simples. Uma falsificação muito bem feita ou um pedaço de recordação doloroso. O certo era que ele estava elegante naquele terno caríssimo e demasiado pedante. Mesmo que fosse falsa, aquela foto continuava a ser uma prova, tal como o bilhete deixado no cesto, tal como o exame de DNA e lembrou-se que não ficara com o resultado do exame. Atirara-o ao ar com a fúria e perdera-o. Uma falha imperdoável e cogitou telefonar para a clínica assim que a polícia saísse da Capsule Corporation. Não podia dar-se ao luxo de desperdiçar qualquer prova, mesmo que fosse uma que não tinha qualquer ligação com as demais entretanto reunidas.

Tempestade de PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora