Capítulo 30

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Lauren pov's



"-Bom dia..."

Aquela voz murmurou; a voz doce que tanto me amava! Eu quase podia sentir seus braços ao meu redor enquanto, com uma mão, acariciava meu rosto.

Eu quase podia sentir seu hálito quente, chocando-se contra os meus lábios.

Eu quase podia sentir sua pele, seu cheiro, ouvir o som da sua risada, ver seus olhos cor de ouro...

Quando eu abri os meus olhos, percebi que tudo não passara de um sonho. Eu estava sozinha em meu quarto. Eu havia perdido tudo isso. Eu estava morando sozinha no meu antigo apartamento, longe de Cameron, há dois meses.

Se estivéssemos casados, hoje seria nosso primeiro ano

Tomei um demorado banho. Procurei ser mais rápida ao me arrumar, ciente de que eu não poderia chegar atrasada no meu novo trabalho – poderia deixar um precedente ruim. Comi uma tigela de cereais, escovei os dentes e saí de moto para a empresa de publicidade Submit. Sim, eu não estava mais trabalhando na empresa de Cameron. Como eu poderia? Eu só tinha más recordações do lugar e agora, mais do que nunca, eu queria evitar os mesmos lugares que Cameron circulava. Tinha de agradecer a Dinah, Troy e até o Norman, foram eles que conseguiram convencer o chefe do setor contábil dessa empresa a contratar outra contadora, mesmo sem a empresa precisar.

Trabalhar com Dinah era bom, um rosto amigo para se ver. Acabei ficando amiga de Troy e Norman. Via Ally quase toda a noite, quando Dinah nos arrastava para algum lugar. Conversávamos por horas, contando o que havia acontecido no nosso dia, mas nenhuma delas tocava no assunto mais trágico da minha vida. Isso era um alívio, eu não queria me lembrar de nada.

O trabalho e a convivência com os amigos ajudaram muito para eu me reerguesse, mas quando eu chegava ao meu apartamento era outra coisa. Eu pensava em Cameron, em tudo o que vivemos – os momentos bons e ruins. Mas eu não chorava (Deus, como eu lutava contra as lágrimas) porque eu não tinha mais forças para chorar. Eu me sentia tão vazia que não chorava. E agora que não havia mais Cameron comigo, eu tentava seguir em frente. O problema era que Cameron não queria seguir em frente e não me deixava seguir em frente também.

–Então resolveu apelar para um advogado? –Dinah perguntou enquanto esperávamos na fila do almoço.

–Eu não vou mais ir até ele e voltar sem os papéis assinados. Acho que se enviar um advogado no meu lugar, o Cameron perceberá que o negócio é sério. –Disse mal humorada. Pensar em Cameron sempre me deixava aborrecida, por isso eu passava a maior parte do tempo aborrecida. Felizmente minhas amigas já haviam se acostumado com isso.

–Tomara que dê certo, mas vá logo esperando pelo pior Lauren. Aquele lá grudou em você como carrapato, não vai se livrar... –Meu celular toca e Dinah para de falar. Mexo em minha bolsa enquanto a fila anda e logo encontro o aparelho.

–Alô? –Atendo, sabendo exatamente quem é e ficando instantaneamente tensa.

–Senhora Cabello? Sou eu, o senhor Smith. Eu estou em sua sala, preciso conversar com a senhora.

–Eu estou indo. –Desliguei o celular, colocando-o na bolsa. Larguei a bandeja que eu segurava antes mesmo de chegar à comida.

–O que foi? Não vai comer? –Dinah perguntou.

–Meu advogado chegou. Preciso falar com ele. Como alguma coisa mais tarde. –Saí em disparada, ansiosa pelas novidades. Eu queria falar com o senhor Smith e ter a certeza de que tudo havia acabado depois de dois meses de briga. Eu o encontrei em frente ao cubículo que dividia com Dinah, enxugando sua tez lisa com um lenço. Ele sorriu nervosamente quando me viu e tive esperanças de que seus sinais corpóreos revelassem que ele tinha boas notícias.

The ContractOnde histórias criam vida. Descubra agora