Capítulo 34

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Lauren pov's




Lembro-me como se fosse ontem da noite em que meus pais morreram. Voltava da faculdade, na minha moto, e estranhei ao ver um carro de polícia estacionado no meio fio. Em frente a minha casa estavam dois policiais, parecendo brechar através da cortina que cobria a persiana de vidro, a fim de encontrar alguém na casa. Estacionei em frente à garagem, com minha visão periférica analisando cada passo dado por eles. Desci da moto, retirando o capacete. Pretendia abrir a garagem e guardar logo a moto, como sempre fazia, mas ao ver a aproximação de um deles eu fiquei parada. O mais velho dos policiais, um homem baixo e meio roliço, aproximou-se de mim.

–Você deve ser a Lauren Jauregui... –Murmurou. Eu assenti fracamente com a cabeça enquanto minha mente fervilhava com as hipóteses acerca da presença daqueles dois sujeitos. –Precisamos conversar. –Disse, retirando um lenço do bolso da calça de brim caramelo e enxugando a testa suada.

Nunca me esquecerei daquele fim de tarde em que, após a vida de meus pais ser ceifada em um acidente de trânsito, um policial veio me comunicar o ocorrido. Naquele trágico dia, algo quebrou dentro de mim. Eu me entreguei à mais profunda melancolia e acreditei que nunca mais passaria por algo parecido.

Eu estava completamente enganada.

Trajando uma saia comprida, preta, e um suéter cinza, eu segui trôpega ao local indicado pela imprensa onde ocorreria o funeral. Passei alguns minutos em frente à majestosa catedral, tentando ficar um pouco mais controlada. Era uma manhã chuvosa de segunda-feira, um clima deprimente para uma situação que ia além da tristeza. Sim, talvez os céus estivessem prestando sua homenagem àqueles que se foram.

Devido ao frio daquele dia nublado, vesti meu casaco preto e minhas luvas pretas de couro. Fechei o guarda chuva, agora que estava embaixo da marquise do prédio e respirei algumas vezes antes de entrar. Certifiquei-me de que havia uma caixa de lenços de papel da minha bolsa, para o caso de as lágrimas novamente encharcarem meu rosto. Não que eu estivesse preocupada com a maquiagem que eu fizera ser desfeita, não me importava nenhum pouco com algo tão idiota. Eu só não queria parecer tão frágil. Eu precisava aparentar força porque havia uma pessoa naquela igreja que precisava muito disso.

Entrei cautelosamente na igreja, ricamente adornada com buquês enormes de lírios brancos e coroas de flores das mais variadas cores. Toda aquela beleza não me agradou, deixava mais claro o evento fúnebre. Fui seguindo para o interior da capela, recebendo olhares dos fotógrafos e pessoas que aparentemente não tinham conseguido entrar na capela principal. Todos aguardavam por alguma coisa naquela pequena saleta, enquanto seguranças impediam a passagem de quem não tivesse sido convidado ao evento.

Será que me deixaram passar, pensei aturdida. Eu não era mais da família, me separara de Cameron. Embora a nossa separação não tenha caído ainda nas graças da imprensa, Cameron sabia de tudo e poderia me impedir de entrar, se quisesse. Ele poderia não colocar o meu nome na lista e assim me impedia de acessar o interior da igreja onde ocorria a cerimônia. Eu me aproximei rapidamente dos seguranças que controlavam a porta, colocando óculos escuros e uma carpe vermelha envolta da cabeça, cobrindo parcialmente meu rosto. Não sei se algum dos paparazzi me reconheceu, eu procurei ser rápida. Dei o meu nome, rezando para que eu pudesse passar. Felizmente concederam-me passagem e me apressei em entrar e assegurar um lugar ao fundo, onde eu pudesse ver a capela como um todo, sem ser detectada.

O lugar estava ricamente adornado com flores de todo o tipo, principalmente lírios brancos. Havia muita gente, algumas pessoas choravam audivelmente e outras pareciam entediadas, na certa estando ali apenas para cumprir um rito social. Reconheci alguns funcionários da empresa ao qual eu trabalhei e até alguns clientes da Cabello publicidade. Olhei para frente, dando atenção às palavras do padre, e meu coração congelou.

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