Capítulo 33

187 10 2
                                    


Lauren pov's



Eu estava no meu quarto, mais precisamente deitada em minha cama. As lembranças da noite anterior eram vagas e, por não encontrá-lo por perto, pensei seriamente se tudo fora um sonho. Espreguicei-me como uma gata; ao olhar o despertador em cima do criado mudo eu sorri. Ainda estava cedo, eu tinha todo o tempo do mundo para me arrumar. Mesmo assim eu procurei ser rápida e eficiente, vestindo roupas casuais e bonitas e usando uma maquiagem bem leve.

Enquanto caminhava para a sala, eu senti o cheiro de café, algo que estranhei. Não precisei entrar na cozinha para vê-lo. Ele bebericava uma xícara de café, sentado no sofá da sala. Surpresa por ainda encontrá-lo por lá, disparei:

–Cameron, o que está fazendo aqui?! –Perguntei sobressaltada. Seu rosto, que antes transmitia cautela, deixou claro seu aborrecimento. Deixou a xícara que bebericava em cima da mesinha de centro e voltou a me olhar.

–Não faça isso, por favor. Você bebeu ontem, mas não o suficiente para esquecer tudo o que aconteceu. Noite passada nós jantamos e você me deixou ficar aqui. –Ele estava com raiva e nervoso, com toda a razão. Eu me perguntei se alguma vez fiz isso com ele, fingir que nada havia acontecido após ceder... Sim, eu tive essa atitude muitas vezes.

Procurei me lembrar da noite anterior. Eu estava desnorteada pela bebida, mas sabia o que havia acontecido: o jantar, a conversa, as confissões que ele fizera para mim... Não me lembro de tê-lo convidado, no entanto, pelo menos não de forma direta como ele sugeria, mas também não o mandei embora.

–Não me lembro de ter dito algo como 'Cameron, fique aqui comigo.'. –Por algum motivo minha voz soou rude, talvez pela tensão daquele momento. Depois do que aconteceu na noite anterior, embora não tenhamos passado dos limites, eu me sentia estranhamente vulnerável. Cameron continuou a me encarar, mais e mais aborrecido com a minha postura defensiva.

–Quando eu perguntei a você se poderia ficar aqui, você disse algo como 'eu só tenho essa cama para dividir'. Para mim isso foi um sim. –Notei certo sarcasmo em suas palavras, algo típico do Cameron de outrora, do Cameron de quando estávamos a pouco tempo casados. Movida por aquele comportamento que eu tanto detestava, eu o espelhei sendo sarcástica também.

–Aposto que se eu falasse não, você ouviria um sim. Estou certa? –E minhas palavras arrancaram um meio sorriso de seus lábios (meus olhos ficaram naquele local por mais tempo do que o permitido) e relembrei que vi aquele mesmo sorriso algumas vezes antes, quando namorávamos.

–Absolutamente certa. –Ainda sentado, ele ergueu uma mão em minha direção, oferecendo-a para mim. Estava desnorteada demais para entender o seu gesto. Cameron notou o quanto minha confusão, manifestando-se em meu lugar.

–Venha, sente-se. –Deu espaço para que eu sentasse ao seu lado, dando tapinhas no lado vazio do sofá. Eu temia qualquer aproximação com ele, temia as sensações que me assaltavam quando estávamos próximos. Eu não me sentia mais dona de mim para impedir que eu agisse de forma imprudente, como permitir seu assédio e até correspondê-lo.

–Cameron, eu não tenho tempo para conversar. Vou acabar chegando atrasada do trabalho e... –Eu dizia nervosamente, olhando para a porta. Tinha outra desculpa engatilhada para falar, mas as palavras me escaparam quando senti minha mão ser capturada pela sua.

–Sente-se Lauren. Eu sei que você tem tempo, acordou cedo e se arrumou rápido. Além disso, eu não vou demorar com o que falarei.

Eu não pude afastar sua mão, que ainda segurava a minha, ou negar o seu pedido. Relutantemente eu me sentei ao seu lado, ainda mantendo certa distância. Ele não soltou minha mão, pelo contrário, segurou-as entre as suas mãos grandes e quentes. Notei então, tardiamente, que minha antiga aliança estava no meu dedo anelar esquerdo. Eu poderia apostar que Cameron a colocara ali enquanto eu estava dormindo. Suspirei. Ele precisava entender que as coisas, apesar de confusas no momento, não mudaram minha resolução de me separar.

The ContractOnde histórias criam vida. Descubra agora