VI

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Tsukishima


Eu estava sentado em um dos degraus da arquibancada do ginásio, enrolava meus dedos com uma fita a fim de amenizar o impacto da bola durante o bloqueio. Assim que terminei cortei o excesso e guardei a fita indo em direção aonde todos estavam.

ㅡ Vocês vão trabalhar bastante, para vencer aqueles gatos fedorentos terão que se dedicar, não sei como está nessa geração da Nekoma mas na minha época eles eram ótimos adversários - treinador Ukai dizia se gabando dos seus tempos passados.

ㅡ Deve ser um saco, mas espero que eles tenham boas habilidades - lancei um olhar de tédio.

ㅡ Não se preocupe, pelo que eu saiba o treinador antigo ainda está em ação então eles devem ser ótimos em jogo - o loiro respondeu - agora, em formação, vocês irão treinar como de costume enquanto S/n e Kyoko anotam suas fraquezas, temos que fortalecer essas lacunas.

ㅡ Sim! - falamos em uníssono indo para nossos respectivos lugares.

Eu me mantive na frente, antes do som do apito soar encarei o rosto despreocupado da Sato, nunca fui de notar na aparência de alguém, nem sequer a de uma garota. Mas ela estava linda.

O som ecoou pela quadra o que me fez voltar a realidade, o treinador jogava as bolas para cada um, primeiro seria o saque e depois faríamos o que fazemos de melhor até chegar ao nosso pior, no meu caso, os saques não eram os meus favoritos como o bloqueio. O que fez a bola nem sequer se mover no ar por conta do meu jeito desajeitado.

O que tirou uma bela risada da S/n.

Apenas juntei minhas sobrancelhas e virei o rosto tentando não me importar com esse momento vergonhoso.

ㅡ Não se preocupe Tsukishima, agora o próximo é o Kageyama.



S/n Sato



Eu anotava cada parte que Kyoko me indicava que era importante, desde o saque até a altura que eles conseguiam pular. Coloquei o caderno de lado e sentei na arquibancada bebericando um pouco do líquido da garrafinha, senti a sensação de alívio ao sentir o gelado d'água descer pela minha garganta.

Ser uma assistente às vezes nem sempre é fácil, fazia mais de uma hora que meus olhos estavam fixos em cada movimento da quadra.

Graças a Kyoko consegui uma pausa. Fechei meus olhos tentando descansar um pouco, sabia que daqui a pouco eu estaria trabalhando de novo.

ㅡ S/n - Tanaka vem até mim correndo - Kyoko pediu para você pegar os cones e as cordas lá no galpão.

ㅡ Aham - concordei preguiçosa, obriguei meu corpo a se levantar e andar em passos lentos para fora do ginásio.

ㅡ Ei! - ouvi uma voz conhecida ofegante me chamar, diminui meus passos >que já eram lentos< e olhei para trás vendo o loiro tentando recobrar o ar que perdeu.

ㅡ Qual foi Tsuki? - arqueei minha sobrancelha enfiando as mãos nos bolsos.

ㅡ Eu vim te ajudar, seria difícil você levar tudo sendo uma só.

ㅡ Ah, tá, pode ser, você carrega as cordas que eu levo os cones - tirei a chave do galpão do bolso e enfiei na maçaneta rodando a mesma que abria com dificuldade - quanto tempo passou para essa maçaneta está tão emperrada - fiz um esforço para empurrá-la.

ㅡ Caramba - pos a mão sobre a boca - esse lugar parece abandonado a séculos.

O lugar estava um verdadeiro lixo, tinha poeira por todo canto sem contar com as teias de aranha que estavam formadas por todo o teto. Abanei o vento tentando me livrar daquela poeira que estava no ar.

ㅡ Vamos pegar logo essa porcaria e sair daqui.

Meus olhos foram a cada parte do espaço tentando achar os malditos cones quando um estalo de fechadura é ouvido. 

ㅡ Não me diga que… - encarei o rosto inexpressivo do alto.

ㅡ Sim, estamos presos.

Suspirei pesadamente, sabia que algo ruim iria acontecer, não tinha como o meu dia ser 100% bom.

ㅡ S/n - meu nome saiu como um sussurro - quem…

ㅡ  Quem o que? - questionei atrapalhando sua fala.

ㅡ Quem… quem disse que eu te odiava  - ele fitava o chão e alisava seu antebraço em um ato nervoso - sabe, não sei se você já pensou sobre isso, mas faz alguns dias que tenho pensado se realmente nos odiamos.

ㅡ Ah… meio que, eu também não sei?! 

ㅡ Eu só quero deixar claro que essa "rivalidade" é sem sentido e que eu nunca, realmente, te odiei - arregalei meus olhos ao ouvir isso.

Na minha cabeça Tsukishima me odiava, mas parece que estávamos errados sobre esse sentimento um com o outro. Talvez nossa situação seja outra.

ㅡ Você nunca me odiou? - negou.

ㅡ Tudo o que eu senti até agora passa longe de ódio.

Senti minhas mãos suarem e a saliva descer a seco por minha garganta. O que seria isso? 

Seus passos foram mais próximos do meu e instintivamente recuei até sentir a parede gélida e empoeirada se chocar com as minhas costas. Eu tentava encarar qualquer outra coisa que não fosse os olhos acastanhados de Tsukishima.

ㅡ O que eu sinto por você, pode parecer loucura eu dizer isso mas… eu realmente gosto de você - paralisei.

Encarei os olhos de Tsukishima que brilhavam assim como uma pérola polida, esse foi o gatilho para que meu coração batesse mais rápido em descontrole. Sentia múltiplas coisas, vergonha, nervosismo e uma cara estampada com o choque.

ㅡ Então você não me odeia.

ㅡ Eu gosto de você, só não sei demonstrar.

ㅡ Você acha mesmo que essa é uma boa situação para se declarar? 

ㅡ Não, mas eu não sei quando teria coragem de fazer isso senão agora - sorriu ladino.

Ri ㅡ Então seu jeito de arrumar briga comigo é a forma de dizer que gosta de mim - estalei minha língua no céu da boca.

ㅡ Digamos que sim.












Amor Sagaz ~ Kei Tsukishima ~Onde histórias criam vida. Descubra agora