Charles
Era o segundo GP do ano e eu já estava com meu nível de estresse em escalas de um tsunami. Meu companheiro de equipe, Carlos Sainz, tentava me acalmar, mas era em vão.
Me encontrava andando de um lado para o outro quando escutei batidinhas na porta da minha sala, praticamente corri em direção a porta e a abri.
- Oi. - Emi disse com um sorriso enorme no rosto e entrando na minha sala sem sequer ser convidada - Ainda bem que cheguei, se não você iria fazer um buraco nesse chão, credo.
- Como você sabe? - falei me sentando ao seu lado no sofá que tinha na minha sala.
- É sua cara fazer isso, Charles. - sinto sua mão repousar na minha perna inquieta de leve - Você está bem, acredite. Deixa toda a pressão de lado e foca em você e no seu carro.
- Falando assim até parece fácil. - entrelacei nossas mãos ao mesmo tempo que Emi apoiou sua cabeça em meu ombro - Você faz as coisas serem mais fáceis.
- Você que faz as coisas parecerem fáceis. - nós rimos juntos, pois a verdade é que ambos faziam as coisas serem fáceis um para o outro.
- Tem alguma aposta para o pódio de hoje? - perguntei acariciando sua mão levemente.
- Lewis em 1°, você em 2° e Russell em 3°. - ela começou a rir assim que fiz uma careta de reprovação.
- Você é muito tiete dos seus pilotos, credo.
Logo Emi foi embora, Toto não abria uma brecha nem para a própria filha e, como de costume, fui para a garagem alguns minutos antes do esperado, precisava ver se meu carro estava realmente inteiro para a corrida.
Toda largada tinha a mesma sensação: batimentos acelerados, suar escorrendo pelas costas e dedos inquietos. Mas é só as luzes começarem a acender que todo nervosismo vai embora e fica apenas a paixão.
Faltava apenas 5 voltas para finalizar a corrida e eu estava em P2, enquanto Lewis dominava mais uma corrida. Meu engenheiro informou que eu tinha 2 opções: fazer um box e correr o risco de não conseguir recuperar minha posição, mas com a chance de conseguir P1; ou não fazer o box e rezar para o Deus que acredito pedindo que meus pneus não explodissem.
Mas quem quer que tenha rezado, meus pneus aguentaram firme e consegui ultrapassar Hamilton no último segundo, conquistando minha primeira vitória pela Ferrari.
- Parabéns, cara. Você foi incrível. - Lewis disse assim que saímos dos nossos carros e nos cumprimentamos.
- Obrigado. - falei com a voz exausta - Não é nada fácil competir contra você! - o vejo sorrir, indo de encontro com sua equipe e vejo Emi sorrindo para mim, me parecia orgulhosa e isso me fez respirar fundo, soltando um peso que nem sabia que carregava nas costa.
A cerimônia de premiação foi espetacular. Levantar o troféu de campeão me trouxe uma sensação maravilhosa e junto veio a sede de vitória.
- Você foi incrível. - me assusto com a voz de Emi nas minhas costas, me viro e a vejo encostada no batente da porta da minha sala - Ainda bem que você não quis apostar.
- Você iria perder feio. - respondo indicando com a cabeça para que ela entrasse.
- Feio não. - sua voz estava calma, mas cansada - O 3° lugar eu acertei.
- Pelo menos isso. - a puxo pela cintura, fazendo-a sentar no sofá - Está livre hoje à noite?
- Quer jantar? - a vejo erguer uma sobrancelha enquanto se ajeita no canto do sofá.
- Eu, você e Daniel. - Emi concorda com a cabeça e pega seu celular no bolso - Comida típica?
- Se você me ama, não faça isso comigo, please. - solto uma gargalhada alta, pois a última vez que decidimos comer a comida típica daqui, passamos mal por uma semana inteira.
- Vamos deixar o Danny escolher, então. - e então ficamos em silêncio, pois para nós só a companhia um do outro bastava.
Algum tempo depois, Emi teve que ir embora, precisava encontrar o pessoal da sua equipe para uma pequena reunião, enquanto permaneci jogado no sofá.
Estava exausto e decidi me deitar no sofá, mas senti algo duro debaixo da almofada e logo a tirei, me deparando com uma caixinha que tinha meu nome. Imediatamente à abri e me deparei com um chaveiro simples, mas com um significado importante. Era um coração de madeira e tinha a letra "E" e foi aí que percebi quem tinha me dado, como também qual era o significado.
"Gostou? :)"
Recebi essa mensagem de Emi logo depois de abrir. Tirei uma foto segurando o chaveiro, já pendurado na chave do meu carro e mandei para ela.
"Já está sendo utilizado, merci."
- Parabéns, garoto. - Carlos apareceu na minha sala e paralisou quando me viu olhando para o chaveiro - Da namorada?
- Não. - respondo ao risos - Não tenho namorada.
- Letra "E"? - o espanhol perguntou quando olhou mais atentamente para o chaveiro - Emilly? Emilly Wolff?
- Sim. - falo e não consigo conter o sorriso de canto - Ela disse que quando eu ganhasse minha primeira corrida pela Ferrari me daria um presente, só não imaginei que fosse isso.
- Tem certeza que vocês não tem nada? - Sainz tinha um sorriso no rosto, parecia ser um irmão mais velho tentando arrancar alguma coisa do mais novo.
- Tenho. Somo bons amigos e apenas isso, pode acreditar. - digo com firmeza, pois era exatamente isso que acontecia entre eu e Emi.
- Ok. - o vejo erguer as mãos em rendição - Ela está mandando bem até agora né?
- Olha, sei que ela é de outra equipe, mas eu torço muito para que ela mostre a sua capacidade. - digo de forma sincera.
- E ela vai, não tenho dúvidas. - ele também parecia estar sendo sincero - Só torço para que ela fique atrás de nós. - rimos em juntos e nos despedimos.
Meu celular apitou, me tirando de meus pensamentos e vejo que é uma mensagem no grupo do trio.
"Vocês já estão me deixando triste por me deixarem para trás" - Danny
"Não seja tão sensível assim amigo, vamos jantar hoje e você escolhe onde vamos. O que acha?" - Emi
"Isso é algum tipo de piedade sua? Senhor, eu devo estar péssimo mesmo viu." - Danny
Daniel conseguia ser o drama em pessoa quando queria, ele tinha ficado em P4, por pouco não ultrapassou Russell. Os dois tiveram uma disputa limpa, dura e muito boa de assistir.
"Hoje você precisa de piedade, então não reclame" - Emi
"Só aproveita a oportunidade e escolhe logo o restaurante. Estou morto de fome."
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Second Chance
FanfictionUma amizade de infância pode se tornar um grande amor? Charles e Emilly se conhecem desde os 10 anos de idade, sempre foram grudados e foram obrigados a se separar quando a vida adulta bateu na porta de ambos. Emilly foi para a faculdade e Charles s...