Second Chance

Capítulo 14 - Le Castellet (França)

Charles

O último GP antes das férias de verão estava com um clima diferente. O acidente que sofri na última corrida ainda rondava minha mente, me deixando nervoso e eu tinha certeza que isso iria me afetar.

Só tive mais certeza ainda que o acidente ainda me assombrava quando senti o motor do meu carro ligar. Faltavam poucos minutos para a largada ser dada, quando ouvi a voz dela pelo rádio.

- Oi. - Emi estava com a voz suave e tranquila - Eu sei que você ainda está pensando naquele acidente e, acredite, também estou com medo por você. - ela fez uma pausa e respirou fundo - Você é um piloto incrível e vai superar isso, só precisa se concentrar na pista e em mais nada.

- Eu amei todo esse discurso, de verdade. - um sorriso se formava em meu rosto - Mas como conseguiu um canal para falar comigo?

- Vantagens de ser filha de Toto Wolff e ter o sangue dele correndo em minha veias, mon chéri. - a sentir rir de leve e aquilo aliviou o nó que estava no meu estômago.

- Merci, ma belle. - respondi e antes que ela pudesse desligar completei - Consegue voltar caso algo dê errado?

- Você vai ter que convencer o seu engenheiro. - eu poderia apostar minha Ferrari de que ela havia dado uma piscadela - Boa corrida e não ultrapasse o Hamilton.

- Com certeza eu vou. - disse aos risos - Só me faz um favor? - seu silêncio soou como um prossiga - Fale mais francês, sua voz fica sexy.

- Charles, se concentra na corrida. - Emi falou rindo e desligando o seu rádio.

Me despedi de Emi e foi o suficiente para a contagem da largada começar. Tive um início de corrida ótimo, mas parece que muitos carros estavam tendo problemas. Os da Red Bull pararam e logo depois perdi o controle do meu, dando com tudo na barreira de proteção.

Apesar do medo, meu carro não pegou fogo, mas uma onda de raiva e frustração tomou conta de todo o meu corpo. A voz do meu engenheiro no meu ouvido estava me deixando mais nervosos ainda e, quando o escutei perguntar se eu estava bem, minha resposta foi um belo de "não" em forma de grito.

Depois de sair do carro, descontar minha raiva socando ele e jogando meu volante ao longe, fui para o QG da Ferrari.

Fui direto para os fundos, onde ficavam todas as caixas de viagem. Lá era um lugar calmo e só quem eu realmente queria que me encontra-se, saberia que eu estaria lá e não demorou muito para que ela chegasse.

- Eu recebi uma bronca e fui ameaçada de ser demitida pelo meu pai, então, por favor, me dê valor. - Emi disse se posicionando na minha frente.

- Sempre dou. - falei de forma curta, ainda estava irritado com tudo.

- Não vim aqui para saber como você está. - a loira começou falar se posicionando entre minhas pernas, já que eu estava sentado em uma das caixas - Eu sei como você está e não te culpo, de verdade. Mas... - a vi fazer uma pausa e fixar seu olhar no meu - É normal cometermos erros, Charles. Todo mundo erra e isso não te faz ruim.

- Mas é frustrante. - apoiei minha mãos em seus ombros, a buscando de alguma forma - Eu só queria ganhar isso.

- E vai. - sua voz era firme, tentava me passar confiança, como sempre fazia - Você ainda vai ganhar muitas corridas e temporadas, mas você precisa ter calma. - uma de suas mãos pousou na minha perna - Charles, quando eu te disse que você é o meu piloto favorito, não disse isso porque você é meu amigo, mas sim porque você é um piloto incrível. Começa a acreditar mais em você.

- Você acreditando, já basta. - minha mão se encontrava acariciando o rosto de Emi - Eu só preciso de você, Emilly.

Seus olhos estavam concentrados nos meus. Meu corpo se locomoveu e sai de cima da caixa, apoiando minhas costas nela. Manti minha mão no rosto de Emi, enquanto a outra foi para sua cintura, fazendo nossos corpos se juntarem. Permaneciamos com os olhos grudados um no outro, cada vez mais próximos, cada vez mais juntos.

- Já surtou, senhor Char... - Pierre apareceu e paralisou assim que nos viu - Excuse, eu não sabia que vocês estavam tendo um, momento?

- Eu só vim acalmar a fera. - Emi respondeu se afastando depressa, me causando dor pela ausência do seu corpo grudado ao meu.

- Você sempre consegue. - Gasly se aproximou - Aproveitando que a senhorita está aqui, Ibiza?

- É sério? - Emi adorava meu amigo, mas nunca confiou muito nele quando o assunto era diversão, ainda mais quando ele estava solteiro - Quem vai?

- Eu. - o francês disse, como se isso bastasse para convencer a Wolff.

- Você sabe que precisa mais do que isso. - falei aos risos, ao mesmo tempo que consegui me aproximar de Emi novamente, tocando nossos braços que estavam cruzados na altura do peito e a senti tensionar assim que nossas peles se tocaram.

- Ok. - Pierre se rendeu e começou a listar quem iria - Yuki, Mick, Max e Kelly, Checo. Não faz essa cara. - ele falou apontando para Emi, que fez uma careca ao ouvir o nome do mexicano.

- Mas ele é casado e você sequer falou o nome da mulher dele. - Emi praticamente guspi suas palavras.

- Eu chamei, ele aceitou. Simples. - Gasly riu ao ver a loira revirar os olhos - Continuando: Lando, Stroll, Daniel e Heidi, Lewis, Carlos e, claro, George Russell.

- Engraçadinho. - Emi disse aos risos por causa do tom de voz que o francês havia falado o nome do último piloto - Serei a única mulher?

- Eu já cuidei disso. - senti a mão do meu amigo repousar sobre meu ombro - Se depender de mim, nem euzinho aqui volta solteiro dessa viagem.

- Isso seria um milagre. - falei tirando a mão dele do meu ombro - Vamos, loup-garou, vai ser incrível e você precisa estar presente.

- Loup-garou? - Pierre indagou - Só porque o sobrenome dela é Wolff e ela é filha do Lobão? Achei fofo.

- Já percebi que não tenho outra opção. Eu vou. - eu não sabia que precisa ouvir isso, até ouvir, a julgar pela onda de felicidade, em forma de eletricidade, que percorreu todo o meu corpo - Mas com uma condição. - Pierre concentrou toda sua atenção à Emi - Posso levar uma amiga?

- Que amiga? - perguntei, também concentrando toda a minha atenção nela.

- A futura amada de Carlos. - a loira disse com um sorrido de criança levada no rosto.

- Depois é de mim que vocês tem medo. - Pierre falou brincando e para provocar nossa amiga.

Pierre ficou mais meia hora falando de como seria a nossa viagem. Qual iate iria pegar, hotel, baladas e tudo que tínhamos direito. Até que finalmente ele foi embora e nos deixou sozinho novamente.

- Por favor, não desista de ir. - falei assim que percebi que não havia mais ninguém por perto - Eu não vou aguentar esse cara sozinho não.

- Ele é seu amigo. - ela me respondeu ao risos e logo seu celular tocou - Preciso voltar.

- Obrigado por ter vindo, foi importante. - antes que Emi fosse embora, ela depositou um beijo na minha bochecha, longo e aconchegante.

A vi indo embora e fiquei ali, paralisado. Era impressão minha ou tínhamos quase nos beijado?

Permaneci refletindo sobre o que quase poderia ter acontecido entre mim e Emi, principalmente, sobre o fato que eu esperava que isso se concretizasse o mais rápido possível. Não estava suportando mais o fato de amá-la e não conseguir falar, não estar perto dela, de não gritar para o mundo que sou inteiramente dela. Que sempre fui, na verdade.