Capítulo 11 - Monte Carlo (Mônaco)

462 28 2
                                    

Emilly

Assistir à um GP pela televisão depois de tanto tempo estava me deixando agoniada.

A Mercedes havia me dado algumas semanas de folga para eu me recuperar do acidente, que ainda amaldiçoava minha mente todas as noites antes de dormir. Eu tinha memórias vagas, mas o que não saia da minha cabeça era Charles, entrando no meio do fogo para ir atrás de mim e me salvar.

Por alguma força divina, a única coisa que aconteceu comigo foi um braço quebrado e nada mais. Se eu tivesse ficado lá e esperado o resgate, segundo os médicos, eu teria tido mais complicações.

Charles foi meu herói e não posso negar que isso me deixa feliz. Tinha que ser ele a me salvar. Mas também não podia deixar de lado o que esse ato de heroísmo fez com os sentimentos que tenho por ele, se antes já era uma grande interrogação, agora é um grande mistério, que nem Sherlock Holmes conseguiria desvendar.

- Como você está? - foi a primeira coisa que Charles e Daniel perguntaram assim que atendi a vídeo chamada deles.

- Eu estou bem, meninos. - estava cansada de responder isso todas as vezes que meu pai me ligava e que recebia mensagem de algum amigo - É sério, vocês não precisam se preocupar tanto assim. Eu só estou com um braço quebrado. - disse erguendo o braço engessado.

- Minha casa está confortável? - Daniel tinha cedido sua casa para que eu ficasse nesse meio tempo.

- Ela ótima, thanks. - viro a câmera para minha amiga ao meu lado - E com Heidi do meu lado, as coisas ficam mais fáceis. Tirando o fato de que Susie e Dona Pascale aparecem a cada meia hora, está tudo ótimo.

- Minha mãe ficou preocupada com você. - a voz de Charles parecia ter um tom preocupação e vinha assim desde que acordei no hospital - Arthur manda mensagem para ela a cada cinco minutos.

- E você também. - Daniel rebate - Porque sabe que se mandar para Emi, ela vai se irritar. - todos nós rimos, o australiano tinha esse dom mesmo que involuntário.

- Olha, eu estou ótima, de verdade. - fiz questão de confirmar mais uma vez a minha situação - Mas agora vocês tem que se concentrar na corrida e arrasarem.

Nos despedimos e logo depois vimos eles se posicionando no grid do GP do Canadá. Meu coração estava apertado, eu queria estar lá com a minha equipe, com meus amigos, com meu pai e com Charles.

A corrida foi acirrada entre Mercedes, Ferrari e Red Bull, mas, graças ao meu pai, Lewis conquistou mais um vitória para nossa equipe, enquanto Charles nem ao pódio tinha subido, ficou em quinto lugar e Daniel logo atrás dele.

Eu estava me sentindo culpada pelo resultado dos meu amigos. Nem mesmo George, o senhor constância, conseguiu pódio nesse GP.

- Por que está com essa cara? - Heidi perguntou assim que me viu encostar a cabeça no sofá - Isso não é sua culpa. - minha amiga afirmou apontando para a Tv.

- Mas sabemos que os dois estavam extremamente preocupados. - minha voz saiu baixa e desanimada.

Heidi tentou me animar, mas em vão. Sei que não poderia estar assim, mas eu sabia que os dois estava preocupados comigo, pois eu ficaria da mesma forma se um deles estivessem passado pelo o que passei.

- Mon cher, como você está hoje? - Dona Pascale, mãe de Charles, disse assim que viu sentada no sofá.

- Com os cuidados da senhora, melhor impossível. - respondi dando um pequeno sorriso - Obrigada por estar cuidando de mim, de verdade.

- Que isso, ma belle. Você é como uma filha para mim. - a senti acariciar meu braço bom - Mas queria que fosse minha nora. - a vi piscar e cai na risada.

- Eu e Charles somos apenas amigos e nada mais. - falei ainda aos risos, mas Pascale sequer fingiu acreditar.

Um silêncio tomou conta do ambiente e foi interrompido pela chegada de Daniel e Charles. Eles haviam pegado um jatinho, junto ao meu pai, assim que a corrida havia acabado e conseguiram chegar antes do jantar no mesmo dia, um tempo record.

- Como nossa menina está? - meu pai disse assim que viu sentada no sofá

- Ótima e não aguento mais essa atenção toda. - disse me levantando e praticamente correndo dos braços do meu pai - Por favor, me tratem como uma pessoa normal. Eu estou bem e isso aqui não é nada demais. - mostrei meu braço engessado, mostrando que eu estava ótima.

- Emi, você ficou no meio de um incêndio, todo mundo achou que não tinha salvação. - Daniel estava sério, sentado ao lado de Heidi.

- Eu sei, mas... - fiz uma pausa e olhei para meu pai - Desculpa.

Me retirei da sala e fui para o quarto de visitas na casa de Daniel, mas, assim que me sentei na cadeira que tinha na varanda, ouvi a porta abrir. Não precisei olhar para trás, pois Charles chegou ao meu lado em segundos.

- Olha, eu sei que você odeia todo esse tratamento especial, mas achamos que tínhamos te perdido. - sua mão encontrou a minha assim que se agachou à minha frente - Eu achei. Te ver encolhida no chão no meio daquele fogo me machucou.

- Charles. - apertei sua mão de forma leve - Todo vez antes de dormir eu volto para aquele momento. O fogo tomando conta daquele lugar e eu desesperada procurando alguma coisa para me proteger. Foi sorte eu ter encontrado aquele macacão. Eu achei que ia morrer e minha única reação foi me encolher e esperar o pior, mas... - erguia sua cabeça em minha direção, pois ele olhava para nossas mãos unidas - Você apareceu e me salvou. Arriscou sua vida por mim e sou eternamente grata por isso. Mas se vocês continuarem me trata assim, eu nunca vou esquecer aquele dia de merda e vou continuar tendo os pesadelos.

- Emi... - sua voz era suave - Eu faria isso novamente, quantas vezes fosse preciso. Você é importante para todos nós e isso nos faz agir desse jeito. - senti uma de suas mãos colocar uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha - Você vai superar isso e eu vou estar junto com você. Bom, todos nós.

- Eu sei disso. - encostei nossas testa, ter nossos corpos se tocando me acalmava - Só quero que me tratem de forma normal, me sinto frágil com esse tratamento exagerado.

Charles me prometeu que iria conversar com todos e até que funcionou, mas não para meu pai. Ele continuou me tratando como se eu fosse uma pedra valiosa, mas isso era coisa dele já, sempre me tratou assim, mas não te forma tão exagerada assim.

De resto, Daniel permanecia com sua piadinhas e apaixonada por Heidi, enquanto ela se encantava cada vez mais pelo australiano. Charles corria para meu quarto todas as vezes que eu tinha um pesadelo e cuidava de mim, só saia quando tinha certeza que eu já estava dormindo. George não parava de me mandar mensagem, confirmando se eu estava bem.

As semanas seguintes foram tranquilas, tirando o fato de meu braço ainda estar engessado, mas pelo menos eu estaria de volta as pistas no próximo GP e isso me animava a seguir.

Second ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora