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Chuva.

Estava chovendo quando George desceu do táxi. Fria e fraca a chuva caía. Um vento gelado bate contra ele se misturando ao barulho do trânsito movimentado.

George se apressa para pegar a mala no porta-malas e o motorista sai cantando pneu assim que ele termina. Americanos.

Um voo de oito horas o havia trazido até aqui.

Hotel Ian Paul d'Claire.

7th Avenida, 880. Central Park.

Nova York.

O hotel se estendia em frente a George. Ele põe a mala no chão, as rodas deixariam um rastro do lado de dentro, mas ele não ligava, só queria sair da chuva.

Uma senhora equilibrando um cachorro de colo e um guarda-chuva preto demora uma eternidade para passar pelas portas giratórias.

George estava atrasado.

Seu voo saiu com uma hora de atraso e por conta do mal tempo, ou seja lá o que, eles ficaram uns vinte minutos só dando voltas no ar antes de finalmente pousarem a merda do avião. O que quer dizer que ele passou as últimas oito horas cercado de crianças barulhentas e adultos cansados quase desistindo da vida, presos na porcaria de uma lata de metal com asas, que se assemelharia bastante com uma lata de sardinha se ela também pudesse voar.

Ele era um desses adultos cansados quase desistindo da vida, pensando em como seria caso o avião caísse.

George odiava voar.

Imaginar o avião caindo não ajudava muito.

Então ele tentou dormir.

Não deu certo.

Em algum ponto ele só cedeu e voltou a criar os cenários catastróficos na cabeça: uma das turbinas pegando fogo, as máscaras de oxigênio penduradas e eles em queda livre. Porque era assim que a sua mente perturbada funcionava e imaginar a morte era um bom passatempo.

George estava atrasado, era para ele ter chegado há umas duas horas atrás. Tempo suficiente para fazer o check-in, tomar um banho e cochilar um pouco. Como ele era soturno, tudo isso teria que ficar para depois.

Ele tinha avisado a Sapnap que chegaria mais tarde do que o previsto quando ainda estava em Heathrow e uma voz anunciou nos alto-falantes que o voo atrasaria.

Nick disse que tudo bem.

Eles tinham contratado este hotel para realizar o casamento. Aparentemente aconteciam várias cerimônias ali, os convidados dos noivos podiam ficar hospedados na data do casamento, que acontecia lá mesmo. Eles tinham algumas áreas reservadas para isso, alguns locais bons para fotos, George tinha visto no Google.

Assim que cruza as portas giratórias ele dá de cara com um salão cheio de gente, pessoas por todo lado carregando bagagens ou guarda-chuvas e casacos molhados. Havia um lustre pendurado no centro acima de uma mesa, o piso de mármore refletia o brilho dele. De um lado, alguns pares de poltronas e sofás ficavam de frente para uma lareira, próximo dos elevadores, algumas pessoas se sentavam perto do fogo para se aquecer. Do outro lado ficava um balcão, funcionários atendiam os hóspedes, faziam check-in, indicavam os quartos.

George se dirige até o balcão, havia uma pequena fila. Atrasado, cansado, com fome, molhado, como ele amava a América.

A fila anda e ele para em frente a uma moça de cabelos loiros arrumados em um coque.

Ele abre a bolsa que estava pendurada no ombro e procura os documentos.

— Uma reserva no nome de George Davidson.

Nova YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora