As chamas que se apagam

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Era noite, estava mais frio que o normal, a menina estava esparramada no chão da casa de rengoku, ele lhe deu a chave, já que na última vez ela basicamente quebrou seu telhado para entrar.

Ela tentou dormir ali, mas claramente não conseguia, algo estava errado, a casa estava tão gélida que lhe deu um mau pressentimento, não sabia por que seu coração estava tão apertado.

Quando ela sentiu a presença atrás de si não raciocinou muito para perceber, as mecha loiras avermelhadas nas pontos, os olhos vermelhos e o sorriso gentil em seus lábios, rengoku tinha chegado de sua missão ou talvez fosse só sua cabeça lhe pregando peça pela sua insônia.

- kyou kun você voltou ?  - ela perguntou retoricamente, não sentia o calor dele, mas a figura a sua frente era tão real que não poderia ser uma miragem e nem mesmo uma alucinação.

- tamashi, eu quero dizer uma coisa antes de ir... - ela virou a cabeça não entendendo, onde ele iria ? Se ele havia acabado de voltar da missão, se ela não estivesse enganada era algo haver com um trem - ... eu estava apaixonado por você - antes que a menina pudesse raciocinar suas palavras o homem pegou seu rosto acariciando suas bochechas pálidas e selou seus lábios, mas estava frio o toque era gelado, parecia totalmente errado.

Rengoku era quente, até mesmo sua fala aquecia o ambiente, então por que estava está tão frio ?, quando se deu conta o homem estava desaparecendo pouco a pouco ele foi embora e quando os pontos finalmente ligaram as lágrimas não paravam de cair ao perceber que não era o homem, mas sim o espírito dele. 

Kyou morreu.......

Essas duas palavras se repetiam em sua mente, o choque parecia não passar, ela até pensou que aquilo poderia ser um pesadelo

- espero que possamos nos encontrar na próxima vida - ele disse antes de desaparecer como o fogo que se apaga 

- o'que ? - foi nesse momento que ela tentou agarrá-lo, mas tudo que conseguiu foi o nada, pelo menos kyoujuro se despediu, mas isso a quebrou definitivamente, nunca mais sentiria seu  calor, seu abraço, seu carinho, nem ao menos as palavras brincalhona e energéticas ouviria mais.

Quem a abraçaria quando estivesse dormindo ? Quem seria seu porto seguro ? Quem a entenderia e acreditaria nela agora ? Quem a cobriria quando estivesse em colapso ? 

- você poderia ter dito isso quando estava vivo - se lamentou enquanto olhava para o lugar em que seu amado desapareceu.

 Ele era mais que seu amado, era seu amigo, seu companheiro. Ele a entendia. Ele sabia da verdade e não achava uma aberração.

Foi nesse momento em que as almas tomaram conta da casa do homem, tudo que ela poderia fazer era chorar e tapar os ouvidos e implorar para que as maldades ditas pelas almas parecessem. 

"Que decepção!! Ele era fraco ! Mais um pilar derrotado, vocês são todos iguais, Quanto mais vamos ter que esperar ?! Faça alguma coisa !! Você pode nos ouvir, nos sabemos disso Você não pode se esconder para sempre "

-  Não !!! Calem a boca ! E o'que vocês fazem ?! Ficam nos atormentando todos os dias apenas para ter o que querem !!! Suas egoístas- ela gritou para os espíritos que cada vez gritavam mais e mais alto, se a queda de uma lua era ruim a de um pilar era 3 vezes pior 
No próximo dia ela estava no chão ainda da casa do seu falecido amigo, ela tinha que ir para a residência  oficial da família para dar seus pêsames. 

Mas não tinha nem mesmo ânimo para se levantar, sendo forçada pelo único resquício de sanidade que ainda tinha dentro do seu ser, caminhou para fora
Apenas para ser recebida com a luz do dia, mas não era um dia ensolarado e sim nublado, as nuvens estavam carregadas e a qualquer momento iria cair a chuva. 

Olhos para o além - Kimetsu No YaibaOnde histórias criam vida. Descubra agora