Capítulo 22

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Eu me sentia dormente. Já não conseguia mais chorar, ou gritar se quer tinha forças para falar.
Tudo se passou numa espécie de câmera lenta, a entrevista da polícia, a perícia do legista que confirmou que ela foi torturada, o enterro.
Já haviam se passado quase dois meses depois disso e eu ainda não havia conseguido reagir, tinha emagrecido, mal falava com James. Ele também ficou arrasado com a morte, mas não sentiu por tanto tempo quanto eu.
A sua inocência de criança ainda não era capaz de compreender o peso disso.
Jhon tentava incansavelmente me animar, havia chamado três psicólogos para tentarem falar comigo mas nenhum teve sucesso. Ele se deitava comigo toda noite e me abraçava forte enquanto em meu torpos eu nem conseguia corresponder seu gesto.
A culpa e a raiva preenchiam minha mente, culpa por ter enfiado ela nesse meu Mundo e raiva de Clyde por me deixar em paz, por me tirar a pouca felicidade que eu conquistei nesses anos.

Acordo para mais um dia querendo não abrir meus olhos, vejo no relógio que já são 10 horas da manhã. Tem uma bandeja de café da manhã em cima do criado mudo que eu ignoro. Apenas sigo para o banheiro para tomar banho, encho a banheira com água gelada e mergulho no frio que chega a fazer meu músculo doer.
Fico cerca de uma hora na banheira perdida nos meus pensamentos e quando estou saindo do banheiro sinto uma dor na ponta da barriga.
É forte e faz com que eu me curve apoiando minha mão na parede para me manter em pé. Quando olho para baixo vejo linhas de sangue descerem pelas minhas pernas até o chão.
Eu não menstruo há anos, faço controle de natalidade que é obrigatório na minha profissão. Algo está muito errado
Tento dar mais um passo e dessa vez a dor é tão forte que caio no chão de joelhos.
Quando tento buscar forças para gritar por ajuda tudo fica preto e meus braços cedem.



Ouço um bip irritante. E sinto algo apertar minha mão, tento abrir meus olhos mas sinto dificuldade devido a claridade.
Quando enfim consigo focar minha vista vejo Jhon ao meu lado segurando minha mão 
- Ola- ele diz e percebo seu cansaço
Eu estou acabando com ele, minha dor está destruindo-o. Sua barba está por fazer e tem olheiras em seus olhos
- O que aconteceu?- pergunto e minha voz sai fraca
- Fique calma, o médico já está vindo
- Me fale o que está acontecendo comigo Jhon
-Você teve um principio de aborto- ele diz baixo
- Impossível, eu tenho controle de natalidade
- Não é impossível ao que parece- nesse momento um médico entra no quarto
-Boa noite senhora, que bom que acordou 
- Eu estava grávida?- pergunto sem rodeios
- Não- suspiro aliviada percebendo que Jhon havia entendido errado- a senhora está grávida, de três meses e meio
-Oque? Impossível doutor
- Nenhum método contraceptivo é cem por cento eficaz Senhora. Fizemos alguns exames iniciais que indicaram que a sua gravidez pode ser um pouco trabalhosa pelo menos até o sexto mês. E...
-Pode nos dar um minuto doutor? Ela ainda não esta muito bem e oque o senhor falar não será bem absorvido - Jhon fala
- É claro, vou lhes dar o tempo necessário- o médico se retira do quarto
O silêncio que invade o quarto é desconfortável
- Teremos que ter cuidado agora, voce esta subnutrida. Terá que voltar a se alimentar bem
- Isso não é surreal para voce ? -pergunto
-Sim, mas também não é o fim do Mundo. Quando Karen me ligou dizendo que você tinha desmaiado e estava a caminho do hospital fiquei desesperado, o médico demorou a dar notícias suas fiquei preocupado e pensando em mil possibilidades. Um bebê nem sequer passou pela minha mente, mas é melhor do que as outras coisas que eu estava pensando
- Quer que eu vá embora? Já crio um filho sozinha, posso criar dois - ele fecha a cara e percebo pelo seu olhar que o magoei
- É isso que pensa de mim? Que sou o tipo de homem que abandona uma mulher com duas crianças?
Não respondo apenas nego com a cabeça
- Parece que toda vez que estou no fundo do poço fico gravida- dou um meio sorriso- Chega a ser engraçado
- Eu estava lendo, cha de alcacuz diminui o efeito do anticoncepcional...
- Aquelas duas safadinhas tinham que criar esse bebê então, vou deixa- lo numa certinha em frente ao quarto delas
Ele ri das minhas palavras e vem até mim
- Você não estará sozinha Mary, vou te ajudar com nossos filhos- e eu como uma boa idiota começo a chorar com suas palavras
- Filhos?
- Sim! Filhos- choro ainda mais e estendo minha mão quando ele a segura puxo-o para um abraço
- Obrigada por isso! - mas lembro de tudo- teremos que ter mais cuidado agora, se Clyde souber enlouquecerá de vez
-Conto com isso- ele diz com raiva- Eu estou mais perto dele do que ele imagina, parece que ele não esta muito acostumado a ser caçado de verdade pelo visto, é infantil e deixa muitos rastros
- Tome cuidado por favor, se eu perder você também não vou conseguir sobreviver
- Tudo vai terminar bem, eu e você vamos ficar bem.- ele se curva e me dá um beijo profundo
-Quero ver Iames, me traga meu filho. Preciso contar pra ele que foi promovido a irmão mais velho







" Capitulo curtinho mas está aí!!!
Bom fim de semana pessoal

Beijos"

Mrs Prazer e Suas Loucuras (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora