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*ESSA HISTÓRIA SE PASSA DURANTE E DEPOIS DOS ACONTECIMENTOS DA 4° TEMPORADA DE STRANGER THINGS* 

Chloe.

Entro na Casa Creel, ela parece um lar quando você a vê por dentro, mas sei que isso é só ele mexendo com a minha cabeça. Assim como quando o vejo, agora eu sei que o rosto angelical que ele pinta na minha mente é só um truque, uma cortina de fumaça para a verdadeira imagem dele.

Peter está sentado na ponta da mesa, não sei mais como chama-lo, não sei como me referir a ele.

-Que bom que você apareceu para o jantar. -Ele sorri. É tão cínico que dói só de ver. Um rosto bonito como o dele não deveria ser capaz de reproduzir tanta falsidade.

-Eu não tive outra escolha. -Faço cara feia para os pratos em cima da mesa. Fora dessa ilusão, a refeição não passa de carne podre com larvas.

-Você sempre tem escolha aqui, Chloe. -Ele levanta graciosamente da cadeira e vem até mim.

-Então por que isso parece uma prisão?

-Não é. Eu te deixo andar por aí, eu não reclamo de você dormir agarrada com aquele travesseiro na casa dos Harringtons. Qual é o nome do garoto mesmo? Steve, não é? -Ele debocha. -Uma pena ele não lembrar de você.

-Eu não me importo. -Minto. Perto dele eu sempre pareço uma criança mimada que precisa de atenção, sempre pareço estar fazendo birra.

-Nós podemos fazer um acordo. -Ele segura meu rosto nas mãos, eu agradeço mentalmente por ele manter a ilusão do rosto bonito, mas me arrepio ao sentir a pele dele em contato com a minha, as garras marcando minhas bochechas.

-O que você quer?

-Eu te dou uma companhia, o que acha?

-Se for a sua, eu dispenso.

-Não, eu não tenho tempo para as suas bobeiras sentimentais.

-Gostar das pessoas e sentir falta delas não é bobeira sentimental, Peter. Você deveria tentar, sabe?

-Para a sua sorte, eu gosto de você. E eu senti sua falta. Olha onde você está agora. -Ele ri, o som parece tão errado quanto chutar filhotinhos de gato. -Vai aceitar meu acordo?

-Você não disse o que quer em troca.

-Só preciso de um pouco de energia. -Peter segura meu pulso. -Você pode me emprestar um pouco?

-Estou fraca.

-Esqueci que você precisa de algum daqueles garotos miseráveis para te energizar. -Ele gargalha, eu me encolho ao som e fecho os olhos com força.

Sinto o chão sob os meus pés tremerem, então a ilusão muda e vejo Steve com Brenda. Ele sorri e a beija, as mãos segurando a cintura dela, do jeito que ele costumava fazer comigo. Eu desvio o olhar e Peter muda a ilusão, vejo Eddie na floresta, Chrissy está com ele. Ela ri de alguma bobeira que ele falou, tem folhas no cabelo dele. Está tão lindo que dói. E ele volta para Steve, volta para as mãos dele tocando todo o corpo de Brenda. E dói também. Dói. Tudo dói. Aperto o pulso de Peter e ele drena todas as minhas forças. Tudo começa a ficar escuro, ele me envia uma ilusão, mas não é exatamente uma ilusão. Vejo todas as memórias de Billy Hargrove, pego toda a essência, ouço a voz dele na minha cabeça gritando meu nome.

To win a war II Onde histórias criam vida. Descubra agora