Antes da tempestade

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Este capítulo deveria ter vindo ontem :( mas eu realmente ando tão esgotada que decidi caminhar com o livro com ainda mais calma do que o habitual - até porque este capítulo é a reintrodução do universo de Azzurro, incluindo as boas conversas das meninas, e um plot twist no final.

Sejam bem-vindas a Azzurro outra vez!

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A Igreja Basílica de Santa Cecília tornou-se, nos últimos anos, o cenário de grandes momentos da monarquia azzurrina. O comentado enlace do rei Leon IV com sua eleita, rainha Carmen; além dos batizados de cada filho nascido daquela relação frutífera, eram comentados com riqueza de detalhes pela mídia.

Exceto pelo escrutínio dos jornais republicanos, o povo era encantado por sua família real, que a cada dia, representava a diversidade cultural e étnica de Azzurro, um arquipélago com quatro ilhas – Aragón, Siracusa, Axum e Virginia – cuja composição era formada por ancestrais espanhóis, italianos e etíopes. E o casamento que boa parte da população veria na TV era um exemplo desse fortalecimento da imagem da família, e como ela se projetava para o mundo.

Naquela manhã, a igreja lotada era o reflexo de mais uma bela história de amor testemunhada não apenas pelos convidados seletos, como o povo do lado de fora da basílica e a imprensa – que se deliciava com as manchetes. "Cinderela, Segunda Parte", dizia o Diário Azzurrino; "Um dos mais belos finais felizes" foi a manchete do Notícias do Amanhã; "Salvo pelo amor de uma princesa do povo" no Notícias de Azzurro; e "Coração Real", com a imagem do primeiro beijo do novo casal de príncipes da família real azzurrina, estampava a capa d'O Observador.

A história do príncipe Bruno, conde de Calábria, que deixou a bebida e as farras para se casar com a mulher amada, Dolores Escobar, tímida e gentil em seu tratar e amada pelos mais jovens por seu pendor literário, quebrou recordes de audiência durante a exibição do casamento, ao vivo para todo o país. Ouviam-se gritos de alegria com a entrada da rainha, Carmen, acompanhada pelo jovem conde de Peruggia, Giuseppe León, enquanto a irmã mais nova da rainha, Elena Calieri, uma das madrinhas do casamento, surgiu muito sorridente ao lado do conde de Virginia, nada menos do que seu melhor amigo Max.

As outras madrinhas do casamento eram a condessa de Santa Cecília, Francesca Benitez, juntamente com o conde de Santa Cecília, deputado Oscar Benitez, padrinho; e Eulalia Bergen, acompanhada pelo elegante Rafael Fontini, duque de Siracusa.

- Já perdi as contas de quantos casamentos eu fui madrinha, Tua Grazia...

- Faça como eu, signorina Bergen: anote em um caderno, especialmente quando chegarem os afilhados.

A jovem estava vestida com esmero e leveza, distintas de seu estilo mais "grunge" – um vestido floral em tons de verde, vermelho, laranja e amarelo, de alças finas e decote quadrado, a cintura marcada e descendo a saia em camadas estilo princesa, a parte de baixo toda em verde feito de organza e saltos baixos, já que ela não era muito partidária dos saltos altos. Os cabelos cacheados estavam em um coque deliberadamente frouxo, o penteado produzido por uma cabeleireira badalada da corte. A maquiagem era leve: sombras no mesmo tom amarronzado que combinava com sua pele negra, delineador finíssimo para destacar os olhos amendoados, blush leve que deixava Eulalia com um ar fresco e leve, e o único destaque era o batom vermelho. Eulália era uma das convidadas mais belas do casamento.

Não deixou seu lado "rebelde" de lado – apesar dos brincos discretos e imperceptíveis na orelha, a jovem optou por uma choker de pérola com uma pedra de quartzo rosa em formato de coração no centro.

Foi justamente a choker que a babá usou como disfarce para evitar a massiva revirada de olhos e a expressão enfadada com as palavras de Rafael Fontini, que poderiam soar um problema diante de milhões de pessoas na TV. Optou por um sorriso cristalizado no rosto, dizendo entredentes:

A Duquesa (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora