Capítulo 18 - A sós

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O trabalho foi gigantesco para o dente-de-sabre. Precisou levar os dois aprendizes para o hospital para serem examinados: uma por estar ferida e o outro por ter desmaiado. Como não acompanhou todo o processo, tinha que ter certeza de que o seu aprendiz não tinha nenhum inseto dentro do corpo. Depois, teve o trabalho de chamar magos, policiais, delegados e toda a burocracia para que interditassem aquela área, fechassem os portais e eliminassem as criaturas.

As redes de notícias foram ligeiras em espalhar as notícias de portais abertos embaixo da cidade, convocando criaturas que devorariam os cérebros e o sugariam o sangue com um canudo. As estações de rádio pararam de transmitir as músicas dos grandes cantores do momento para anunciar o que chamaram de "O laboratório de outro mundo". Nas televisões quadradas, os jornalistas apresentavam as imagens sem cores do que conseguiram gravar, apresentando ao país os experimentos de um médico louco.

Levou os dois aprendizes ao hospital da escola de magia, pois — depois do que viu — não confiava no hospital da cidade. Tomou como estadia os quartos de hóspedes na escola de magia enquanto aguardou a recuperação dos dois aprendizes.

Como era de se esperar, Crisôncio acordou rápido, no entanto, continuou de repouso para os magos médicos realizarem os exames necessários e confirmar que não havia nada dentro do jovem lobo-guará. O mesmo aconteceu com a lontra. Só que, no caso dela, precisou ser enfaixada devido as feridas.

Enquanto vagou pela cidade, ouvindo o que os residentes falavam sobre o evento do hospital, seu aprendiz começou uma amizade com um urso-polar que trabalhava como enfermeiro mágico. Não demorou para essa amizade se desenrolar em uma relação mais íntima. No entanto, isso não mudou o que Crisôncio sentia pelo dente-de-sabre e Milo não podia culpa-lo por querer satisfazer os desejos enquanto estava fora.

A lontra precisou de um bom tempo de recuperação. Mais que isso, precisaria de uma recuperação emocional depois da perda de sua mestra. Perder alguém próximo é como perder uma perna. Patrícia era muito próxima de sua mestra, sentia-se uma filha perto de sua mestra.

A investigação que fizeram no hospital, abriu muitas perguntas na mente da lontra, deixando-a inquieta e sendo necessário que outros magos fizessem o acompanhamento dela para que a lontra não fizesse qualquer bobagem.

Milo e Crisôncio fizeram o caminho de volta à casa de banhos, onde relaxaram os corpos rígidos nas águas quentes de uma banheira, junto com mais outros machos. O dente-de-sabre notou que os olhos do lobo-guará famintos por um leite masculino — e esse leite era o dele.

Não posso negar isso a ele, pensou. Chamou o seu aprendiz para um banho privado onde poderia conversar com ele sem ser interrompido — e não apenas isso.

Entraram na sala privativa, onde a água morna da banheira distorcia o ar com o vapor aquecido. Sentaram-se no banco de madeira ao lado. O membro do jovem aflorando pelo desejo que escondia com a mão e fazia-o parecer uma criança escondendo suas partes quando chega uma visita em casa em hora inoportuna.

— Estamos a sós — o dente-de-sabre estava com a voz relaxada, tal como seu corpo, no entanto, ele queria realizar outro relaxamento.

— Tenho algumas dúvidas.

— Pois expresse.

— Como o senhor aprendeu magia? — o jovem estava curioso e o brilho em seus olhos denunciava isso. Contudo, ao ver do felino, a pergunta serviu para amenizar a excitação que sentia.

Milo contou-lhe um pouco de sua história e o jovem ficou surpreso em descobrir que o felino tinha pouco mais de oitenta anos.

— Oitenta e sete — corrigiu-se.

As aventuras do Dente-de-Sabre: Portas de outros mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora