Capítulo 15 - Estudos

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Durante o tempo em que ficaram na cidade, Milo procurou algo que desse dinheiro e que fosse simples para testar as habilidades de Crisôncio, no entanto, essa opção estava fora do alcance.

Realizou missões menos difíceis, mas deixou o rapaz de lado, apenas observando e informou-o que não estava pronto para fazer aquilo. Pensou no caso de ser pego por alguém da Ordem da Magia e ter seu aprendiz recolhido.

A cada final de trabalho, o dente-de-sabre questionava a seu aprendiz o que havia aprendido com aquilo. O canídeo se demorava na procura da resposta, formulando-a em sua mente e utilizando as palavras cuidadosamente, como se respondesse a um avaliador. Milo gostou daquilo, pois seria importante futuramente.

Depois de alguns dias realizando trabalhos, encontrou alguns que poderia realizar junto com o lobo-guará. Não eram trabalhos complexos para Milo, já para Crisôncio era mais complicado. Primeiro, o dente-de-sabre realizava o feitiço lentamente para que o canídeo pudesse repetir em seguida. O jovem conseguia repetir os movimentos e executar o feitiço.

Para começar, tinha que procurar por uma pessoa desaparecida. Como a polícia estava ocupada demais resolvendo crimes maiores, eles se ocuparam da tarefa. Pegaram uma autorização na delegacia para realizar tal atividade e, além disso, foram-lhe entregues uma lista de atividades inconclusivas que poderiam resolver.

— Mas a polícia nos deixa resolver esses crimes simples assim? — questionou Crisôncio.

— Não! É necessário ter uma especialidade de detetive ou similar — explicou Milo.

— Para isso tem que entrar para a polícia, não tem?

— Não necessariamente — continuou. — Como temos que investigar certas coisas, se torna um estudo obrigatório e ganhamos a carta de autonomia da polícia.

— Mas não é valido para todos os crimes, ou é?

— Podemos trabalhar autonomamente em desaparecimentos e crimes menores. No entanto, crimes maiores, precisamos estar acompanhados da polícia.

A pessoa que estavam procurando estava desaparecida há três semanas. As suspeitas era de que estava morta, segundo a polícia, e não conseguiam encontrar o corpo. Já a família, tinha esperança de que a pessoa estivesse viva.

— Se encontrarmos a pessoa viva, fizemos bem. Se a encontrarmos morta, fica nas mãos da polícia.

— E se a encontrarmos amarrada embaixo de um porão?

— Fica nas mãos da polícia — respondeu.

— E se estiver presa por meios mágicos?

— Nesse caso, fica nas nossas. Mais alguma pergunta?

Crisôncio executou o feitiço que Milo lhe ensinou. Tinha os objetos pessoais do desaparecido e o rosto em mente. Viu uma sala com muitos móveis bonitos, uma sala de jantar pequena, um prato com comida e a pessoa desaparecido comendo calmamente. Era uma fêmea e ela estava tranquila. Não parecia ter sido sequestrada. Era uma bela capivara se alimentando. Contudo, o cheiro fez o lobo-guará franzir o focinho de nojo. Olhou melhor para o prato e viu carne crua apodrecida dentro do prato. Mais alguém entrou na sala de jantar e questionou a capivara se ela queria mais. E ela respondeu que sim.

Olhou para a janela e viu prédios conhecidos. Além da janela, conseguiu ver ruas conhecidas, viu um número na porta de entrada e uma placa que informava o nome da rua.

Saiu daquela cidade havia um tempo. Lentamente, suas visões foram desaparecendo, dando lugar a uma sala de estar, mãe e filho pequeno esperando no sofá por uma resposta, e seu mestre ao lado, aguardo o resultado.

As aventuras do Dente-de-Sabre: Portas de outros mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora