Capítulo 14 - Contrato

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Crisôncio voltou à chalana para trocar suas roupas e lobo e dente-de-sabre adentraram à cidade até os correios.

— O senhor já não recebeu as mensagens? — questionou o lobo-guará, confuso.

— Não são as mesmas cartas — respondeu o felino.

O estabelecimento estava cheio e eles esperaram sentados para ser atendidos. Ao chegar ao balcão, Milo informou seu nome e a hiena gorducha do outro lado pediu para esperarem. Levantou-se de sua cadeira, caminhou até a porta logo atrás e desapareceu por um tempo. Quando voltou, trouxe um bolo de cartas e deixou-a sobre o balcão.

O canídeo ficou boquiaberto ao ver tantos papéis amarrados por uma linha. O felino assinou o papel de confirmou da retirada de suas cartas, pegou-as e eles saíram.

Antes de perguntar qualquer coisa, Milo entregou-lhe as cartas e pediu para ver o assunto de cada uma.

— Essa é do Mestre Lucas.

— Outra!

— Mestra Juliene.

— Outra!

— Conta de água.

— Você pode ignorar todas as contas.

O lobo-guará continuou avançando pelas cartas. — Portal na zona leste.

— Abre! Dependendo do tipo de portal, vale à pena.

O lobo-guará obedeceu e leu a carta. Conforme foi lendo, descobriram que um portal foi aberto em uma subestação de energia ao sul, próximo da divisa da cidade. Milo refletiu um momento e perguntou ao lobo-guará qual era a data da carta.

— Mês passado — respondeu.

— Poderíamos ter ganhado umas boas dunas — comentou. — Quais são as outras?

Havia portais, pessoas desaparecidas, lugares amaldiçoados e fantasmas vingativos. Milo informou a Crisôncio que pegariam alguns casos para colocarem em prática os aprendizados.

— Quando? — o lobo-guará ficou curioso.

— Na graduação vermelha ou na especialista — informou. — O que levaria... dois anos, talvez três se você for lerdo.

— Você levou quanto tempo?

— Quatro — respondeu. — Eu era o mais lerdo da turma. No entanto, do tempo em que tenho minha graduação de Mestre, posso decidir ter um aprendiz exclusivo.

— Quer dizer que não vou precisar frequentar a escola de magia? — aquilo estava animando Crisôncio, que exibia um largo sorriso no rosto.

— Não — confirmou. — Porém, vai receber uma série de exercícios e provas. Vai ter que entrega-los a mim dentro de prazos — Milo continuou falando e o sorriso de Crisôncio foi desaparecendo. — Você tem algumas dunas para sobreviver. Mas, se não conseguir um trabalho que pague bem, elas vão acabar bem rápido.

Caminharam até uma escola de magia e o lobo-guará ficou com os olhos brilhando de animação. Milo se divertia com a animação do canídeo, era como um pai levando o filho a uma loja de doces. Uma senhora abriu o portão da escola, ouviu o que Milo tinha a dizer e os deixou entrar. Eles caminharam pela escola com a senhora loba tomando a dianteira.

A escola, mesmo que pequena, possuía condições suficientes para que os alunos daquela graduação realizassem seus feitiços. Crisôncio viu-os praticando no pátio e parou algumas vezes durante a caminhada, o que fez o felino pega-lo pelo braço e o levasse adiante.

Onde estavam indo? Não importava muito. O lobo-guará viu pelas portas das salas os alunos estudando e praticando, seja feitiços menores, seja runas, que o deixaram admirado e com o coração pulsando de animação para aprender.

As aventuras do Dente-de-Sabre: Portas de outros mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora