Rafa Kalimann | Point Of View
Magoada, essa é a única palavra que me define no atual momento em que me encontro. Ouvir aquelas acusações vindas do meu pai me quebrou, porque de todas as pessoas possíveis que eu poderia imaginar ouvir aquelas palavras, eu jamais imaginaria que fossem vir dele.
Não vou ser hipócrita dizendo que desde que me separei não estive com outras pessoas, e sim quando digo pessoas eu quero dizer que desde de que me separei tive alguns encontros com homens e mulheres. Nada muito significativo que tenha passado de alguns beijos ou uma foda de uma noite em um hotel, até porque eu não queria complicar ainda mais a minha vida aparecendo com um namorado ou namorada.
Já, indo para o aeroporto, Otto ia na frente junto com um de seus seguranças guiando o carro e Gizelly ao meu lado e estamos conversando sobre a convenção.
– Rafaella, eu queria lhe pedir um favor. – Otto se virou pra me olhar.
– Pode pedir se tiver ao meu alcance, eu o farei.
– Queria que nesses quatro dias que vocês ficarão em Miami, por favor fique de olho em Gizelly. Porque se descuidarmos ela vive comendo besteiras ou fazendo aquela dieta fitness comendo ovo e frango, e se deixar também ela só come banana e esquece que precisa de outras coisas. – Otto gesticulava e no canto vi Gizelly mortificada.
– Pai! - Ela exclamou indignada.
– Estou falando a verdade, então Rafaella, se não for abuso, monte o prato dela e corte a carne para ela. Isso é muito importante, Gizelly corta o dedo mas não corta a carne direito, e faz uma lambança. – Quem estava chocada agora era eu. – E por último tente confirmar se ela está tomando banho, porque quando ela malha fica igual chernobyl. – Apertei meus lábios um no outro para conter a vontade de rir.
– Pelo amor de Deus Pai, que vergonha! Eu tomo banho sim, agora a Rafaella vai achar que além de não saber comer eu sou uma fedorenta. – Ela cruzou os braços irritada.
– Eu estou apenas pedindo para ela ficar de olho em você. – Otto se defendeu. - Sabe que sua mãe fica preocupada quando você viaja por tanto tempo...
– São apenas quatro dias, pai!
– Tudo bem Otto, eu posso fazer tudo que você pediu. Passe meu número para Márcia caso ela queira me passar alguma recomendação a mais, não vou deixar a bebê de vocês passar fome ou sair fedida. – Brinquei e Otto gargalhou, então não aguentei e ri junto com ele.
– Sei que não será difícil já que Gizelly deve equivaler a dois Yudis... – Ele falou risonho e Gizelly soltou um som aguado.
– Que absurdo pai, eu não sou um bebê. - Parei de rir porque Gizelly já estava vermelha de raiva.
– Tudo bem eu e a Rafaella vamos parar de fazer boleng com você...
– É o quê? - Gizelly perguntou rindo.
– Boleng, é quando alguém fica implicando e fazendo chacota com outra pessoa. – Otto explicou e não deu outra, eu e Gizelly rimos como se o mundo fosse acabar.
– É bullying papai. – Gizelly o corrigiu ainda rindo um pouco.
– O que importa é que vocês entenderam...
Meu telefone tocou e logo atendi Ale mas quem falava era meu filho, meu pequeno ligou para se despedir de mim e me lembrar de trazer um presente para ele. Chegamos no aeroporto, e gentilmente Otto levou a minha mala enquanto eu me despedia do meu filho e lhe dava algumas recomendações.
Gizelly já havia feito nosso check-in online, então só precisaríamos despachar as malas e aguardar sentadas nos bancos em frente a área de embarque.
Em menos de trinta minutos nosso voo foi anunciado, nos despedimos de Otto e eu e Gizelly passamos a porta de embarque seguindo para o avião. Nossas poltronas eram uma do lado da outra, eu me sentei na janela e Gizelly no acento que dava para o corredor.
Quando o avião já estava no ar eu sentia a tensão de Gizelly, ela mal me olhava e parecia um pouco retraída comigo. Respeitei o momento dela e peguei meu iPad passando a conferir se tudo estava certo para a minha palestra daqui a dois dias, espiei Gizelly durante alguns momentos ela estava concentrada em algum seriado...
– Boa noite, nós já iremos servir o jantar. Temos três opções que são: salmão acompanhado por purê de batatas, cordeiro acompanhado por nhoque e filé de frango com batatas fritas. – A aeromoça pontuou os pratos para o jantar.
Não era nada muito elaborado já que nossa viagem duraria no máximo três horas, por isso as opções eram simples.
– Vou querer o cordeiro. - Disse para aeromoça.
– Quero mesmo que ela. – Gizelly falou.
A aeromoça saiu após nos perguntar o que gostaríamos de beber, e logo se retirou indo falar com outros passageiros. O Silêncio voltou a reinar entre nós, eu ainda sentia o incômodo dela e a tensão aumenta consideravelmente.
Quando nossa comida chegou arrumamos o suporte para apoiar tudo, olhei de canto para Gizelly já comendo um pouco do nhoque enquanto seus olhos olhavam fixamente para a carne em seu prato.
– Me deixa te ajudar... – Falei me esticando e pegando em suas mãos.
– Não precisa Rafaella, eu sei fazer isso sozinha. – Ela tentou tirar minhas mãos das suas.
– Para com isso Gizelly, eu vi no jantar na sua casa e não vejo nenhum problema nisso. – Falei enquanto conduzia suas mãos para cortar a carne dela.
– Você não me acha uma idiota mimada? – Gizelly me olhava curiosa.
– É apenas um hábito, já te vi digitando e problema motor não é. Acho que seus pais te acostumaram assim, talvez você nem tenha aprendido.
– Marcela dizia que eu era uma mimada que tinha que perder esses hábitos, quando íamos a restaurantes ou a jantares eu tinha que fingir que era vegana. Eu já desisti de tentar fazer isso sozinha. – Ela se referia a cortar a sua carne. – Já é trabalho suficiente ficar vigiando a comida para ela não fazer graça comigo, ter que fazer isso e ainda tentar cortar a carne demora muito. – Ela fez um bico fofo.
– Prontinho. – Soltei a suas mãos. – Me conta isso sobre vigiar a comida. – Falei voltando a comer.
Foi aí que Gizelly passou a me contar sobre a sua teoria de que as comidas não quererem ir para sua boca e acabam pulando na sua roupa, eu comia ouvindo ela falar sobre a sua teoria e hora ou outra eu vigiava ela para ver se não estava fazendo nenhuma lambança.
Confesso que achei fofo esse jeitinho menininha dela, a concentração que ela faz para comer me fez rir disfarçadamente.
Gizelly relaxou depois que eu disse que por mim tudo bem ela ter alguns hábitos diferentes, porque não parou de falar um segundo sequer. Depois da sua teoria mirabolante ela me contou histórias e mais histórias de quando ela vinha passar as férias em Miami com a família, se mostrava muito saudosa desses momentos me explicando que depois que se casou com Marcela a vida dela mudou completamente.
Nós não entramos no assunto sobre o casamento dela, porque o avião pousou e logo desembarcamos no aeroporto de Miami. Gizelly fez questão de levar as nossas malas, chamamos um uber para nos levar a casa de praia dos Bicalho e durante o trajeto nós avisamos as nossas famílias que já estávamos em Miami e que estava tudo bem.
—--------
Essa viagem promete! 😏
Até a próxima 😘
VOCÊ ESTÁ LENDO
Shameless (Girafa)
FanfictionGizelly Bicalho acaba de sofrer uma grande desilusão na sua vida, com a descoberta da traição de sua esposa. Envergonhada e revoltada com toda situação, ela conhece o furacão chamado Rafaella Kalimann. Italiana sangue quente, Rafaella Kalimann vai v...