Shameless (Girafa)

Capítulo 36

⚠️ Por favor, vejam o aviso no final e opinem ⚠️

Genilda Kalimann | Point Of View

Eu me encarava atravez do espelho e não me reconhecia, minha mente tentava ligar a imagem ao que sou. Minha pele branca estava tomada por um hematoma do lado direito, as olheiras profundas e o inchaço me deixavam irreconhecível.

Não conseguia acreditar no rumo caótico que a minha vida e a da minha família havia tomado. Pessei noites em claro tentando entender onde foi que eu errei, o que eu fiz de tão errado para receber tudo isso em troca.

Eu nunca imaginei que Sebastião fosse capaz de tantas atrocidades, eu não podia aceitar que o homem que eu sempre amei e admirei, se tornou um monstro. Um homem preconceituoso, amargo e capaz de agredir a esposa e a filha grávida.

Chorei novamente, mas dessa vez um choro de raiva e frustração.

– Mamma... – Olhei para trás e Manu me olhava com pesar.

– Oi meu amor, não se preocupe. – Falei enquanto enxugava meu rosto.

– Eu sinto muito, não queria que as coisas fossem desta forma. – Minha filha tinha um grande pesar em sua voz.

– Tudo isso vai passar, mamma. – Manu falou com tranquilidade.

– Vai sim amor, eu prometo.

Abracei minha menina e nos balancei como eu costumava a fazer quando ela era pequena, tentando nos acalmar. Manu tem sido uma guerreira, a gravidez dela em meio a essa turbulência toda ainda sim é saudável. Esse é um dos poucos motivos que eu tenho para agradecer!

Consegui levar minha filha para o quarto dela, desde o acontecido eu venho ficando aqui. Aos poucos consegui fazer ela dormir e descansar um pouco, mesmo que ela tenha motivos para se preocupar, ainda sim precisa cuidar dela e principalmente do bebê.

– Sogra, está tudo bem? – Eu estava terminando de cobrir Manu, olhei para trás vi Júlio.

– Está sim, consegui fazê-la descansar, estava apenas esperando você. – Expliquei. – Eu vou com Gelda em casa, preciso organizar minhas coisas.

Júlio e eu saímos do quarto para não acordar Manu, paramos na porta e meu genro me avaliava cuidadosamente.

– A senhora está certa disso? - Ele perguntou.

– Estou sim, acho melhor eu ir para o apartamento de Rafaella. Aquela casa vai ser muito grande só para mim, sem contar com as memórias que eu quero esquecer.

– Tudo bem, leve seguranças com vocês.

Júlio me abraçou rapidamente, desci encontrando minha irmã lendo um livro tranquilamente. Não demoramos muito para seguir até o local que eu queria a todo custo evitar, e mentalmente eu torcia para que Sebastião não estivesse em casa, para não tornar as coisas ainda mais difíceis.

Quando o segurança estacionou em frente a minha casa, um arrepio ruim passou pelo meu corpo.

– Vai ficar tudo bem, ele nunca mais vai machucar você ou as meninas. – Gelda segurou minha mão.

– Obrigada por estar aqui. – Olhei para minha irmã.

– Sempre juntas, lembra? - Concordei.

O trajeto até em casa foi feito em silêncio, Gelda sabia como tudo isso é extremamente delicado para mim. Internamente eu torcia para não encontrar Sebastião, só de imaginar ter ele perto de mim novamente, meu corpo gela.