Gizelly Bicalho | Point Of View
Livre! Eu finalmente estava livre, e não tem melhor sensação do que saber que agora eu sou livre para ser quem eu sou sem precisar me preocupar com outras pessoas. Destiny Child e a santa Beyonce estavam mais do que certas ao dizer: não existe nenhum outro sentimento como ser livre.
Longe de Marcela e de toda mentira e toxicidade que nosso casamento havia se tornado, eu já estava farta de toda exposição, todos aqueles eventos chatos que ela me obrigava a ir e ser simpática, sem contar nas milhares de fotos e status que ela postava da nossa vida a duas.
Ela me obrigava a me vestir como ela queria, me fazia comer como e o que ela queria e me tratava como um robô para seguir suas regras fielmente. Nosso casamento mais parecia em um negócio ou uma adestradora cuidando da sua cadela, eu era a cadela obviamente. Que se eu conseguisse cumprir tudo que ela estipulava, era premiada com um sexo sem graça com movimentos também pré estipulados.
Vendo agora com mais lucidez, esse nunca foi o tipo de amor e relacionamento que eu cresci vendo através de meus pais, tudo que eu vivi foi um relacionamento a base de ordens aonde deixei de ser feliz e me acomodei achando que tudo não passava de uma crise conjugal.
Desci as escadas do fórum quase saltitando de tanta felicidade, os papéis da separação em mãos e agora tudo que eu precisava fazer era enviar a cópia de Marcela.
A única coisa que me deixa um pouco intrigada, tem sido a maneira como estou encarando toda essa situação. Normalmente quando vejo casos de traição ou divórcio no trabalho, noto que sempre tem uma das partes que está mais quebrada e ferida por toda a situação. E por isso eu vejo que o amor que pensava que sentia por Marcela, nunca passou de apego ou comodismo da minha parte. Porque tudo que eu senti desde o fatídico dia foi meu ego ferido por ter sido traída e isso está sendo esfregado na minha cara, e um profundo alívio porque só ali eu notei que Marcela nunca foi a mulher que eu amei. Ela fingiu ser alguém que não era e só depois de casadas, que ela mostrou o que realmente era.
Dirigi até uma das padarias do minha cunhada, onde marcamos de tomar um café da tarde com Bianca, Mari, ela e a minha irmã. Todos estavam chocados com o fim repentino do meu casamento. Ontem conversei por alto sobre o assunto com Juliette, mas era óbvio que todos iriam querer saber detalhadamente sobre o que aconteceu.
Durante o trajeto eu ponderei se deveria contar a verdade ao menos para elas, não sei ao certo se me faria bem guardar tudo para mim sem ter com quem dividir. Mas pensando por um outro lado, Bianca e Juliette não se aguentariam e certamente iriam atrás da minha ex esposa e a esfolaria viva.
– Oi Gizelly. - Sarah me abraçou assim que passei pela porta do seu estabelecimento.
– Tudo bem cunhada? - Perguntei sorridente.
– Tudo ótimo Gi, pode ir entrando a Bia e a Mari estão no mesmo lugar de sempre esperando. - Sarah falou apontando com a cabeça. - Vou buscar a Ju porque ela está sem conseguir um uber e a essa hora pegar um taxi é um inferno. - Ele explicou e eu concordei.
- Tudo bem Sarah, estaremos esperando. - Falei e logo ele partiu.
Caminhei calmamente pela padaria observando o grande fluxo de pessoas no estabelecimento, subi para o segundo piso aonde haviam várias mesas espalhadas e no mesmo lugar de sempre o meu casal preferido estava lá.
– Boa tarde. - Desejei me aproximando das duas mulheres que tomavam suco e conversavam.
- Oi Gi. - Mari foi a primeira a se levantar e me abraçar forte. – Você está bem? - Ela me encarava com cuidado.
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Shameless (Girafa)
FanfictionGizelly Bicalho acaba de sofrer uma grande desilusão na sua vida, com a descoberta da traição de sua esposa. Envergonhada e revoltada com toda situação, ela conhece o furacão chamado Rafaella Kalimann. Italiana sangue quente, Rafaella Kalimann vai v...