Capítulo 35

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Gizelly Bicalho | Point Of View


A espera pode matar você. Você toma uma decisão, e aí o mundo muda. As consequências escorrem por suas mãos. Há apenas uma coisa que parece clara naqueles momentos de silêncio enquanto você espera: seja lá o que você escolheu, foi a escolha errada.

Nós apenas queremos sobreviver a tempestade. Nós oramos, por favor Deus, apenas me leve para o outro lado. Nós nunca imaginamos o que vai ser até o momento em que chegamos lá. E se quando a tempestade passar, nada restar?

Desde o momento em que me sentei nessa sala de espera, minha mente fica vagando nos milhares de desfechos para essa situação de merda. A culpa me massacrava a cada segundo que eu pensava, como seria se eu não tivesse contato a Rafaella sobre o que Sebastião havia feito?

Mas de qualquer maneira, a merda já está feita. Agora tudo que resta é um borrão, onde minha mulher e meus filhos correm o risco de não saírem disso com vida. E a culpa jamais deixaria de pesar sobre meus ombros, tornando impossível sobreviver a tudo isso.

– Minha filha... – Meu pai segurou minha mão e me fez olhar em sua direção.

– A culpa é minha pai. – Falei em meio a soluços.

– Não fale assim meu amor. - Ele me puxou para um abraço.

Desabei nos braços do meu pai, sentindo todo o peso e a tristeza que foi ver Rafaella desmaiada em meus braços. O terror que vivi durante o percurso que fizemos de carro até chegarmos aqui, e ver minha mulher ser levada em uma maca para longe de mim.

Chorei de raiva porque Sebastião colocou a vida de Rafaella e dos nossos filhos em risco. Graças a Deus que Yudi havia ido para o andar de cima com Júlio e ele não viu nada, porque só de imaginar que ele poderia ter presenciado tudo e isso desencadear uma crise asmática seria mais um desastre.

Quando finalmente me acalmei, meu pai pegou água para mim. Minha mãe se aproximou agitada, se sentou ao meu lado e me abraçou apertado.

– Alejandro pegou Yudi com Manu, graças a Deus conseguimos despistar. – Minha mãe explicou.

Quando Rafaella desmaiou, meu pai e eu carregamos ela para o carro e nós dois a trouxemos em tempo recorde para o hospital.

– Manu e Mari foram para casa de Juliette e vão ficar por lá, a obstetra delas achou melhor que elas tomassem um calmante para não causar ainda mais nervoso nelas. – Fiquei mais aliviada, as duas também estão em um momento delicado e não podem passar por momentos como esses.

– E Genilda? – Meu pai perguntou.

Minha mãe contou o que Genilda narrou enquanto eles aguardavam Ale buscar Yudi, minha raiva por Sebastião triplicou ao saber que ele teve a coragem de bater na filha grávida e na própria esposa. Mas fiquei tranquila por saber que os seguranças tiraram ele lá de casa, antes que ele pudesse causar mais problemas.

– Júlio e Bianca levaram Genilda para delegacia, mesmo muito abalada e preocupada com Rafaella ela entendeu a gravidade dos atos de Sebastião e foi denunciá-lo.

– Qualquer coisa nós temos as filmagens das câmeras no escritório. - Meu pai falou.

Como no escritório é onde fica o cofre principal da casa dos meus pais, ele mantém câmeras de vigilância no cômodo.

– Eu mandei o chefe da segurança pegar as imagens e entregar para Júlio. – Minha mãe disse gesticulando.

Antes que eu pudesse falar algo uma das internas da obstetra de Rafaella se aproximou, eu me levantei rapidamente.

Shameless (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora