Liberdade para Sempre

Capítulo 01 - Kauane Martinez Araújo

Kauane, uma jovem recém-formada em direito, com 21 anos de idade. Originária do Rio de Janeiro/RJ, A primogênita compartilha seu lar na Barra da Tijuca com sua mãe Aline, pai Alisson, irmão Pedro e avô Paulo. Apesar da revelação de sua orientação sexual, assumindo-se lésbica, Kauane sempre desfrutou de um sólido relacionamento com sua família, que a apoiou integralmente.

A paixão de Kauane pela advocacia se destaca, e ela está aproveitando o momento pós-formatura para explorar sua recém-iniciada carreira. Enfrentando desafios em relacionamentos passados, a jovem advogada almeja realizar dois grandes sonhos: estabelecer seu próprio escritório de advocacia e construir uma família ao lado da pessoa ideal.

Entretanto, por trás dessa vida aparentemente comum, Kauane guarda um segredo compartilhado apenas com seu avô Paulo.

Flashback ON

13 anos atrás...

P.O.V Narradora

Era o auge das férias de verão. Kauane, então uma jovem de 8 anos, encontrava-se no seu quarto, imersa em sua brincadeira predileta com a casinha de bonecas. A solidão a envolvia, pois suas amigas de escola estavam viajando, e seus pais, imersos em seus compromissos, mal conseguiam dedicar-lhe atenção. Isso, é claro, não por falta de intenção. Desde os 5 anos, Kauane clamava aos seus pais por um irmãozinho para aliviar sua solidão. No entanto, a resposta era sempre a mesma: a falta de tempo para cuidar de mais uma criança. 

Enquanto isso, seu avô, Paulo, passava seus dias em casa, entre assistir televisão e, ocasionalmente, sair para uma volta pela região, sempre trazendo consigo um agrado para sua neta. Em um desses dias, com seu avô fora fazendo compras, Kauane permanecia em casa brincando com sua boneca Ayla. Repentinamente, uma voz distante rompeu o silêncio.

— Ei! — Chama uma voz desconhecida.

— Olá? Tem alguém aí? — Kauane, assustada, vasculhava o quarto em busca da origem da voz.

— Estou aqui... — A voz responde mais uma vez.

— Quem é você? Onde está? — Kauane, já em cima da cama abraçada à sua boneca, pergunta com temor.

— Sou Gabriel. Estou na sua mente.

— Eu não te conheço. Como você está na minha mente? APAREÇA! — Ela exclama, lágrimas já brotando em seus olhos.

A calma foi instaurada quando um garoto de olhos claros e cabelos loiros apareceu diante dela, abraçando uma bola de futebol com um sorriso.

— Como você entrou? O que faz aqui? — pergunta Kauane, ainda assustada, enquanto encarava o garoto.

— Eu não estou vivo, infelizmente já morri. — Gabriel, com tristeza, revela. — Você consegue me ver e me ouvir! É a segunda pessoa que consigo conversar normalmente.

— Mentiroso! Se você estivesse morto eu não estaria te vendo. — afirma irritada.

— Tenta me tocar então... — Sugere, aproximando-se dela. Ela se encolhe assustada. — Ei, calma! Não vou te fazer mal, apenas quero ser seu amigo.

Kauane, vencendo seu medo aos poucos, aproximou-se para tocar Gabriel, falhando miseravelmente. Sua mão atravessou o corpo do menino.

— M-mas como? Isso não é p-possível. — ela diz nervosa.