Capítulo 11 - À Beira da Liberdade

32 5 19
                                    

P.O.V Narradora

A vida após a morte é um mistério que nos intriga desde tempos imemoriais. É como se estivéssemos na beira de um abismo, olhando para o desconhecido além do horizonte da existência. Pensamos em nossas vidas cotidianas, seguindo rotinas familiares e profissionais, nos apegando a cada pequeno detalhe que compõe nossa realidade. Mas, em um instante, tudo pode mudar, e somos forçados a confrontar a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte.

É estranho pensar que podemos passar anos construindo nossas vidas, acumulando experiências e memórias, apenas para perdê-las em um piscar de olhos. O que levamos conosco no leito de morte? Não os bens materiais que acumulamos, nem as conquistas que alcançamos. A morte nos leva além das fronteiras da existência terrena, para um domínio desconhecido onde nossas almas talvez encontrem paz ou enfrentem um destino ainda mais incerto.

Nesse momento de reflexão sobre a vida e a morte, somos confrontados com perguntas profundas sobre o propósito de nossa existência e o significado de nossa passagem neste mundo. É um convite para explorar os mistérios do além, para contemplar o que nos aguarda além das sombras da mortalidade. E enquanto contemplamos esses enigmas, somos lembrados da precariedade de nossa condição humana e da necessidade de valorizar cada momento que temos neste mundo.

Renato está ali, imponente, com a arma pronta para o ato final. Cada segundo parece se esticar, prolongando o inevitável. Seus olhos transmitem uma mistura de raiva, desespero e a mais pura crueldade. Ele está disposto a levar adiante aquela cena de horror, a extinguir vidas tão jovens e promissoras sem o menor remorso.

Débora sente seu corpo tenso, mas sua mente está em turbilhão. Ela não pode aceitar passivamente o destino que se desenha diante delas. Há uma vida inteira esperando por ela lá fora, sonhos a serem realizados, amores a serem vividos. Como pode tudo se reduzir a isso, a um momento de puro terror?

Enquanto seus pensamentos voam, ela olha para as outras garotas, vendo o medo refletido em seus olhos. Elas não merecem isso. Ninguém merece. E, por um breve instante, ela se vê como uma protetora, uma guardiã da esperança em meio ao caos.

Então, num gesto audacioso e cheio de determinação, Débora se coloca à frente das outras garotas. Seu coração está disparado, mas sua mente está clara. Ela não pode permitir que aquele seja o fim, que suas vidas sejam interrompidas de forma tão brutal e arbitrária.

Com um olhar que transmite coragem e solidariedade, Débora envolve as outras garotas, compartilhando um vínculo silencioso de confiança mútua. Ela sabe que a situação é terrível, que o perigo é real, mas também sabe que juntas têm uma chance. E é com essa convicção que ela se prepara para o próximo passo, determinada a lutar pela vida, pela liberdade, pela esperança.

O ar estava carregado de tensão enquanto Renato, com seu dedo trêmulo prestes a pressionar o gatilho, parecia ser a personificação do perigo iminente, um executor impiedoso pronto para desferir o golpe final.

Mas então, no ápice da tragédia iminente, um grito rasgou o silêncio sufocante da sala. Um grito repleto de determinação, que ecoava como um desafio ao destino sombrio que se apresentava. Débora, impelida por uma coragem que brotava das profundezas de seu ser, lançou-se sobre Renato, sua investida vigorosa desestabilizando-o e arremessando-o ao chão com força.

- AINDA NÃO! - gritou Débora, sua voz ressoando com uma mistura de fúria e coragem, enquanto se lançava sobre o capanga armado, desviando a bala iminente do curso inevitável. - VÃO! VÃO! CORRAM! - ordenou ela, impelindo as outras garotas ao movimento, enquanto chutava a arma para longe, afastando-a do alcance do inimigo ameaçador.

- CORRAM O MÁXIMO QUE PUDEREM! - ecoou a voz de Kauane, um chamado urgente à ação. Em um gesto instintivo de solidariedade, ela agarrou firmemente a mão de Karynne, sua melhor amiga, e, sem hesitar, estendeu a outra mão para Isabela, uma estranha em meio ao caos, mas uma companheira de infortúnio naquele momento desesperador.

Liberdade para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora