Capítulo 7

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 . Já é terça-feira e estamos almoçando os coelhos e o javali quando ouvimos baterem na porta, Nestha é quem se levanta para abrir, vejo ela endireitar as costas quando vê o rosto de quem bateu.

- Boa tarde – ela fala, ríspida.

- Boa tarde, senhorita Archeon, é um prazer revê-la – a voz do homem em que nós investimos antes ecoa, um tom muito alegre – O pai da senhorita está?

. A cadeira de papai se arrasta para trás, ele se apressa com sua bengala até a porta.

- Boa tarde, senhor, é bom revê-lo – papai o cumprimenta.

- Oh, que bom que o senhor está aqui, preciso que venha comigo até a aldeia, é por conta do investimento do senhor – eu estremeço e olho preocupada para Elain, que retorna meu olhar do mesmo modo.

- Veio trazer más notícias? – pergunta Nestha, afiada como sempre.

. Eu deixei meu garfo pousar no prato a minha frente, nervosa, temendo pelo pior, temendo por uma possível dívida que possamos ter adquirido.

- Não, não – ele ri – Fique tranquila, senhorita, na verdade vim informar que o investimento deu ótimos resultados, extraordinários diria eu – olho para Elain, que estava estática olhando para as costas de papai e Nestha.

- E-Então... Quer d-dizer que... – papai gagueja, o homem ri.

- O senhor conseguiu uma grande fortuna, senhor Archeon, vamos até a aldeia pegá-lo – o homem informa.

. Vejo papai se apressar em pegar sua capa e suas botas, saindo rapidamente de casa, a porta batendo atrás dele.

. A casa cai em silêncio mais uma vez, uma fortuna, minha família recuperou a fortuna, não teremos mais que viver aqui, não passaremos mais invernos a beira da inanição, não sentiremos mais frio, vou poder aprender a ler e escrever.

. Eu mal percebi quando uma lágrima escorreu por meu rosto, ainda estava aérea quando senti os braços de Elain me rodearem e suas lágrimas se juntarem as minhas, quase não percebi as mãos de Nestha acariciarem os meus cabelos e os de Elain, muito menos o pequeno sorriso e as lágrimas não derramadas em seus olhos.

. O sol está brilhando.

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. Papai voltou ao anoitecer, um sorriso tão grande que eu jamais havia o visto dar em toda a minha vida, ele nos disse para pegarmos o que quisermos daqui, pois amanhã à tarde nós iríamos nos mudar para o nosso novo lar. Minhas irmãs disseram que não iriam levar nada daqui, eu escolhi levar apenas o arco e as flechas de Feyre, junto ao pingente de sol que comprei antes dela partir e o dinheiro que consegui cantando.

. Jantamos o restante da carne de javali e os coelhos, sem nos importarmos com que sobrasse. Dormimos nossa última noite naquele chalé, minhas irmãs dormiram com seus rostos iluminados de alegria, eu fiquei um bom tempo acordada ainda, apenas olhando para o teto, repassando todas as lembranças que fiz nesse chalé. Vi o momento em que minhas irmãs me contaram quais foram minhas primeiras palavras: "Tata!", significava 'Nestha' para a minha 'eu' bebê, as memórias comigo e Elain cuidando de seu pequeno jardim na primavera, as memórias comigo cantando para a minha família em frente ao fogo da lareira, os afagos de Feyre em meus cabelos nas noites frias que passamos no chalé, os raros abraços que recebi de Nestha. Tudo passou por minha mente, estava tão imersa em minhas memórias que não percebi o sorriso em meu rosto e as lágrimas que caiam do canto dos meus olhos, caindo até minhas orelhas, até agora, nunca parei para perceber o quanto eu fui feliz aqui, apesar da fome, apesar do frio, apesar do medo, eu fui muito feliz nesse chalé.

A Corte de Corações e Diamantes - A Esperança Onde histórias criam vida. Descubra agora