Capítulo 29

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- Por que só posso entendê-los agora?

. Sentei-me em um banco de pedra parcialmente destruído, estamos em uma praça da cidade feita de granito reluzente com uma bela fonte no meio. O lugar já esteve em dias melhores.

- No momento em que entrou no Caldeirão, senhora, seus dons se despertaram – o mais velho dos cinco respondeu.

- E eu não poderia despertá-los... De outra maneira? – perguntei, receosa da resposta.

- A Mãe faz planos que nenhum de nós é capaz de entender – diz de maneira misteriosa – Seu destino já estava escrito antes de ser concebida, Senhora.

. Meu destino condenou os destinos de Elain e Nestha.

. Se eu não tivesse esse coração, se a Mãe não tivesse me escolhido, se eu não tivesse nascido... Talvez minhas irmãs não teriam que sofrer tanto.

- Por que não me trouxeram para Prythian antes? Talvez muitas coisas ruins não tivessem acontecido – Recordo do que me foi contado sobre Amarantha, sobre as provações que minha irmã teve que passar.

- Somos guardiões, nós protegemos, não podemos interferir no destino – responde novamente.

. Eu respiro fundo controlando minha frustração, minha insatisfação.

- Como souberam que sou eu? – fiz a mesma pergunta que fiz a criatura no fundo da biblioteca.

- Toda Prythian a reconhece e a obedece – cruzei os braços e suspirei.

- O que... O que eu devo fazer? – estava perdida, o que eu deveria fazer agora? Descobri parcialmente meus poderes, mas não sei o que fazer com eles.

- Agora? – eu assinto – Deve ir até o centro da criação e reclamar o que é seu por direito – eu franzo as sobrancelhas.

- Onde é o centro da criação? – um dos lobos bufa com impaciência.

- É o lugar onde a Mãe derramou o Caldeirão, Senhora – respondeu a mim.

. Eu pondero, esse lugar, o centro da criação. Deve ser onde Amarantha fez sua Corte, não é? Olho para as colinas, Illyrianos voavam até lá, alguns carregavam os companheiros, aos poucos as tendas eram erguidas no horizonte. Não posso simplesmente segui-los para o Meio. Viro-me para os lobos.

- Vou até o acampamento, descansarei por algum tempo e aviso eles sobre minha partida, em seguida encontro vocês no bosque depois das colinas – disse de forma decidida, o lobo mais velho assente, em seguida um dos mais jovens para ao meu lado.

- Levarei a Senhora em segurança – disse com a voz inexpressiva – Suba.

- Obrigada – agradeço com um sorriso e passo a perna para o outro lado do lobo, seguro seu pelo com cuidado.

- Segure firme – é o único aviso que ele dá antes de disparar para o outro lado de Adriata.

. Coloco meu tronco contra as costas dele e seguro firme em seus pelos, meu cabelo voa com a velocidade em que atravessamos as ruas de Adriata, a visão da batalha é devastadora, já recolheram muitos corpos, mas as ruas continuam manchadas de sangue, o carmim sendo profundamente perturbador.

. À medida que nos aproximamos do acampamento é possível ouvir a movimentação, os passos apressados, as ordens que são bradadas, os feridos que lamentam.

. Ele sobe a colina comigo, parando na entrada do acampamento. Eu desço de suas costas e acaricio o seu pelo, ouço-o ronronar ao meu toque suave, eu sorrio aproveitando o momento antes de enfrentar o acampamento.

A Corte de Corações e Diamantes - A Esperança Onde histórias criam vida. Descubra agora