Capítulo 31

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 . Já era de noite e conseguimos chegar ao meio sem encontrar outros soldados da Invernal. Livramo-nos das roupas pesadas assim que atravessamos a fronteira.

. Lutamos com alguns animais selvagens, mas nada com que não pudéssemos lidar.

. Agora estávamos em meio às folhas e galhos da desconhecida e perigosa floresta do Meio de Prythian. Estávamos em um silêncio absoluto, esperando que algo nos atacasse de surpresa, esperando que uma daquelas criaturas misteriosas do Meio aparecesse e tentasse nos matar, Deuce tinha a expressão dura como granito, Eddie tinha os olhos inquietos e eu tinha as mãos suadas e agitadas, me segurava para não mexer em meu cabelo pelo nervosismo.

. Minha visão feérica permitia que eu enxergasse melhor na penumbra da floresta, ali, até mesmo as árvores pareciam vivas e prestes a nos engolir. Alguns galhos se pareciam com braços esqueléticos, uma toca ou outra parecia com um sorriso macabro, podia sentir o perigo a espreita.

- Para onde vamos agora? – Edward me perguntou, seu tom travesso havia desaparecido assim que atravessamos a divisa.

- Eu não sei... – respondi seguindo em frente.

- Como assim não sabe? – perguntou Deuce incrédulo.

- Não sei – sibilei nervosa.

- Então para onde estamos indo? – tornou a perguntar.

- Para onde eu acho que é a direção certa – respondi olhando ao redor.

. Congelei no lugar, olhando ao redor, procurando a origem daquilo que eu senti.

- O que foi? – Deuce perguntou.

. Estremeci quando realizei onde estava, minha mão foi automaticamente para o punhal em minha cintura.

- Areta... – Eddie começou, eu o interrompi.

- Atrás de nós – sussurrei tão baixo que duvidei que ouvissem, mas vi seus corpos enrijecerem e eles permanecerem parados.

- O que está atrás de nós? – murmurou Eddie.

- Algo... – franzi as sobrancelhas – Algo mortal... Não se virem.

- O que fazemos? – perguntou Deuce em um sussurro.

. Eu respirei fundo pensando no que fazer, quais opções tínhamos? Duvido que seja possível enfrentarmos isso cara a cara, mesmo em três.

- Faz de novo – disse Eddie, eu fiquei confusa e senti meu coração acelerando.

- O que exatamente? – murmurei.

- Aquilo que fez com o urso – dessa vez foi Deuce – Faz de novo.

. Eu respirei fundo, era uma possibilidade.

- Ordeno que não nos ataque – sibilei.

. Uma voz soou em minha mente, uma voz antiga e rouca, como se não bebesse água há muito tempo.

- Tão aguardada Coração de Diamante... – sibilou, puxando o som do 'Ç'. Uma serpente – Pergunto-me qual o gosto do seu sangue... Sangue sagrado... Ungido pela Mãe – eu me arrepiei.

- Se atacar, eu não terei outra escolha a não ser matá-lo – eu avisei, pedindo que ele simplesmente desaparecesse.

. O som de algo se arrastando na grama da floresta, ao nosso redor, nos rondando, nos cercando. Onde estava a cabeça? À direita? À esquerda?

- Já fui punido pela Mãe uma vez... Não tenho nada a perder, criança... Vale à pena se for para provar o sangue ungido pela Mãe – sibilou, minha respiração se prendeu na garganta.

A Corte de Corações e Diamantes - A Esperança Onde histórias criam vida. Descubra agora