A Corte de Corações e Diamantes - A Esperança

Capítulo 19

 . Frio, muito frio.

. Abro os olhos e só encontro a escuridão, eu suspiro cansada, outro pesadelo, me sento e espero pelo momento em que Tamlin, em sua forma de besta, vá aparecer, mas ele não chega. Franzo as sobrancelhas e olho ao redor, é impossível de enxergar aqui, tateio o chão e percebo que estou sentada no que parece ser uma cama de feno, tateio a mim mesma, ainda estou de camisola, o colar já não está em meu pescoço, assim como o anel que Amren me deu. Gemo de dor assim que toco em minha bochecha, dói muito, toco o canto dos meus lábios com a língua, o gosto ferroso preenche minha boca, sangue, tateio perto dos meus olhos e solto um gritinho de dor, com certeza está inchado. Fora isso não sinto nenhuma outra parte do meu corpo doer, só sinto o frio que penetra os meus ossos como agulhas.

. Tateio mais ao meu redor, tentando encontrar algo, conhecer o ambiente em que estou. Ouço o som de metal rangendo, por perto, uma porta se abre no lugar em que estou e a luz de um lampião invade o lugar, tenho que cobrir o rosto com a mão por conta da luz repentina, apenas sinto uma mão me segurar com força pelo braço e me puxar, eu me levanto bamba ainda e sinto outra mão segurar meu outro braço, eu andava sendo apressada por aqueles homens de orelhas pontudas, feéricos.

. Ainda estou desnorteada demais para conseguir olhar melhor o caminho que fazemos, apenas ouço grandes portas sendo abertas e mais luz me cega, eu olho ao redor.

. Sou acordada completamente quando reconheço duas figuras ainda de camisolas assim como eu, Elain aos prantos e Nestha olhando para mim, branca, mortalmente branca.

- Desgraçado – ela sibila para alguém na parede oposta a da porta, olho para onde ela olha. Uma escadaria negra leva até um trono esbranquiçado, um homem estava sentado nele – Ela é uma criança! – O homem ri da fala dela.

- Achei que ficaria feliz em ver sua irmãzinha – ele debocha – Sinta-se orgulhosa, ela deu trabalho aos meus homens – ele faz um sinal com a mão e os homens me puxam mais para perto dele.

. Eu me debato e os homens me puxam com mais força, jogo meu corpo com força em cima do da direita, ele me solta enquanto da alguns passos para trás. Em seguida eu giro e a mão do da esquerda escorrega, disparo em direção as minhas irmãs.

- Nestha! – um outro homem me derruba antes que eu possa chegar até minha irmã.

- Hoho! Que selvagem – zomba o homem no trono, eu o olho com raiva – Entendo agora, o porquê se apaixonou por ela.

. Debato-me mais, mas vejo algo que faz meu estômago gelar e meus olhos marejarem, seus cabelos loiros reluziam na luz opaca daquele salão, seus olhos que tanto amo admirar brilham com uma satisfação fria. Deixei que as lágrimas caíssem quando vi suas orelhas, pontudas, Aron é um feérico.

. Eu me debati com mais força, movida pela incredulidade, eu olhava para Aron com raiva e assombro nos olhos, ele estava sério, não com aquele sorriso de antes, de quando nos encontrávamos as escondidas no bosque e passávamos a noite toda olhando para o céu e conversando, apenas uma seriedade fria como mármore.

- Areta, pare! – a voz de Feyre soa pelo lugar, eu a olho e vejo algo desesperador.

. Azriel estava com uma espécie de lâmina cravada no peito, parecia não conseguir se mover, Cassian estava ao seu lado, o carregando, Rhys e Feyre também estavam ali, ela nos olhava de forma desesperada, assim como Rhys.

- Como... – minha voz falhou, eu me sentia quebrar por dentro, o homem no trono de maneira curta.

- Sua Majestade me enviou para averiguar a situação da muralha – a voz de Aron me estremece, tão fria e sem emoção – Mas acabei conhecendo você, doce Areta – vejo seus olhos brilharem novamente, um lampejo do rapaz por quem eu me apaixonei – Me apaixonei por você, garota do bosque, mas você é mortal –seus olhos escurecem impossivelmente mais, uma melancolia no castanho – Por isso eu implorei a Sua Majestade que fizesse você de cobaia, mas não pensei que você já iria ser.