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Emma

Lucas não se move quando a porta do quarto do Mark é aberta, ele parece uma figura assustadora de filme de terror, apenas a luz do banheiro que escapa da porta entreaberta, enquanto ele está parado em frente à janela.

Uma parte do piso range e é quando ele se vira. Lucas não diz nada, apenas fica ali me olhando e me pergunto se ele consegue me ver mesmo, então se movimenta ao abrir mais da cortina e luz que vem da rua, jorra pra dentro do quarto. É uma linha até mim.

— Oi.

Ele não me responde de volta. Caminha até uma poltrona e apanha sua jaqueta. Lucas estava sem camisa, apenas um jeans preto e coturno em seu corpo.

— Vai embora — ele manda baixo, não por educação ou algo do tipo, Lucas estava falando baixo por fraqueza — Some daqui, caipira — eu ignoro cada uma das suas palavras e caminho até ele.

De perto, só tenho a confirmação. Lucas Miller está como nunca o vi em minha vida. Está longe de ser o cara mimado que tem tudo aos seus pés. Lucas Miller, ali é apenas um humano frágil, quebrado, afundado por suas dores e temores.

— Vamos conversar — digo séria, olhando fundo em seus olhos mais mortos que o normal — Cala a porra da sua boca — falo quando abre a sua boca — Eu trouxe macarrão com queijo — estendo minhas mãos. Antes, passei em um mercadinho vinte quatro horas e usei a cozinha da fraternidade — Então falaremos. Ou só eu falo. Só quero lhe dizer umas coisas e observar outra.

Lucas me olha sem acreditar e é a primeira reação que ele exibe em sua face bonita, mas destruída.

Tudo nele estava assim.

Eu tinha vontade de chorar e me atirar em seus braços, lhe apertar forte e dizer que tudo ficaria bem, mas me seguro. Também tenho vontade de dar uns tapas em seus pais, mesmo que tenha entendido Veronica, em seguida estrangular o filho da puta que o machucou tanto, que trouxe escuridão ao coração e alma de Lucas, então nele, por se deixar contagiar.

Ele se senta na poltrona e come em silêncio, sem olhar em minha direção, encarando seus pés. Pela primeira vez, é ele encarando seus coturnos e não eu.

Eu estaria mentindo se um pedaço ainda que mínimo, em mim não estivesse se sentido vingada por aquilo. Só porque eu havia desenvolvido sentimentos por ele além e ultrapassado o ódio, não queria dizer que havia esquecido aqueles dias infernais, ainda mais que eles não haviam chegado ao fim, agora por um motivo completo e ironicamente, ao contrário.

Meus dias haviam se tornado um inferno por não estar me afundando com Lucas Miller.

Minhas semanas se tornaram uma tortura por não tê-lo por perto.

Eu busco pelo ódio, que antes viria sem esforço algum, completamente natural, porém, não há uma fagulha dele. Ao menos não por desejar Lucas Miller o mais distante possível e sim, por não tê-lo como meu.

Completo e totalmente meu.

— Fala — ele manda um pouco mais energético, eu não acredito que seja pela comida ainda que suspeite que ele não tenha comido nada, o fedor de álcool e cigarro arde pelo quarto. Era só ele tentando voltar a bancar o Lucas Miller de sempre, o maldito badboy e me ter em suas mãos, de novo: não do jeito que quero — Então vaza — diz mais firme, derrubando de propósito o bowl que estava a comida, eu sequer me encolho.

Já passamos dessa fase.

Eu só precisava confirmar o que já sabia.

Lucas Miller não me odeia, é o inverso disso e ele sabe que sou inocente. É apenas ele se protegendo e acredito, que crendo estar fazendo o mesmo por mim.






Nas Mãos Do Badboy - 1º da série Nas Mãos Do Amor {COMPLETA 🔞 - BULLY ROMANCE}Onde histórias criam vida. Descubra agora