Capítulo Um- Boyce

570 66 2
                                    

Estava chovendo muito naquela manhã de quarta-feira. O vidro estava embaçado. A casa tinha o aquecedor ligado.

Deitado na poltrona, com um livro no colo, Draco se servia de chá e escutava ASMR nos fones. O ASMR eram sussurros em palavras motivadoras e calmantes.

Ele vestia um suéter rosa claro, com calças macias e meias nos pés. Empacotado, Draco se viu relaxado e confortável.

Boyce surgiu em sua frente, vestido para sair.

- Preciso ir na livraria. - ele anunciou - Acho que deixei q janela do sótão aberta, deve encharcar as caixas.

Draco olhou para fora.

- Não é seguro sair. Olhe a chuva, está desabando o mundo lá fora.

Draco alisou a barriga e o movimento da mão fez com que Boyce sorrisse. Draco estava grávido de dois meses, tornando ele o homem mais feliz do mundo.

- Não se preocupe, voltarei logo. - ele chegou perto de Draco e o beijou. Alisou a barriga dele, a beijando também. - Vamos ser nós três e uma noite de filme.

- Promete que iremos ver Onde mora o coração?

- Você vai debulhar de chorar novamente. - Boyce pegou os sapatos. - Sempre quando chega na parte que a amiga de Novalee sofre com o parto da filha, você começa a chorar.

- Mas é um filme muito bonito. - Draco justificou. - Ou é esse ou assistiremos Tempo de Despertar.

- Vamos assistir todos. - Boyce amarra os cadarços. - Trarei caldo e alguns quitutes para gente.

O sotaque americano de Boyce ainda era presente. Draco analisou o marido: Barba grande, olhos azuis feito o céu, cabelos castanhos claros e bonitos. Boyce era um dos homens mais bonitos que Draco já vira. Um que saiu de algum programa de TV.

Draco e ele estavam juntos há quase dois anos. Draco tinha 20 anos quando o conheceu. Boyce tinha 28 anos.

Agora, aos 22 anos, Draco carregava o primeiro filho deles. Aos 30 anos, Boyce já sentia vontade de constituir uma família. Já que era órfão e não tinha ninguém.

Um trovão sacudiu o céu e fez com que Draco segurasse a mão de Boyce.

- Por favor, não vá. - ele choramingou. - Não quero você saindo.

- Nada vai acontecer, eu prometo. - Boyce pegou a chave. - Esquente nossa cama.

Draco o beijou novamente, sentindo o sabor de amor que seu esposo tinha.

- Até mais tarde.

Draco o acompanhou até a porta. A casa dele era germinada, colada nas outras casinhas. Draco odiava morar lá, mas Boyce gostava. Esse é um dos principais polos naquela relação.

Boyce era bagunceiro. Draco era organizado.

Boyce adorava dormir o dia todo, quando não estava  trabalhando. Draco gostava de dar aulas, como professor de ensino médio, e corrigia provas enquanto o outro roncava.

Boyce gostava de lanches rápidos. Draco gostava de comidas simples.

O polo era o que fazia ficar belo.

Ele deixou o exemplar de Orgulho e Preconceito na mesa, juntamente com o caderno de anotações, enquanto acompanhava Boyce até a porta. Com mais um beijo, se deixando levar.

Boyce atravessou a chuva. Estava forte demais.

Pegou o carro e acenou para Draco.

- Eu te amo! - Draco gritou.

O carro saiu para a rua. Draco sentou na poltrona, esperando Boyce voltar.

Mas ele nunca mais voltou.



*~~**~~**~~*

Boyce na mídia







Letter&LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora