Capítulo oito - Rotina

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Quando Theo se despediu deles, Ronald e Blaise roubaram dois pedaços de torta de frutas e saíram depois. Agora, eles estavam sozinhos. A noite havia caído.

Em Notting Hill era comum ter feiras aos sábados, ou muito barulho na rua. A comunidade era animada, pois lá vivia um número enorme de descendentes de jamaicanos, ou imigrantes. Havia lojas vintage e antiquários para todos os lados, fazendo de Notting Hill, um lugar único.

Draco escolheu aquele bairro pelo barulho. Ele odiava ter morado em uma vizinhança calada, onde todos dormiam ás oito da noite e pediam silêncio quando uma festa se estendia. Notting Hill era diferente: Artistas, hippies, bêbados, feirantes, músicos e atores ocupavam as ruas quase todos os dias.

Ele comprou a casa pela venda da outra. Quando olhou a casa reformada, estava na época de feiras, então Draco viu Neville, o interesse amoroso de Theo, tocando uma composição dele na rua Portobello Market. Também viu a diversidade cultural entre os artistas e turistas. Havia gostado, pois lembrava-se da faculdade e da república que viveu, antes da vida de casado.

Notting Hill o atraiu. Assim como Harry estava o atraindo.

Quando a noite caiu mais um pouco, o frio bateu no vidro da janela, fazendo Draco vestir um moletom confortável e andar até a cozinha, para se servir de chá. Foi nesse momento que Harry saiu do quarto, apenas de calça de flanela xadrez e descalço. O aquecedor da casa estava em temperatura mínima, mas Harry estava suando.

Ele encontrou Draco enfiar um pedaço de torta na boca e sorriu.

— Não sei como consegue comer tanto.

Draco mastigou lentamente e encarou.

— A gravidez faz coisas inimagináveis.

— Eu estou vendo — Ele se sentou de frente para Draco — Posso tomar um chá também?

— Claro — Draco serviu duas xícaras — É chá de morangos silvestre com um toque de canela.

Eles tomaram em silêncio, até Draco dar uma palavra.

— Estávamos comentando que você era bem misterioso quando chegou aqui.

— Mesmo? — Harry levantou as sobrancelhas. Sou apenas um cara normal.

— Theo nos disse que já foi casado.

Isso fez Harry ficar um tanto abatido.

— É, faz um tempo. Eu tinha 24 anos, havia terminado meu doutorado.

— Quer contar a história?

— Não sei se queira saber. Ela é chata, mas posso resumir para te poupar dos detalhes.

— Conte o que você achar necessário.

— Porque deseja saber?

Draco deu de ombros.

— Estamos dividindo um teto, não estamos?

— É verdade — Harry riu sem graça — Bem... Hm... Eu tinha 23 anos quando eu a conheci. Havia terminado meu doutorado em literatura inglesa com especialização nos grandes romances da Era Elisabetiana. Foi quando eu conheci Sarah Pierre, uma americana que estava de férias em Londres... Ela fazia especialização em Tolstói.

Draco fincou os olhos em Harry, que estava de cabeça baixa.

— Foi ela que me fez mudar para os Estados Unidos. Dizia que o mercado editoral iria me amar por lá, pois os britânicos já tinham Rowling, Tolkien e Lewis... Aquela velha brincadeira de nações. Acabei indo, me mudei com ela para a Carolina do Norte. Ela começou a demonstrar mais do que amizade e a gente... Bem, eu estava sozinho lá e acabei me apaixonando por ela também.

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