23- Coruja manchada

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|Sofia Campbell|

A sensação de que alguém está me vigiando me corrói, não existe mais maneiras de evitar esse medo, essa angustia que faz de tudo para me consumir.

Damon está me surpreendendo, assistindo Harry Potter, começamos do primeiro filme estamos iniciando o segundo agora. Damon não fez uma piadinha e parece realmente ter gostado e se interessar no mesmo.

A cena em que Draco (meu protegido, não vou mentir) rasga uma folha de um dos livros da loja em que a família Weasley compra seus livros, (posso jurar que aquela folha é a mesma que Hermione segura em algumas cenas depois daquela).

Me levanto do sofá tentando não chamar atenção, o que com certeza não da certo.

- Onde vai? - Perguntou o moreno, sua voz percorrendo minha pele como um toque, senti um arrepio me consumindo por inteira.

- Eu vou na cozinha, rapidinho, alguém quer alguma coisa de lá? - Eu necessito de sair dali e respirar, uma falta de ar me domou e me parece que a única forma de fazer com que essa perturbação se vá é ficar só.

Os olhos claros de Damon semicerraram como se estivesse em dúvida. Eu estava nervosa de mais para parecer casual.

- Não, obrigado - Diz Henry me ignorando completamente, assim como eu, ele é completamente viciado em Harry Potter, por mais que hoje, pela primeira vez na vida eu tenha saído no meio de uma seção do menino que sobreviveu.

- É.. não precisa de nada pra gente - Diz duvidoso. Sei como Damon é, sei que estará com a audição aguçada vigiando cada passo meu.

Me movi até a cozinha, passos rápidos, longos e duros, está um pouco só realmente ajudou, mas o mal estar ainda está aqui. Presente em cada inspiração. Dificultando a entrada do oxigênio em meus pulmões.

É difícil respirar, manter minhas pálpebras abertas é um desafio, um gosto desconhecido explora minha boca, gelado, ácido e inexplicável, tudo a minha volta rodava, sede e boca seca, minha cabeça doí, não consigo nem me concentrar em manter minhas pernas firmes e meu corpo em pé.

As vozes, as vozes daquela noite retornou pela primeira vez desde então, elas não eram explícitas ou compreensíveis, várias vozes falando ao mesmo tempo, os meus medos ali, expostos, me fazendo parecer cada vez mais fraca e vulnerável.

- É bonito não é? - A cozinha havia desaparecido, agora eu estava em uma espécie de loft, uma decoração escura baseada em cinza, preto e madeira, aquela voz fria, sombria, conhecida. - É bonito, como um poder que parece tão inofensivo pode destruir qualquer coisa, qualquer um - Sua voz penetra meus ouvidos, me deixando com mais medo, mais apavorada - Eu devo dizer que, de toda a minha vida, você foi minha maior vitória, minha maior conquista. - Enfim ele saiu de trás de mim, me possibilitando ver sua imagem, seu rosto, seus olhos azuis cerúlio pareciam ver minha alma, cada fraqueza, cada desejo, cada momento da minha história, passado, presente e futuro.

- Eu não sou conquista de ninguém, ainda mais de um desconhecido - Não havia expressão alguma em meu rosto, tudo encobrido por uma máscara que até então tinha sua existência desconhecida por mim - Onde estou? - Perguntei sem delongas, não estou curiosa para saber quem é o idiota loiro, a única coisa que quero nesse instante é voltar para minha casa. -Diga, onde eu estou? - Insisti depois de um longo silencio desconfortável e ameaçador.

- Você está onde quero que você esteja. E nunca mais me desrespeite assim. - Afirmou sério.

- Onde estou? - Ignorei sua ameaça silenciosa, permaneci inabalável, ou foi o que pareceu.

História Quebrada- TVDUOnde histórias criam vida. Descubra agora