38- Preservando a memória

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Acredito que essa é minha melhor versão até agora. Todos os registros sobre momentos que já se passaram na minha vida bem na minha frente, praticamente uma vida em minhas mãos.

- Sabe, eu era linda, por que eu cresci? - minha pose para a foto continha o mais belo sorriso, os dentes a mostra e os olhos brilhando mostrando para qualquer um o quão curiosa e pura eu era, a maldade do mundo ainda não me afetava.

- Você ainda é linda - como sempre, minha mãe tenta apaziguar a situação, posso ver seus olhos brilhando pelas lágrimas.

- Não do mesmo jeito, eu tinha uma...forma mais bonita de ver o mundo, eu me sentia mais bonita, me sentia mais eu. - Não sei se existe alguma outra maneira de descrever isso, mas as palavras não parecem suficientes. - De onde você tirou esse álbum?

- Estava guardado, eu só queria ter certeza que você tivesse uma parte nossa com você, pareceu o certo, considerando que você gosta de olhar fotos antigas e ri das histórias de cada uma.

- Fotos como essa - mostro a mesma com uma das sombracelhas levantadas, Lena foi responsável por tirar a foto, eu era o foco naquela foto, o cenário era constituído pelo chão sujo de leite da cozinha, a pia suja de cacau, e para completar eu em uma incrível mistura de farinha e todos os outros ingredientes para um bolo. Minha mãe e eu estávamos fazendo o meu favorito na época até que ela entrou em trabalho de parto e fomos abrigados a ir direto para o hospital

Na primeira vez que Henry me viu eu era uma massa de bolo.

A mala posta em cima da cama, praticamente cheia denuncia a data que se aproxima, deixando cada morador da casa emotivo e retrospectivo.

A visita de Chloe não se repetiu, seus planos não se iniciaram ainda e está tudo muito calmo, bem mesmo o cão se guarda da mesma apareceu.

Essa é minha última semana antes de ir para New Orleans, decidi ir um pouco mais cedo para participar de alguns eventos da cidade. Tudo parecia tão mais vivo quando se tratava de New Orleans. O som da campainha soa pela casa, minha mãe estranha, assim como eu já que não estamos esperando ninguém.

- Devemos atender? - minha mãe pergunta colocando uma das minhas blusas já dobradas dentro da minha mala.

- Não sei, acho melhor não - observando meu próprio estado, realmente não sei se posso ser vista por qualquer um desse jeito, qualquer um que seja minimamente civilizado me veria como uma espécie de animal selvagem. Meu cabelo preso em um coque bagunçado que foi feito pela manhã, mas agora já era quase noite e eu tinha tirado uma soneca durante a tarde, então acredito que seja imaginável o estado do mesmo, meus olhos um pouco inchados de sono ainda e a roupa mais antiga do meu armário, uma blusa comprada para momentos como esse, estampada com o personagem piupiu dizendo "subi no palco pra fazer striptease" o animal amarelo estava um pouco abaixado simulando um rebolado e com a calça desabotoada. A peça alcança meu joelho, não uso nenhuma espécie de sapato, meia ou nem mesmo chinelo. Meus acessórios são definidos apenas pelo colar que já não o tiro há muito tempo e uma tiara verde água impedindo que os fios desordenados caiam em meus olhos.

Considerando que minha mãe está vestida da mesma maneira mudando apenas a cor da tiara para preto e a blusa cumprida tendo a estampa da banda ac/dc.

A campainha volta a tocar. Meu celular também.

"Sou eu" meus olhos se arregalam, sei que não posso fingir não estar em casa, ele sabe.

- Eu vou atender, se você quiser colocar uma calça, ou um short, ou prender o cabelo, só tem tempo de fazer um deles antes que Elijah entre - informei.

Descendo as escadas soltei meu cabelo e voltei a prendê-lo em seguida, quando terminei de ajeitar a tiara já estava de frente com a porta, tendo a visão de sua perfeita estatura, suas mãos perfeitamente cuidadas dentro de seus bolsos de alta costura.

História Quebrada- TVDUOnde histórias criam vida. Descubra agora