Juliana é uma jovem moça de vida apática e vazia. Reduziu-se ao apartamento em Lisboa, às novelas brasileiras e ao futebol do Sporting CP. Vive para um passado mal resolvido registrado, não somente em sua memória, mas também através dos versos de um...
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Lembro-me como se fosse hoje, saudosista, de minha mãe. Era definitivamente a melhor pessoa que conhecera, todavia, reduzida a uma vida de merda. Eu amava Anastácia de forma descomunal e não podia ter tido mãe melhor na vida. Sempre carinhosa e compreensiva, ela me tratava como uma princesa. Mesmo pobre e pouco estudada amava sua simplicidade de ser. Como me arrependo de não a ter contado sobre Samanta. Se estivesse aqui hoje, teria para com ela um belo dedo de prosa. Se seu espírito tornasse à vida, certamente a contaria todos os meus sentimentos e segredos ocultos. Mas, como não acredito em espíritos, resta-me a solidão.
Na altura, era novembro de 2016. Tudo estava certo para minha colação de grau no Ensino Médio e, mesmo sem dinheiro, minha mãe havia se esforçado para arcar com os gastos da festa de formatura. Parecia tudo tão perfeito, e estava até mesmo planejando entrar para alguma faculdade pública. Porém, o destino assim não o quis. Pobre Anastácia, nem sequer pôde me ver graduada.
Numa noite de novembro, aleatória como qualquer outra, minha mãe voltava do supermercado, à pé, com algumas sacolas de comida. Como estava desanimada, fiquei a sós em casa, esperando que tornasse para o jantar. Acontece que ela nunca mais voltou... Tinham a assassinado num beco escuro e sombrio de São Paulo, a capital da violência. Pior! Fora roubada, morta e desgraçadamente estuprada por um drogado qualquer. Que fim mais horroroso para um anjo como era...
Anastácia não vira sequer minha formatura, e eu, do mesmo modo, nunca cheguei a ir àquela festa. Poucos dias antes da festividade, ela veio a falecer assim como num trágico e infeliz desfecho, tal qual as histórias de Samanta. Poucas pessoas participaram de seu funeral, e eu chorei como nunca antes. Morrera um dia depois de seu aniversário, no dia 03 de novembro de 2016, aos 51 anos de idade. Uma morte tão prematura para um anjo como era.
Sem Anastácia e Samanta, minha vida beirava à desgraça. A mim, já maior de idade, restou a paupérrima herança de nossa casa e o pouco dinheiro que tínhamos guardado no banco. O sonho de faculdade esvaiu-se como sal em mar. Agora, sozinha e sem mãe, restava-me o sustento próprio. Já para janeiro de 2017 fui forçada a encontrar um emprego qualquer para o pão de cada dia. Lá encontrei Vanessa, que viria a ser meu anjo substituto, o qual sequer dei valor e atenção devidas. Aqui é onde começa a minha primeira novela Malhação.
Para tal, escreverei um novo capítulo. Afinal, minha vida era mesmo desgraçada... Eu tinha a chance de reconstruí-la, mas tudo se reduziu a um "não". Old loves, they die hard.
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