Juliana é uma jovem moça de vida apática e vazia. Reduziu-se ao apartamento em Lisboa, às novelas brasileiras e ao futebol do Sporting CP. Vive para um passado mal resolvido registrado, não somente em sua memória, mas também através dos versos de um...
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A pergunta fatídica ocorreu um pouco antes do Natal de 2015, em meados de dezembro. Já por aqueles dias, Samanta começou a agir de forma estranha comigo. Logo após à mentira sobre meus sentimentos, a amiga portuguesa se tornou apática e reticente. Falava pouco e às vezes demorava mais de dias para responder às minhas mensagens ou comentários. O Egocentrismo Que Nos Destrói entrou oficialmente em hiato e eu havia parado de escrever contos e poemas sobre Samanta, coagida pelo seu comportamento estranho.
Em janeiro de 2016, logo após uma semana de vácuo, Samanta decidiu reivindicar seu cargo de beta reader. Justificou-se:
Samanta: Olá, Juliana. Estás bem? Estou a mandar esta mensagem porque fui aprovada na Universidade de Lisboa, em Engenharia Aeroespacial. Gostava muito de continuar a corrigir teus textos, mas agora já não tenho mais tempo para a correcção, pois a faculdade atolou-me de trabalhos. Importas-te de terminar teu livro sozinha?
Eu sinceramente chorei ao ler a mensagem. Não, nós não podíamos perder contato! A paixão ainda me assolava latente, e esse era definitivamente o fim de nossa amizade. Tudo isso por causa da mentira, de minha covardia e negligência. Ó Deus no qual queria crer, como fui uma idiota! Assassinei com as palavras e perdi a única chance de ser feliz. Como me arrependo... Daria meia vida para voltar a 2015 e dizer toda verdade à Samanta.
Juliana: Tudo bem, já nem sei se vou continuar com meu livro. Sou uma escritora falida mesmo. Boa sorte na faculdade. Amigas?
Samanta: Sim, amigas.
Ironicamente, sua última palavra para comigo foi "amigas". Tão amolada, passei o ano de 2016 inteiro entristecida. Minha mãe me questionava, perguntava-me o que se passava comigo. Simplesmente dizia que não tinha nada demais e desconversava. Quem acreditaria numa paixão tão desmedida? Na certa Anastácia caçoaria de mim e diria para eu procurar outro amor. Mas a febre não se passava... Não, não se passava!
Após meses de hiato na escrita, resolvi abandonar O Egocentrismo Que Nos Destrói e me dedicar à escrita de contos e poemas apaixonados. Tentava esquecer Samanta, todavia a lembrança de sua foto me fazia chorar escondida. Num ímpeto de coragem, procurei por seu antigo perfil no Facebook, mas simplesmente havia sido excluído. No site em que postava minhas histórias, seu user continuava inativo, e todas as histórias de outrora também haviam sido deletadas, incluindo Amor à Três e A Paixão de Padre Miguel.
Estava definitivamente arrasada. A mim, restou apenas uma foto de Samanta que salvara no celular. Mortificada com sua imagem, olhava-a por minutos e suspirava. Em um ímpeto de coragem, logo numa madrugada de outubro, resolvi fazer um desenho dela, um Retrato em Branco e Preto. Virei a noite desenhando como se estivesse pegando fogo. Eu parecia depender daquilo. Na manhã seguinte, estava com o desenho incrivelmente pronto, muito provavelmente a obra-prima. Minha mãe não me viu desenhando, pois estava dormindo na altura. Eu, cobarde como sempre, sequer fiz menção de conversar com Anastácia ou mostrá-la meu desenho. Vivia para a aflição.
Ainda há alguns dias, encontrara o fatídico desenho, que deveria ter sido queimado ainda em terras de Brasil. Meus olhos escuros encheram-se de lágrimas a o casaco azul me fez cair aos prantos. Por que, meu Deus, por que?
Ah, 2016, que ano terrível! Não me esqueço de novembro, o maldito assassinato, a morte tão prematura, as lágrimas, o funeral, o triste fim de um lindo anjo. Juliana definitivamente não tinha sorte na vida. E eu não tinha escapatória: ou trabalhava para o próprio sustento, ou amargava a tragédia.
Tragédia... Ela merece um capítulo próprio para si. Nunca sentira dor maior antes. Nem mesmo Samanta me destruiu tanto quanto a assassínio. Ora só... Próximo capítulo que vem...
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