Juliana é uma jovem moça de vida apática e vazia. Reduziu-se ao apartamento em Lisboa, às novelas brasileiras e ao futebol do Sporting CP. Vive para um passado mal resolvido registrado, não somente em sua memória, mas também através dos versos de um...
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E lá estava eu, logo após terminar a leitura de Amor a Três, começando a ler mais uma obra de DarkLady.75. A Paixão de Padre Manuel era ainda mais intrigante que seu livro anterior, passeando pelos temas religião, sexualidade e homossexualidade. O enredo basicamente contava sobre os dilemas existenciais de um padre que tinha um amante: outro padre, que partilhavam uma casa junto a outros clérigos.
Com efeito, eu, muito familiarizada com o tema religião, deixei rapidamente minhas impressões sobre a história assim que conclui a leitura dos capítulos disponíveis, através do seguinte comentário:
Jmilani537: Mais outra história fantástica, DarkLady.75! Parabéns pelo livro, não vejo a hora de ler os próximos capítulos. Não tarde a postá-los.
Sabe, apoio totalmente as reflexões dessa história. Em primeiro lugar, os valores religiosos são mesmo todos distorcidos. Tem cabimento uma instituição exigir a castidade de alguém? Isso não é nem questão de desejar construir uma família: tal absurdo é completamente antinatural! Quem nunca nesta vida se apaixonou? Sentiu desejos? E, principalmente, alguém por acaso pode controlar uma paixão? Não é como se tivéssemos um botão onde desligamos a opção de se apaixonar. Pecar por pensamento? Ah, se isso fosse real eu já estaria ardendo nas chamas do Inferno. Ninguém pode controlar o impulso de pensar, menos ainda o de desejar.
E a homossexualidade... Tão válida, linda, intensa e natural quanto à heterossexualidade, mas ainda demonizada por uns ou outros. Isso é um absurdo! Já passamos dos tempos nos quais o preconceito deveria prosperar dentro nossa sociedade. As pessoas fazem aquilo que elas querem com seus corpos, com sua sexualidade. O amor é livre, sem raça, idade ou gênero. Ele é sublime, mostra a diversidade de nós. Seu livro condena exatamente todos esses absurdos e outros mais. Está sendo uma ótima leitura. Mais uma vez, meus parabéns.
Era noite quando escrevi o comentário na história de DarkLady.75. Pela lógica do fuso horário, a garota provavelmente já estava dormindo àquelas horas. Embora só tenha me dado conta de sua resposta às nove horas, logo às seis da manhã lá estava ela, comentando sobre meu texto:
DarkLady.75: Fico feliz que gostaste da história e que estás a acompanhar mais um de meus romances. E sim, tens razão em cada palavra que disseste. O amor é o fenómeno mais altivo em todas as suas faces e sentidos. Mas está aí a religião para estragá-lo, distorcê-lo como se fosse de sua integral propriedade. Aliás, o que é que a religião não estraga?
O celibato é uma condição sórdida para nosso mundo contemporâneo. O ser humano nasceu para o amor e para ser amado. Meu coração inflama de raiva quando percebo as atrocidades que sustemos. É bom ter alguém para dividir estes pensamentos, Jmilani537. Obrigada por comentares!
"Aliás, o que é que a religião não estraga?". Essa frase me deixou curiosa. Queria descobrir se DarkLady.75 era ateia ou se tinha alguma religião. Entretanto, pensava que essa era uma pergunta delicada demais para ser comentada a público. Decidi, pois então, mandar minha primeira mensagem no privado para ela. Já era noite novamente quando tomei coragem e escrevi em seu imbox:
Jmilani537: Olá, DarkLady.75! Ainda se lembra de mim? Tenho uma curiosidade... Você acredita em alguma religião ou é ateia? Soou tão cético para mim seu comentário "Aliás, o que é que a religião não estraga?". É apenas curiosidade.
Como o esperado, às seis da manhã do outro dia, a garota me respondeu:
DarkLady.75: Óptima pergunta. Costumo a dizer às pessoas que não acredito nas religiões tradicionais nem em doutrinas convencionais. Se quiseres saber mesmo, eu apenas acredito em Deus à minha maneira. Provavelmente não há um rótulo para isto. Mas irrito-me imenso com as controversas religiosas, com o preconceito, com as imundícies que vejo dentro dos templos. Por isto faço críticas: pela força da necessidade. E tu, acreditas nalguma coisa?
À medida que vi a resposta de DarkLady.75, também percebi que ela havia favoritado meu conto Eterna Questão e minha coletânea de poemas mais recente, Essência da Verdade. Fiquei muito feliz pelo interesse que a garota demonstrou pelos meus trabalhos e verdadeiramente me senti muito honrada. Logo às nove da manhã, enquanto ainda tomava café da manhã, respondi-a:
Jmilani537: Sou agnóstica, de mente e coração.
Poucos minutos depois, DarkLady.75 enviou uma nova mensagem:
DarkLady.75: Tinha certeza que eras agnósticas. Andei espreitando teus contos e poemas e "Eterna Questão" soou-me estritamente agnóstico. Aliás, adorei esta passagem:
"Já agora, eu enxergava o que olhos cegados não podiam ver: tudo se resume a uma eterna questão. Sim, porque a razão humana não é capaz de fornecer bases racionais suficientes para justificar a existência ou inexistência de um Deus. As religiões, por sua vez, nada mais fazem do que alienar um mutirão com o argumento da fé. Fé em Deus, fé na Igreja, fé no padre ou no pastor. Portanto, que sejamos marionetes dos líderes opressores! Líderes religiosos; líderes políticos; grandes empresários. Lembre-se: Deus é mais!"
Ela elucida muito bem seu ponto de vista agnóstico e ainda traz uma ironia extremamente inteligente sobre o comportamento tóxico da religião. Adorei.
Também escreveste um poema que me chamou a atenção, um intitulado "De Volta à Senzala". Este verso intrigou-me imenso:
"Imundo garoto sem coração
Cujos olhos refletem a humilhação,
Fétida, de um amor que nasceu inocente
E findou-se em racismo efervescente."
És negra, Jmilani537? E já passaste por situações de racismo? Não te importes comigo, é apenas curiosidade.
Eu me empalideci ao ler as perguntas que a garota lhe fizera. Não queria dizer a ela a verdade humilhante, que havia levado um fora devastador de Patrício e por essa razão escrito o poema. Fiquei o dia todo remoendo a situação, pensando na melhor resposta que podia dar. Era madrugada quando decidi mentir:
Jmilani537: Sim, sou negra, mas o poema não é baseado em fatos reais. Apenas imaginei uma situação e coloquei no papel, assim como fiz em "Eterna Questão", um enredo 100% imaginado (e fantasioso também). Fico honrada que tenha lido e gostado de minhas produções. É um prazer ter você como leitora.
E assim se sucederam as coisas. Depois dessa breve troca de mensagens, DarkLady.75 continuou a ler meus outros contos e poemas, deixando sempre comentários inteligentes neles, bem como eu continuei a acompanhar A Paixão de Padre Manuel, lendo e comentando tal qual na história da garota. Estava assim, portanto, construída uma forte amizade entre nós duas, ainda que estritamente intelectual.
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