I bought you flowers

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A primeira coisa que Louis percebeu pela manhã foi a dor de cabeça intensa que estava o impedindo de sequer abrir os olhos.

O dia anterior havia sido intenso. Uma crise de ansiedade seguida de uma briga séria com Harry. Só de pensar nesse nome sua cabeça latejava.

Harry realmente conseguia ser mais imbecil do que ele pensava, mas não que ele estivesse realmente surpreso.

Há mais ou menos um ano atrás, quando ele entrou para Eros, Louis e Harry tiveram a primeira discussão sobre o mesmo assunto.

Louis era recém-contratado e estava conhecendo as pessoas e se acostumando com o ambiente do novo emprego. Obviamente, foi tentar conquistar a simpatia do chefe e de seu sócio e desde o primeiro contato ele percebeu que Harry estava sempre de cara amarrada e poucas palavras.

Liam o disse que Harry era assim mesmo, sempre frio e praticamente inexpressivo, mas Louis era um observador. Sim, Harry era do tipo quieto e impessoal, mas ele se comportava diferente perto de Louis, quase como se algo estivesse o incomodando, uma pedrinha no sapato.

"O que você tem contra mim?" perguntou casual e diretamente em algum dia aleatório no começo da história deles, simpático e sorridente.

Harry o olhou minimamente confuso.

"Nada."

"Seja sincero." pediu, ainda sorridente mas não tão simpático.

"Não acho que um moleque de vinte e dois anos deva ser stripper e ganhar dinheiro com homens e mulher com o triplo da sua idade babando pelo seu corpo. É nojento, promíscuo, arriscado, uma série de coisas que você, sendo inconsequente como é, não deve ter pensado."

Louis estava estático em sua frente. Ele foi praticamente humilhado, de graça. Como aquele homem conseguia ser tão infeliz e idiota em uma única fala?

"É uma forma digna de ganhar dinheiro!" protestou.

"Se você precisar do dinheiro, sim, com certeza. Quantas mulheres que são mães solo não trabalham com a gente? Rapazes que foram expulsos de casa? Nenhum desses é seu caso, então acredito que esteja fazendo isso para alimentar o seu ego ou algo do tipo."

"Como você pode julgar tanto a vida de alguém que você não conhece?" perguntou definitivamente estressado.

"Você é um livro aberto, cinco minutos do seu lado e a pessoa já sabe tudo sobre você. Além do mais, você se expõe bastante nas redes sociais, foi muito fácil te descobrir, o que é bem perigoso, mas nós dois já sabemos que você não se preocupa muito com isso."

"Você tem mais alguma crítica a mim? Às minhas escolhas?" perguntou enfurecido.

"Não são críticas, são os meus pensamentos apenas" disse totalmente inexpressivo, como se manteve durante toda a conversa.

"Estou chocado, devo admitir. Você é desprezível, Styles."

E foi isso. O primeiro de tantos embates. Louis não gostava nem de lembrar, Harry o chamando de depravado de mil jeitos diferentes, com uma pose tão superior a ele. Sim, Louis não precisava daquele trabalho para se sustentar, mas ninguém nunca havia o criticado de forma tão dura e grosseira como Harry. Ele poderia ter ficado triste, mas aquilo não soava como ele. Então desde o fatídico dia de sua primeira briga, Louis descontava sua mágoa sendo ácido e até mesmo desagradável, mas quem poderia culpá-lo? Ele estava magoado e Harry jamais cogitou pedir desculpas pelo que ele falou, e isso só aumentava a raiva de Louis toda vez que ele tinha que encará-lo.

Depois que essa memória passou por seu cérebro, Louis decidiu levantar de fato. Era dezembro e a Califórnia estava gelada, mas ele estava com fome. Se arrastou para a cozinha, reparando no imenso buquê de flores na mesa redonda de mogno que ficava entre a sala e a escada.

The Blue Crime • {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora