Bônus 1: Venice

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Depois da conversa, que mais se assemelhou a um sermão quilométrico, as coisas na mansão Theerapanyakul acalmaram significativamente. Vegas e Venice tiveram que conviver da maneira mais civilizada que conseguiam.

Na verdade, os mesmos apenas decidiram que seria de interesse mútuo transferir suas discussões infantis para os momentos em que Pete estivesse fora de circulação. O que, de uma forma ou de outra, serviu para aliviar as tensões no ambiente.

Entretanto, para o surto do mais novo, nem tudo ocorreu como ele imaginou que seria, e, graças à lesão provocada pela bala que atingiu o músculo do peitoral maior, resultando na imobilização parcial de seu braço, Venice se viu num castigo de duração mínima de dez dias. Tempo no qual o médico que atendia a família julgou necessário para o repouso absoluto de seu corpo.

Certamente seus pais sentiram total prazer em anunciar a notícia, visto que Vegas só faltava gargalhar de vingança ao vê-lo de cara amarrada por tudo quanto é canto da casa, e Pete sorria aliviado sempre que sentia sua presença pelas redondezas.

Um verdadeiro karma.

Ainda assim, este pequeno período passou mais rápido do que imaginava, e logo ele já estava a caminho da universidade, daquela vez acompanhado do melhor amigo, que tinha se compadecido pelo seu ferimento na região do ombro e lhe oferecido carona.

— Então... Está me dizendo que os dois estudam no mesmo departamento? —  Prapai exclamou, parando o carro no semáforo para encarar o Theerapanyakul com deboche evidente. — Isso que eu chamo de grandes coincidências.

Puff! Lá vão eles trazer o assunto de novo.

— Por que todos continuam me enchendo o saco com essa história? — O de cabelos longos bufou, enquanto seu irmão, que também estava enfurnado no veículo, e o outro no volante, gargalharam alto.

— Pois você visivelmente não superou aquele garoto.

— O que há para ser superado? Eu só ajudei ele a sair da linha da morte. — A acusação sem fundamento soando tão absurda, que Venice se viu revirando os olhos em desapreço.

Ele não conseguia entender o motivo para tanta comoção, levando em consideração o fato de que todos viviam dizendo que empatia era uma das maiores virtudes do ser humano.

Só podia ser hipocrisia!

Tudo bem que o mesmo estava longe de ser a pessoa mais praticante de solidariedade do mundo, mas sempre existiram exceções, e resgatar Noeul Nuttarat acabou se tornando seu primeiro ato de compaixão do ano.

Nada mais que isso.

— E desde quando você é caridoso? —  Syn questionou. — Se bem lembro, você me negou ajuda algumas semanas atrás. Era apenas uma carona, e mesmo assim teve a coragem de permitir que o seu irmãozinho mais novo derretesse no meio daquele temporal.

— Talvez porque eu não seja chofer? — Venice deu de ombros, a voz mesclando irritação com desinteresse. — Humpf! Nem vem, você pode muito bem se virar sozinho.

— E no dia que eu estava sendo assaltado, você não fez nada para me ajudar, quando aquele criminoso começou a me cobrir de soco. — Prapai continuou, indignando-se apenas por lembrar da situação antiga, pressionando o melhor amigo com incredulidade.

Ok, eles estavam se esforçando para tirá-lo dos eixos.

You're fucking with me? Really? (Vocês estão brincando comigo? Sério?)

Muitas coisas poderiam deixar o herdeiro da segunda família nervoso, e aquelas comparações, que soavam completamente desonestas com a realidade, elevaram negativamente o seu humor. — Prapai, você é faixa preta em Muay Thai. Diga-me, por qual motivo eu deveria mover uma grama para ajudá-lo? Argh, deixem de ser ridículos! Ficam tentando agir como dois meninos frágeis e indefesos...

— E o garoto? Ele é indefeso? Oh, meu deus! P'Venice, salve-me, eu lhe imploro! — O dono do veículo fez caras e bocas, tentando imitar o jovem rapaz, que sequer teve a chance de ver a cara.

Sucker! (Idiota!)

Num momento de nervosismo, o mais velho Theerapanyakul apanhou sua bolsa, soltou o cinto de segurança e desceu rapidamente da Ferrari, que ainda aguardava o sinal vermelho, ignorando as exclamações de seu irmão e melhor amigo.

— Venice, seu louco! Onde você vai!? — Syn gritou, ao passo que Prapai ainda não podia suprimir a crise de risada.

— Para a casa do caralho!

Os citados ainda buzinaram, mas era tarde demais para remediar.

Ajustando a mochila pesada no ombro que não estava machucado, Venice atravessou a rua e decidiu analisar a paisagem urbana de Bangkok enquanto caminhava na direção da universidade.

— Cuzões. — Até os pássaros sentiram o ar ressentir com a sua bufada.

Infelizmente, naquele dia letivo, ele não pôde fazer outra coisa a não ser dedicar-se em correr atrás do prejuízo causado pelo tempo de atestado, dando continuidade ao seu projeto de conclusão de curso — visto que se encontrava na reta final do penúltimo semestre da faculdade —, acabando por não perceber a cabeleira castanha clara enquanto afastava-se do refeitório ao lado de seus dois colegas de classe.

XXXXXXX

Estou muito animada com o andamento da história, portanto escrevi bastante coisa nos últimos dias.

Esse bônus na verdade foi produzido sem que eu soubesse ao certo onde poderia encaixa-lo, portanto decidi deixá-lo aqui como especial só para não perder todas essas palavras. (E também porque a visão de Venice é bastante importante).

Infelizmente, nem tudo está minimamente betado :( então é sem condições de eu trazer o próximo capítulo hoje também. Porém, posso garantir que dessa semana não passa!

PS: Na próxima atualização teremos mais sobre a dinâmica dos Theerapanyakul e um pouco mais sobre o Syn rs rs rs

Quero agradecer também pelo carinho e comentários, estou amando ler as opiniões de vocês <3

Até o próximo capítulo!

Att. Anne.

Underworld LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora