Capítulo 9

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Noeul jamais tinha cogitado a necessidade de um dia ser obrigado a lutar sozinho.

Mesmo em situações extremas e complicadas, sempre haveria alguém consigo, pronto para defendê-lo de qualquer ameaça possível. E, por causa disso, ele nunca estaria preparado para o que poderia vir a alcançá-lo.

Bem... até aquele instante.

Somente o ato de se encontrar perdido entre escombros macabros, em constante apreensão, sendo o suficiente para que provasse da verdadeira importância de ter conhecimento a respeito de autodefesa.

Ele definitivamente investiria nisso no futuro... se saísse dali vivo.

Segurando o pedaço de ferro com ambas as mãos suadas, numa posição um tanto quanto duvidosa, Nuttarat lamentou mais uma vez a falta da presença de Venice.

O maior provavelmente devia estar odiando-o no momento, depois de tudo que disse naquele dia... Não tinha a intenção de soar tão malvado, mas perceber que Theerapanyakul o ignorou propositalmente por tanto tempo o fez ficar coberto de chateação.

Venice era cruel! Armou aquilo apenas para feri-lo!

Noeul ainda não queria falar com o citado, se encontrando orgulhoso demais para isso, porém o conhecimento de que talvez nunca mais poderia revê-lo levava os seus olhos a lacrimejarem de culpa.

Nem devia perder tempo pensando nesse tipo de coisa, quando a prioridade máxima era encontrar uma maneira de ir atrás de Sky e Syn, mas lá estava ele sendo um inútil mais uma vez...

Iria se mover novamente de sala, mesmo que esta não fosse a recomendação de seu melhor amigo, no instante exato em que um homem de preto o interceptou.

— Aí está você! — Seu sorriso era maníaco, pronto para tomá-lo à força pelo braço. Por isso, Noeul não pensou duas vezes antes de arrastar o pedaço de ferro e fechar os olhos. — Arg! Seu merdinha!

Dava para ouvir os resmungos agoniados de dor. E Nuttarat, sinceramente, não quis mirar o estrago, preocupado demais que realmente tivesse tirado a vida de alguém.

Não era uma estratégia inteligente, Sky o repreenderia se estivesse ali... Mas não havia como voltar atrás. Ou era ele, ou o indivíduo.

Não soube dizer ao certo quantos segundos se passaram depois disso, tendo as orbes ainda espremidas de medo e apreensão, contudo os ruídos sofridos diminuíram até ficarem nulos, onde apenas sua respiração ofegante poderia ser captada.

Toda aquela falsa plenitude fazendo com que não percebesse que uma segunda presença também tinha adentrado o ambiente no momento do ataque, e que esta tentava se comunicar consigo de maneira apressada.

— Céus, você está bem!? — Quando a voz desconhecida o chamou, Noeul se viu abrindo os olhos com pressa.

— Q-quem é você? — Ele ergueu novamente o pedaço de ferro, as mãos tremendo demais para se fixarem ao alvo.

De fato, não havia qualquer possibilidade de acertar alguém mais uma vez...

O estranho franziu o rosto em preocupação para o seu estado alterado, antes de acabar sorrindo com simpatia.

— Eu me chamo Pete, sou o Pa do Syn.

Sua declaração fazendo com que o menor soltasse toda a respiração que vinha segurando.

Ele talvez não devesse confiar tão facilmente em um sujeito novo, mas o homem demonstrava tanta tranquilidade e transparência, que Nuttarat apenas largou o pedaço de metal com tudo no chão e correu para abraçá-lo.

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