State of Grace | Hannigram

Três: All We Know

Mais um capítulo fresquinho saindo, aqui que pediram? Pois bem aos dois leitores restantes de State Of Grace: amo vocês, vissem? Vou aproveitar para avisar aqui que Wildest Dreams vai entrar em revisão muuuuuito em breve, com capítulos mais longos, coisinhas assim e eu vou ir avisando por aqui de qualquer mudança ou update. Não leu Wildest Dreams? Vai já!

Abigail e Will partiram da casa de Hannibal não muito depois. O silêncio, agora confortável, havia se instalado sobre ambos e Will aceitou apenas sentar-se em uma das poltronas disponíveis do ambiente e observar a forma como Hannibal se movia agilmente pela cozinha, preparando o que quer que fosse. Eles comentaram algumas coisas trivialmente, nada mais do que duas ou três palavras por frase e existiu um breve momento onde apenas ficaram lado a lado, esperando algum sinal de Abigail e seu sono. Antes de irem embora, Hannibal a examinou rapidamente e sua expressão nada boa fora profissionalmente disfarçada. Se fosse um médico mesquinho, estaria recomendando uma cirurgia de emergência, contudo, em seu estado frágil, sabia que a garota não aguentaria.

E ela, mais do que tudo, era seu passe de entrada para a vida de ambos. Parecia grata pelos cuidados de Hannibal e ele apreciava que ao menos um membro da família Graham obtivesse bons modos para consigo. Lecter se permitiu dar a jovem um sorriso breve e sem dentes, acenando com a cabeça e entrando para dentro de sua residência mais uma vez ao que a perua cinza desapareceu pelas ruas vazias com o motor levemente roncando.

Hannibal usou de seu tempo agora livre para comunicar a seus pacientes que estaria livre para o reagendamento de sessões para durante a tarde e cordialmente se desculpou pela irresponsabilidade. Ele atendia um grupo seleto de pessoas e todas elas bem afortunadas. Contudo, durante o passar dos anos, Hannibal se especializou um pouco mais em traumas infanto-juvenis, atendendo adolescentes com mais frequência e os preferindo a adultos como Franklyn.

Talvez fosse esse o motivo pela afinidade instantânea com Abigail, ele não saberia dizer muita coisa sobre o passado dela, mesmo com suas pesquisas a pente fino não havia nada incriminador ou negligente na forma de adoção a qual era fora submetida. Isso era bom, Lecter sabia Will era um bom pai, bom até demais se fosse o caso.

Teria uma ou duas consultas durante o período da tarde, afinal, a profissão era apenas um disfarce por mais que não cobrasse barato, o dinheiro não era sua prioridade. Hannibal era um duque na Lituânia, possuía terras, animais, propriedades e estabelecimentos que poderiam lhe dar uma renda farta por ao menos sete ou oito gerações. Seu estilo de vida era de fato, muito alto, entretanto, ele tinha tudo o que precisava para manter. O preço alto por seu tempo de trabalho era apenas uma presunção, o ego puro e um disfarce. E convencionalmente, ele sabia que era o melhor profissional de sua área.

Ele não saberia dizer o motivo de pensar tanto sobre duas novas pessoas em sua vida, definitivamente não, mas não se preocuparia — ele estava repetindo isso em sua mente. Desejando que Will e sua filha tivessem permanecido para o almoço, ele processou sua refeição lentamente e quando se deu por satisfeito, organizou sua cozinha meticulosamente e se preparou para atender a primeira paciente que havia decidido remarcar para aquela tarde, verificando antes em sua agenda quando seria a próxima ópera. Ele estava necessitado de arte, de algo que alimentasse seu ego e o fizesse sentir completamente alheio a sua verdadeira face.

Hannibal não era um homem sensível, mas, às vezes, desejava ser. 

***

O restante do dia de Will passou até mesmo mais rápido do que o castanho gostaria, Abigail voltou a dormir e dado o fato de ingerido o chá de Hannibal Lecter, ele imaginou que seu sono fosse ser mais tranquilo — e de fato foi. Will estava isento durante aquela semana de trabalhos oficiais, se Jack precisasse dele em uma cena, ele iria, contudo, sua presença não estava sendo requisitada no campus e isso era um alívio. Pessoas demais o estimulando não era exatamente o que Will estava procurando e apesar de tudo, apesar de ser exatamente o seu trabalho, ele se contentou com o privilégio de permanecer sob a varanda de sua casa simples, admirando a paisagem enquanto lia um artigo de Lecter, procurando saber um pouco mais o porque das pessoas o considerarem brilhante quando particularmente não via nada demais a não ser um sotaque europeu e um homem embalado em roupas excessivamente caras.