State of Grace | Hannigram

Sete: We Fall In Love?

Oi, dengos! Vocês me aceitam de volta? Fico vendo os comentários e sempre fico de coração quentinho com tanto amor e ameaças mesmo depois de praticamente dois anos... 

— Will, alguns anos atrás, lecionava apenas. É de conhecimento comum e então, tivemos o caso do Picanço de Minnesota, se recorda, doutor? — Jack parecia estar tirando fatos do fundo do poço de suas memórias e Hannibal que se recordava como a luz do dia, concordou com a cabeça brevemente.

Era de fato, conhecimento público o assassino que se aproveitava de jovens garotas para não matar a própria filha, contudo, o FBI, naquela época, escondera o máximo que pudera para que não fossem divulgados os dados pessoais da garotinha, uma menor de idade que deveria ter sua imagem e dados preservados principalmente do público revoltado e da insaciável Freddie Lounds, que fazia absolutamente de tudo para conseguir fontes para suas matérias, imagens e todo o restante para cobrir os crimes, violando leis e passando por cima de muitas pessoas importantes sem se preocupar com absolutamente nada — ela era o verdadeiro terror de Jack Crawford, com toda a certeza. 

Hannibal encarava Jack, esperando que ele prosseguisse com a história de forma que não necessitasse de toda a dramatização que estava sendo proposta. Lecter odiava rodeios e infelizmente, Crawford era um homem teatral. Ele concordou com a cabeça e observou a forma como o agente digeria o vinho caro, degustando com delicadeza para um homem de seu porte. 

— Will acabou se envolvendo demais, ele sempre faz isso, embora agora tomemos mais cuidado com isso, já que saúde mental é algo completamente delicado, não é de certa recomendação chegar perto demais. — Ele comentou, postergando a verdadeira verdade mais um pouco, prendendo a atenção de Hannibal. — Então, Abigail fora a saída e o equilíbrio, o ajudei com a papelada mas ela funcionou como motivação para que eu não o perdesse. Ele matou o pai dela, era sua forma de se redimir. Graham é um importante agente e embora eu me importasse bastante com seu bem estar pessoal, não posso de fato me dar o luxo de ter um a menos no time. E agora... Com Abigail doente e correndo riscos reais de vida, sinto que estou o perdendo novamente. Me entende? 

Cada uma das palavras meticulosamente dosadas trouxeram a Hannibal certo tipo de sensação de repúdio. Como ousava Jack Crawford se referir a Will daquela maneira tão impessoal quando o homem lhe dera absolutamente tudo. Toda a fama referente a eficiência daquele campo era graças ao profissionalismo, aos dons de Will. Estes que ele abusava sem pudor algum, sem se importar em como o quadro do homem poderia piorar. Mesmo que não coubesse a si avaliar desta maneira ou tomar as dores de alguém não tão presente, doutor Lecter o fez em silêncio. 

***

Quando a noite se encerrou por fim, Hannibal Lecter poderia se considerar completamente exaurido de forma social. Desejando o silêncio de sua própria companhia assim que a equipe contratada para a limpeza se retirou. Jack Crawford possuía a repugnante objeção de sugar tudo que havia de positivo no psiquiatra, o deixando propenso a possivelmente cometer um ou dois crimes contra a primeira pessoa que lhe soasse rude. Ele gostava da companhia de Will Graham de fato, mas não do combo que se atrelava a ele. Outrora sendo necessário mesclar-se para que pudesse sempre ter um álibi e ser potencialmente discreto, ele desejava quase sempre que pudessem ser apenas os dois e Abigail, longe de tudo aquilo.

Era confuso a forma como sentimentos se mesclavam para Lecter, mas quando sua campainha tocou, tarde o suficiente para que ele acessasse as câmeras antes de ir de fato abrir a porta, se surpreendeu com o vinho embrulhado de forma grotescamente rudimentar em sua porta, significando algo bastante importante para ambos; um novo passo. Ele poderia lidar com o monossilabismo de Will da mesma maneira que esperava que o agente pudesse lidar consigo. Hannibal era uma ato falho, mas grande parte de sua grandeza provinha de seus defeitos inimagináveis.