Seis: Our Changing Minds

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Gostaram do Will tomando coragem e indo defender o homem dele? Pois bem! A partir de agora as coisas só melhoram. Votem e comentem bastante!

— Ainda não, acabei brevemente sendo distraído pelo cavalheiro aqui. — Hannibal apontou com educação, seguindo o teatro mas não podendo deixar de notar o olhar de desdém cedido a Franklyn.

— Se apresse, por favor. Abigail está esperando no carro. — Ambos sabiam que era uma mentira, um blefe, entretanto, Franklyn ao menos se deu a decência de parecer constrangido, Will o encarando da forma mais hostil possível, apenas então saindo de seu transe fingindo para denotar a companhia do mais baixo. — Ah sim, olá. Você deve ser um dos pacientes de Hannibal, sim? Isso não é um tanto... Anti-ético? Achei que a relação entre terapeuta e paciente se limitava apenas ao consultório, doutor.

— Definitivamente, Will. Imagino que Franklyn apenas quis dar um "olá", não é mesmo?

— Sim, certo, já estou de saída mesmo. Foi um prazer revê-lo, doutor Lecter. — O paciente respondeu sem jeito, se afastando quase que em passos que pudessem ser classificados como uma corrida. Will sabia ser desnecessário e na verdade, era durante a maior parte do tempo. Contudo, fora uma surpresa para Hannibal observar tais comportamentos.

— Que situação, hein?! — Ele questionou, sua expressão suavizando e voltando a ser o mesmo Will de sempre, os olhos azuis brilhando incomuns por debaixo dos óculos remendados com fita na lateral.

— Obrigado por isso, Will. Temo estar sendo levemente perseguido por este paciente em específico e devo constatar que o desconforto da situação me faz desejar encaminhá-lo. Tenho, contudo, pena dos próximos profissionais. — Lecter se permitiu fazer uma pequena brincadeira e tal, não planejadas, arrancou um suspiro e um meio sorriso de William. — Como está Abigail?

— Ela está melhor desde a última semana e os remédios que você recomendou, doutor. Muito obrigada por isso também.

— Não por isso, Will. Temo que a cirurgia dela não demore, já estou entrando em contato com a equipe e o prazo máximo que posso te dar é de duas semanas. Nada mais do que isso. — Hannibal revelou, trazendo certa onda de alívio para Will.

Não era novidade que o fato de Abigail estar apresentando um quadro estável o surpreendia e o fazia ser um pouco mais grato pela assistência de Lecter. Will, acima de tudo, desejava que sua filha se curasse de uma vez para que ele pudesse dormir a noite de forma mais aliviada. Ele precisava disso, desse alívio e enquanto tentava balancear sua vida pessoal com o fato de seu trabalho exigir tudo de sua mente, ele encontrava certo tempo para ser ainda mais introspectivo e ranzinza. Na última semana nada que chamasse a atenção do FBI fora de fato encontrado, apenas alguns desaparecimentos mas sem padrão algum e Jack Crawford imaginou que não fosse necessário sua assistência.

O Estripador parecia cada vez mais como Will — misterioso. E ainda sim, ele sequer imaginava estar a frente do próprio, tão inofensivo enquanto fazia compras para utilizar na carne a qual ele mesmo havia caçado. Era arriscado fazer um banquete completamente a base daquilo, contudo, Hannibal estava se dando todo o luxo necessário para lidar com o que viria depois. Estar perto de Will Graham despertava seus piores instintos e seu melhor auto-controle. Ele queria comê-lo, no sentido mais literal possível, queria saborear sua carne e absorver sua energia. Queria fazer de Will uma obra de arte aos olhos de Deus, e ele seria o ser mítico a abençoá-lo. Se fechasse os olhos antes de dormir, Lecter poderia imaginar o sabor e a forma como o prepararia. Mas, ao abri-los, ele imaginava o desperdício. Voltava a sentir-se como um predador brutal e a sensação de estar em sua própria pele doía um pouco mais.

State of Grace | HannigramOnde histórias criam vida. Descubra agora