State of Grace | Hannigram

Cinco: We Are Alone

Já pedindo desculpas antecipadas pelo simples fato de estar sendo tãããããão enrolado, mas só para esclarecer, é um slowburn, ok? Vamos ter vinte capítulos bem desenvolvidos e muitos plot twists! Queria agradecer a todo mundo que tira um tempinho para ler, votar e comentar, vocês são muito especiais para mim, principalmente agora que minha criatividade voltou ao auge. Um beijo!

Hannibal não havia esperado muito tempo, Will, apesar de sua grosseria constante, era completamente pontual e comprometido no que dizia a respeito de Abigail e no horário combinado, eles estavam sob o teto do hospital. Abigail fora entregue nas mãos de um profissional de confiança do canibal, o que dado os fatos, deveria significar bastante, principalmente por Hannibal Lecter ser um homem deveras egocêntrico. Entretanto, isso significava com que ambos precisassem ficar a sós, já que a entrada na sala de exames não era permitida nem mesmo a acompanhantes. A recepção daquela parte do local parecia ter se tornado extremamente pequena, Will esquecera completamente de devolver o terno de Hannibal e apenas ao vê-lo usando uma outra peça completamente diferente da que lhe fora emprestada, ele dera-se de conta. Mesmo assim, ele poupou sua saliva, certo de que devolveria na próxima vez que fosse ver o médico.

O que não demoraria muito caso dependesse de Lecter.

Will trajava jeans pretos e coturnos, uma camisa xadrez puída que gostava por demais e uma jaqueta grossa e extremamente pesada para atacar o frio constante daquela época do ano. Era contrastante com o fato de Hannibal estar usando um terno de três peças que custava cem mil dólares. Bem, eram realidades distintas, não se poderia negar e o médico sequer ligava para isso, apenas esperava que a educação de Will tivesse tido uma evolução enquanto ele provia de horas de sono decente, mas, dado ao olhar fulminante que lhe fora lançado sem razão alguma, Hannibal teria de lutar mais um pouco contra seu crescente desejo de transformar o homem em uma refeição.

A sorte de Will, era, sobretudo, o autocontrole de Hannibal.

— Acredito que não sejamos crianças, Will Graham. Você tem certeza de que nem mesmo uma conversa trivial seria útil? — Hannibal questionou, quebrando o silêncio entre eles e soltando um suspiro, nunca perdendo sua postura controlada e ensaiada, apenas cruzando as pernas mecanicamente.

— Não. Você é um profissional e eu por extensão, estou co-relacionado com a sua paciente. Nada além disso, eu devo dizer. Conversas triviais são desnecessárias e justamente por sermos adultos, não precisamos mantê-las. — E lá estava ele, sendo completamente rude e desafiador, seu tom de voz afiado era preguiçoso e suas palavras escapavam da boca como uma serpente maligna.

— Sabe, Will, acredito que tenha medo de que eu invada sua mente até mesmo por acidente e devo de alertar de que nem mesmo os melhores psiquiatras do ramo, e nisso, posso me incluir, tem o mágico dom. Apenas se você me deixar entrar, o que acredito que não deixará... — Lecter olhou para as próprias mãos, fingindo desinteresse. — Não tem o que temer. E pelo bem de Abigail, eu acredito que...

— Não coloque minha filha no meio disto, doutor. — Will censurou quase que imediatamente, fazendo com que, internamente, Hannibal se divertisse ainda mais.

Ele facilmente rotularia Will como uma ovelha assustada, alguém com medo de ter sua mente sendo invadida, mas ainda sim, desesperado para ser visto, para ser notado e ainda que não acreditasse, Hannibal faria tudo isso. Hannibal o faria ser visto e se mostraria verdadeiramente. Ele sabia que Will tinha todo o potencial necessário, apenas ainda não tinha a capacidade ou a moldagem necessária para sua consciência.

— Will, você carrega sua introspecção como se fosse a louça fina para vistas e eu sou a visita. Não me importo de fato caso queira me servir em uma xícara quebrada, contudo, apenas gostaria de tornar tudo isso um pouco mais tolerável para nós dois e para Abigail.