Moedas do Rei são valiosas

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Acordei no chão.

Ou melhor, caindo no chão.

Apertei os olhos, havia muita claridade, barulho de folhas e alguns bichos. Olhei para o lado, me sentindo dolorido pela queda, Tempestade estava sentado no chão, me olhando novamente daquele jeito profundo e lambendo a própria fuça.

— Essa doeu. — reclamei, sem ter resposta.

Mas a dor foi esquecida assim que minha barriga se contraiu de forma tão intensa que pensei que ela estava se comendo por dentro. Como esse corpinho minúsculo comia tanto? A fome fazia minha cabeça girar lentamente.

Levantei, conferindo a trouxa de jóias dentro de meu sobretudo meio sujo pela queda, bati as mãos algumas vezes nele e olhei ao redor. Havíamos saído da estrada, droga, aonde estávamos? Eu não podia ter dormido, e estava difícil pensar com fome. Ergui a cabeça, a sol brilhava lá em cima, mas as árvores faziam uma sombra refrescante, quando apertei bem a vista percebi frutos estranhos, os quais eu não havia comido em minhas outras vidas, era arriscado, mas minha fome era demais.

Tempestade ainda me olhava e então deitou a cabeça, ele também tinha fome. Deixei meu sobretudo no chão e me esforcei para subir a árvores, machucando minhas mãos macias no cascalho do tronco. Sinceramente, como o dono desse corpo vivia antes? Não conseguia sequer subir uma árvore sem me cansar ou machucar!

Peguei algumas frutas e apoiei em minha roupa, descendo aliviado e com as mãos machucadas, limpei contra minha roupa e dei uma mordida. Eram redondas, e rosadas por dentro, até que era gostoso, espero que não seja venenoso. Quando fui oferecer pra Tempestade, ele havia se levantado e estava com o rosto enfiado numa área verde, comendo devagar.

— Pelo menos sobra pra mim. — dentro perto dele, continuando a comer.

Precisava descobrir aonde estava agora, não podia estar muito longe do meu objetivo, o cavalo já estava cansado quando montei nele, e o sol não estava tão quente ao ponto de ser meio dia, só haviam se passado algumas horas.

Deixei tempestade comer até ficar saciado, e guardei duas frutas para depois, usando um dos veus da minha roupa como um bolso amarrado. Quando o cavalo finalmente ergueu a cabeça para mim, parecia mais tranquilo, lhe afaguri um pouco e o montei.

— Aonde você nos trouxe, Tempestade? — suspirei, olhando ao redor, decidindo em que direção seguir.

Tempestade tinha passos lentos, como se estivesse passeando pela floresta, porém após alguns minutos escutei barulho de carroças e outros cavalos. Seguindo aquela direção reencontrei a estrada e seguimos por ele, na direção certa eu espero. Analisei o mapa que havia pego na taberna, ele era muito simples, sem detalhes, como se feito por uma criança, cada taberna era um ponto vermelho bem destacado no mapa.

Gostaria de dizer que encontramos logo uma grande cidade, mas seria mentira, foram quase cinco dias de viagem, comendo pouco e sem me limpar, eu estava imundo. Já estava acostumado a isso, como guerreiro em tempos de crise a higiene nunca foi prioridade, mas este corpo parecia se incomodar.

A coceira na pele, no couro do cabelo, até nas unhas, meu corpo exigia por uma limpeza, minhas mãos ainda não estavam recuperadas por ter subido em árvores durante todo o caminho! Isso era ridiculo...

Chegamos a uma cruzamento de terra que se tornou pedra, cavalos, carruagens e carroças passavam por ali, vindas de outra direção subindo uma colina ingrime demais, Tempestade se demorou mais que todos os outros, eu não podia exigir muito dele, deveria estar acostumado a uma vida luxuosa com seu antigo dono.

Assim que chegamos ao topo, ele parou e pude ver lá em baixo.

Havia uma cidade absurdamente enorme, maior que qualquer outra que já vi em todas as minhas vidas, tantas casas e construções majestosas sem fim, como uma cidade tão grande funcionava? Administrar vilas pequenas já era bastante trabalhoso.

Minha quarta vida Onde histórias criam vida. Descubra agora