Com dois metros de altura e cheiro de sangue, o general Lionel beijou minha mão. Os olhos vermelhos intensos estando tão próximos que me permitiam contar cada pétala de flor desenhada nas íris.
"Seja bem vindo a sua casa, Yan", foi o que ele disse.
Preso em seus olhos de pétalas, demorei a reagir, puxando abruptamente a mão e passando por baixo do braço dele, criando um espaço saudável entre nós. Minha mente voltou a funcionar com toda velocidade, então acabei optando por uma das opções: me fingir de louco.
- Senhor, eu não o conheço... Desculpe, acho que pegou pessoa errada! Eu nem me chamo Yan, sou Yana, é bem parecido, não é? Sempre confundem. - balancei as mãos de forma exagerada. - sou apenas uma simples camponesa, deve ter tudo um engano aqui, mas não tem problema.
Bati uma palma na outra, sorrindo gentil, escondendo meu nervosismo que tremia as pernas.
- É só me deixar lá fora, que eu me vou bem rapidinho e vai ser como se nada houvesse acontecido, sério, não precisa se preocupar.
O general me observou por um minuto eterno, e então sorriu, logo balançando a cabeça lentamente, apoiando uma mão sobre a testa.
- Yan. O que há com você? Me trata como um estranho... Esta envergonhado? - passou os dedos pelo longo cabelo branco. - não há necessidade, você é meu, não há o que temer. Está seguro comigo, como lhe prometi.
Ok, isso era PÉSSIMO, o dono desse corpo já havia se encontramos com o general. Eu estava torcendo que não, mas é claro que tive azar nisso também, e agora!? O que eu faço!?
- Peço perdão por não estar apresentável - ele continuou. - meu descanso é curto. Por outro lado, sua viajem deve ter sido longa, um criado lhe levará ao quarto, pode exigir o que quiser.
Novamente ele andava até mim, mas desta vez eu não fugi, precisava entender o nível de intimidade de "Yan" com esse homem... Mesmo que ele fizesse minhas pernas ficarem tão bambas. O general parou a minha frente, estendendo as mãos, eu congelei no lugar, mas ele apenas tocou meu capuz de forma quase suave e o retirou de meus cabelos, deixando os fios escondidos escaparem, desenrolando até pararem em minha cintura.
Ele apareceu satisfeito ao me olhar, seus dedos se entrelaçando a uma das mechas, como se fizesse carinho em um animal doméstico, não sabia dizer o que significava aquela expressão ou o que eu era para ele.
Lionel abriu a boca para dizer algo, mas, de repente, seus olhos vermelhos ficaram mais claros e ele se afastou, soltando meu cabelo e ficando em silêncio ao fechar os olhos.
- Preciso retornar, não me espere acordado, eu terei tempo para você em breve. - andou até a porta, a abrindo.
Haviam três pessoas no corredor, duas carregavam um baú e a outra era uma moça de rosto redondo e amável.
- Cuide dele para mim. - Lionel disse a ela. - ele descansará em meus aposentos.
- Sim, meu senhor. - ela se curvou. - por favor, me acompanhe. - olhou para mim, sorridente.
As bochechas dela eram vermelhas e bem redondas, com braços grossos e mãos fofas, ela era gordinha, e se parecia a um adorável bebê, o sorriso passava conforto e familiaridade. Os cabelos castanhos estavam bem presos num coque acima da cabeça e trajavam um vestido salmão com avental branco; a flor presente em todos os lugares bordada na altura de seu seio.
Eu queria fazer mais perguntas ao general, porém os outros servos entraram com o baú, o colocando no chão com um barulho alto e prontamente trazendo o que pareceu ser um relativo oral para Lionel.
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Minha quarta vida
Storie d'amoreO amei por três vidas inteiras, porém o perdi em todas elas. Desta vez não irei falhar.