Surpresas

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— Um baile?

— Não um baile, O baile senhor Yan! Já fazem tantos anos que ele foi suspenso devido a guerra, mas agora tudo está voltando ao normal! — Marina girou sobre seus próprios pés, agarrando a barra do vestido numa dança pelo meio do quarto.

— Mas aqui? Aqui mesmo?

— Onde mais séria? A família Crisântemos sempre foi abastada, o Mestre vem de uma longa linhagem de magos poderosos ligados a família real... Ah! — ela suspirou. — depois de tantos anos a família estará toda reunida, tenho certeza de que o Mestre vai querer exibir você para todos!

Me exibir para todos? Me senti um pouco envergonhado, comendo mais dos doces que ela havia me trazido. Não deveria estar comendo tantos já que queria deixar esse corpo musculoso e forte... Mas nunca pude comer coisas tão gostosas nas outras vidas! Aproveitaria mais um pouquinho.

— Não me parece uma boa ideia. — confessei. — além disso, não estamos em guerra?

Se eu era o pronto fraco de Lionel, não seria ruim ele me exibir por aí? Não seria muita exposição?

— Por que não? Diz isso por que nunca participou do Baile! Não se preocupe com questões bélicas senhor Yan, todos sabem que nossa Majestade está estabelecendo acordos de paz, as pessoas querem celebrar! E que jeito melhor de celebrar que este? Até mesmo nós serviçais recebemos roupas novas para a festa!

Foi impossível não sorrir diante da animação de Marina, quase tudo que ela falava, como falava, lhe dava um ar sonhador e encantador, conversar com ela me fazia esquecer os problemas.

— Suponho que devo usar roupas apropriadas para a ocasião.

Marina sorriu ainda mais, suas bochechas fofas vermelhas quando caminhou rápido em minha direção.

— O senhor será o mais belo da festa, depois do Mestre, é claro! Oh, eu já sei o que combinará perfeitamente, devo falar com a costureira antes que fique lotada!

— Não é melhor falar com Lionel primeiro? Afinal, o dinheiro é dele...

Marina abanou a mão.

— Não se preocupe com detalhes, vou resolver tudo! — bateu as mãos nas próprias bochechas. — preciso de um vestido novo também, oh, deuses, preciso realmente me apressar! Se me ser licença! — se inclinou rapidamente, segurando na barra do uniforme e praticamente correndo para fora do quarto.

Não pude evitar dar uma risadinha, Marina era como uma criança as vezes, certamente não havia comprinha mais agradável que ela.

Mal coloquei outro doce em minha boca, quando batidas bruscas soaram na porta.

— Yan! Ô Yan!

Para agir de forma tão escandalosa, só podia ser uma única pessoa.

Lamentei ao deixar meus doces e caminhei até a porta, a abrindo e me separando com Alan. Ele claramente estava sem tomar banho há alguns dias, havia suor escorrendo de sua testa e um sorriso enorme em seus lábios.

Torci o nariz ao cheiro, acostumado demais a ser mimado ali com tantos cremes, perfumes e essências caras. Antes mesmo que eu pudesse perguntar o que estava acontecendo, sua mão agarrou a minha, me puxando pelo corredor.

Olhei para seus dedos. Longos e ásperos, com marcas de cicatrizes e unhas curtas, sua mão praticamente engolia a minha, ainda era estranho que Navee... Que Alan fosse maior que eu. Me vi observando suas costas enquanto era quase arrastado.

— O que houve? — perguntei um pouco perdido.

— Você logo vai ver!

Alan me levou por um par de corredores, descemos a escadaria até o salão de visitas que era revestido por pinturas agradáveis e sofás vermelhos macios, num destes havia uma mulher sentada de cabeça baixa. Assim que entramos a moça ergueu a cabeça e...

Minha quarta vida Onde histórias criam vida. Descubra agora