Guarda-costas encantado

114 20 2
                                    

Aquela mulher me salvou mais duas vezes.

Sequer fazia sentido eu continuar o caminho pela floresta, mas o fiz, apenas por teimosia, as vezes eu gritava sem nada ter acontecido e ela aparecia, por fim perdi minha paciência e gritei aos quatro ventos:

— Eu sei que você está aí, então, pelo menos cavalgue ao meu lado, é irritante me sentir vigiado!

Parei Tempestade, e olhei ao redor, aborrecido, logo a mulher apareceu, como se nada houvesse acontecido, como se minha paciência já não estivesse no limite!

— Sinto que vai me seguir não importa aonde eu vá, então poderia ao menos me dizer o seu nome? — disse mostrando minha cara insatisfação.

Ela se aproveitou até que nossos cavalos estivessem em quase sintonia, ao meu lado, não olhou para meu rosto enquanto falava.

— Simone.

— Certo, Simone... Se está me seguindo, suponho que já saiba o meu nome.

Ela acenou positivamente com a cabeça e, de repente, segurou minha rédea, movendo meu cavalo de direção: para sairmos de floresta em direção a estrada, sequer soube como reagir, apenas a encarando.

— Então, Simone, vai me dizer para quem trabalha?

Ela sequer emitiu um som de respiração, era como tentar tirar informações de uma porta! Apertei meu rosto com ambas as mãos, furioso, enquanto Tempestade não ligava para nada, se deixando guiar por essa mulher como se eu sequer estivesse em cima dele.

— Não pode me dizer, entendi. — tentei contar até três em pensamentos. — que tal me dizer qual a sua missão, isso está permitido?

Ela ficou em silêncio pelo que pareceu o minuto mais longo de minha quatro vidas e, não, eu não aprendi a ser muito paciente mesmo com toda essa experiência.

— Proteger você.

— Isso tem algo haver com a tatuagem na minha nuca?

Novamente Simone me deu tratamento de silêncio.... Definitivamente uma porta me responderia mais coisas que ela. Não insisti mais, depois de algum tempo chegamos a estrada, o céu ficou visível forte de floresta, passamos por outros viajantes sem trocar nenhuma palavra. Ela havia soltado a rédea de meu cavalo, ainda assim era como se Tempestade continuasse a seguindo.

Depois de algumas horas a noite caiu, mas não havia sinal de cidades, ouvi-las, ainda estávamos no meio da estrada. O território daquele reino era muito grande, de forma que sua travessia era demorada, tivemos que parar para descansar pela noite, pois os cavalos precisavam de repouso.
Desta vez adentramos um pouco a floresta, mas não muito, apenas o suficiente para encontrar uma clareira e montar acampamento, ou quase isso.

A minha bolsa de roupa virou um travesseiro, e Tempestade meu cobertor, ele deitou-se e eu cheguei perto dele, para absorver o calor de seu corpo, talvez ele pudesse esmagar minha cabeça sem querer? Talvez, mas e daí? Eu voltaria de novo... Havia uma vantagem em sempre renascer.

Simone sentou-se com as pernas cruzadas e juntou as palmas, murmurando algo. Pensei que estivesse adorando algum deus, porém assim que ela se calou uma onda quente me atravessou, não do tipo desagradável, mas sim reconfortante ao ponto de não precisar me agarrar a Tempestade e arriscar perder um dedo para seus cascos pesados.

— O que você fez? — perguntei a ela, ainda deitado.

— Proteção. — disse simplista, virando de costas para mim e se deitando no chão sem mais nada.

A olhei por alguns segundos. Ela havia acabado de usar magia, não é? Neste mundo, ela era rara, tinha certeza absoluta disso. Por que alguém com tais poderes serviria outro e ainda me protegeria? Eu tinha muitas perguntas e nem sinal de respostas. Talvez ela servisse alguém com mais poder, em um mundo assim, tão pessoa certamente ocuparia uma posição social muito alta, se assim desejasse.

Minha quarta vida Onde histórias criam vida. Descubra agora