A magia tem um preço

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Mais um dia de treinamento com Simone, o que significava; hematomas, músculos doloridos e arranhões. Ela não pegava nem um pouco leve, já faziam algumas semanas que mantínhamos certa rotina, mesmo que o Rei estivesse tentando negociar a paz, alguns conflitos eram inevitáveis, Lionel passava a maior parte do tempo em batalha.

Alan aparecia vez ou outra e conversávamos sobre coisas bobas, histórias ou até mesmo comidas, nunca nos aprofundando em nada. Talvez fosse bom, sentia carinho por Alan, mas diferentemente de Navee, não estava apaixonado. Ao menos, não ainda. Isso aconteceria? Não tinha como saber, talvez devesse me manter longe... Certo, isso é impossível, havia algo que me atraia em Alan, como me atraiu a Navee e Raul, não tinha como ficar longe.

Nestas semanas treinei bastante com Simone, meu corpo estava se adaptando aos poucos, Yan aprecia ser bem preguiçoso e frágil, fortificar esse corpo levaria bastante tempo, pelo menos uns dois ou três anos.

Simone me acertou mais uma vez nas costelas com a espada de madeira, eu sabia o que ela iria fazer, mas não tinha reflexos ágeis o suficientes neste corpo para me defender. Apertei a mão sobre a costela dolorida, recuando alguns passos.

— Vamos parar por hoje. — disse ela.

Sequer estará arfando, parecia até mesmo descansada, enquanto eu suava inteiro e estava completamente sem fôlego. Limpei o suor da testa e me levantei, erguendo minha espada de madeira.

— Podemos continuar!

Por mais que estivesse exausto, não podia parar, esse corpo precisava de disciplina, ainda que fosse difícil pensar nisso quanto tudo estava doendo tanto.

— Não. — ela tomou a espada da minha mão rapidamente, me dando as costas.

— Eu ainda posso...

Simone parou de andar, mas não me olhou.

— Não. — curta e grossa, voltou a andar.

Ela nem disfarçava mais, antes desconfiava que Simone não gostava de mim, mas agora tinha certeza disso. Quanto mais tempo passa anos juntos, mais aborrecida ela parecia, mais rígida e impaciente, ela não falava quase nada durante os treinos, apenas o essencial.

Agora era eu quem havia me aborrecido.

— Eu disse que posso continuar! — andei na direção dela, suas pernas longas eram difíceis de alcançar. — eu quero continuar, preciso...

Simone parou mais uma vês, virando na minha direção e largando as espadas no chão.

— EU DISSE QUE NÃO! — alterou-se, me olhando com raiva.

Marina, que estava trazendo o lanche empurrando um carrinho largou-o de qualquer jeito e correu até nós, suas bochechas ficando vermelhas rapidamente.

— Você odeia me treinar! — disse a Simone,  um pouco alto. — por que outra pessoa não faz isso?! Se não gosta de mim, não precisa se forçar a ficar comigo tantas horas tantos dias!

— Eu não odeio treinar você. — sua expressão alterava pouco a pouco voltava a inexpressiva. — você não entende.

Marina finalmente havia chegado até nos, e ela se colocou a minha frente, erguendo as mãos.

— Simone, por favor... — o tom da minha alegre Marina era quase melancólico.

— O que eu não entendo? — sai de trás de Marina, chegando perto de Simone. — se você não explicar, aí mesmo que não vou entender! Se não me odeia, por que está tão infeliz me treinando?

— Por que você é você!

— SIMONE! — nunca havia visto Marina alterada, era a primeira vez, seu rosto estava quase roxo, o sorriso havia sumido de deus lá nos, havia apenas infelicidade.

Minha quarta vida Onde histórias criam vida. Descubra agora