Alan é...

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Fomos teletransportado dentro do feixe de luz, fechei os olhos, era muito forte.

O clima mudou um pouco, era refrescante, ventos fortes puxavam meu cabelo e o cheiro que enchia o ar era de... Mar.

Ainda de olhos fechados, de repente, tive uma lembrança.

Ela não era minha, era de Yan.

Yan segurava a cabeça de Lionel em seu colo, deslizando os dedos pelo rosto do homem, limpando uma pequena ferida na bochecha, o general estava sorrindo. Todo seu corpo estava enfaixado, o peitoral totalmente enrolado, usava apenas uma calça pequena demais para seu corpo grande. Os olhos fechados, os belos e longos cílios brancos destacam-se contra a pele negra.

Eu gostaria de ver isso. — disse Yan.

Eu te levarei, é tão longo e vasto que não se pode ver o fim.

Não pode prometer o mundo a estranhos, senhor. — Yan apertou um pouco o lenço na ferida de Lionel que fez uma careta.

— Você não é um estranho, pare de me chamar de senhor. — abriu os olhos, os desabrochando. — diga meu nome, Yan.

A lembrança chegou ao fim tão rápido quando veio, sendo levada pelo vento. Quando abri os olhos, ali, de fato, estava o mar, tão limpido e azul como em minhas outras vidas, era uma constante bela. Yan estava falando do mar, ele nunca havia visto, Lionel prometeu mostrar e agora estava cumprindo essa promessa... Era uma pena que Yan não pudesse ver.

Estávamos em baixo de uma árvore frondosa, a sombra nos protegia do sol, o mar estava há apenas alguns passos de nós.

Lionel me soltou, e eu não resisti a andar em direção a água, observando hipnotizado o vasto oceano. Apesar de tudo, nunca havia me aventurado por ele, nenhuma vez, talvez pudesse fazer isso nessa vida.

O chão sumiu aos meus pés, era Lionel me erguendo no colo como se segurasse uma criança.

— Suas botas. — ele disse.

Olhei para baixo, Lionel estava descalço com os pés dentro da água, havia puxado as calças acima dos joelhos, e ao me segurar impedia que me molhasse.

— Nosso Rei planeja um cessar fogo, para que possamos fazer um acordo diplomático. — Lionel observava o horizonte. — quando tudo acabar, comprarei um barco e poderei te levar aonde desejar, podemos procurar as ilhas que me contou, aonde as árvores são doces e o solo tão fértil que apenas é preciso derrubar as sementes para que brotem.

É verdade, sempre ouvi que se você fosse além do limite do mundo, e atravessasse o cemitério de barcos chegaria ao paraíso, aonde não precisaria se preocupar com mais nada: a terra lhe daria tudo, os frutos, a paz, o sossego. Eu gostaria de envelhecer em um lugar assim.Pelo visto, esse Yan também conhecia essa lenda, já que havia a contado para Lionel.

— Você atravessaria o limite do mundo comigo? — toquei-lhe o rosto, o fazendo olhar para mim.

Lionel sorriu, virando a cabeça para beijar a palma de minha mão.

— Eu irei atravessar o que for, não há tempestade, guerra ou desgraça que me impressa de levá-lo a sua felicidade, Yan. 

O meu coração pesou dolorosamente, Lionel era completamente apaixonado por Yan, não por mim, ele estava disposto a qualquer coisa assim como eu estava disposto a dar minha vida por Navee.

Navee, que agora era Alan; meu destino, minha alma gêmea. Mas aqui estava eu, derretendo diante das promessas de outro homem, me apaixonando lentamente pela pessoa errada, aquele que me comprou.

Minha quarta vida Onde histórias criam vida. Descubra agora