𝐓𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐅𝐨𝐮𝐫

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Não voltei pra casa, não naquele dia.

Depois de toda minha conversa com Eddie (e com tudo finalmente resolvido), eu simplesmente não consegui ir embora. Não só porque eu queria aproveitar o tempo que perdemos, mas também porque Eddie insistiu muito.

Mas, eu só posso ter um miolo a menos, porque eu esqueci de ligar em casa e avisar que ia dormir fora. Já consigo ver o esporro que vou levar quando chegar em casa.

Eu, como a irresponsável que sou, não liguei pra isso ontem a noite, quando me aconcheguei em Eddie e dormi a noite toda agarrada a ele. A culpa veio pela manhã, no mesmo momento que eu abri meus olhos e lembrei do que eu não fiz. Além de não avisar ninguém que dormi na casa do Eddie, faltei na escola.

- Merda... - Resmunguei baixo, fazendo uma careta.

Cocei os olhos, me sentando na cama. Olhei para Eddie, que dormia muito pesado (preciso dizer que ele dá uma roncadinha, mas não é igual a um trator.) com a boca aberta. Minha vontade era rir e colocar o dedo na boca dele, mas fiquei com dó, já que ele parecia dormir tão bem.

Olhei no relógio e arregalei os olhos.

Achei que era no máximo dez da manhã ou algo do tipo, mas era literalmente meio-dia.

Cutuquei Eddie, por mais que ele esteja dormindo de um jeito muito fofo, já é tarde.

Por mais que eu me esforçasse para acordar Eddie, ele nem se mexia, parecia uma pedra dormindo. Então é por isso que meus tios passam?

Revirei os olhos e, por impulso, mordi o braço dele.

Ele fez uma careta, ainda com os olhos fechados.

- Eu esperava beijinhos, não mordidas. - Ele disse com a voz rouquinha.

- Seu cínico! - Dei um tapinha nele, antes dele pegar minha mão e dar beijos dela.

- Você é muito bruta. - Falou, me puxando para deitar com si mesmo mais uma vez.

Eddie deitou no meu peito, abraçando minha cintura.

- Ainda é cedo. - Ele murmurou baixinho e eu ri.

- Já está tarde, bonitão. Temos que levantar. - Passei a mão nos cabelos dele. - Tenho que ir pra casa, esqueci de avisar meus tios. - Ele arregalou os olhos.

- Se seu tio descobrir que dormiu aqui, é hoje que vou conhecer o céu. - Ri alto.

- Com certeza. - Ele se afastou e eu me sentei. - Vamos, levanta. - Eddie reclamou baixo. Me sentei na ponta da cama, pegando minha calça, a vestindo.

Procurei minha camiseta pelo chão, mas nao achei. Era estranho, já que tudo parecia estar no mesmo lugar que deixamos ontem. A guitarra ainda estava no chão com a camiseta de Eddie ao lado, minha calça estava no mesmo lugar antes de eu a pegar, e os jeans de Eddie também estavam no mesmo lugar.

Apertei os olhos, talvez eu esteja envelhecendo e ficando meio cega, mas não tenho a quem herdar miopia. Meu pai tinha olhos de coruja e minha mãe também.

Apertei a perna de Eddie, que colocou os braços atrás da cabeça, me olhando.

- Viu minha camiseta?

- Pra que camiseta? Você desse jeito está ótimo. - O repreendi com o olhar.

- Quer que eu vá embora só de sutiã e calça, Edward? Vou falar o que para os meus tios? Que um ladrão tarado roubou minha camiseta? - Ele deu uma risadinha.

- Esquece a ideia. - Ele apontou para a cômoda. - Tem uma camiseta sua naquela gaveta.

Me levantei e abri a gaveta, vendo a minha camiseta do AC/DC que eu estava procurando igual uma maluca. Peguei a camiseta e a olhei por breves segundos.

𝐂𝐥𝐚𝐬𝐬 𝐨𝐟 𝟖𝟔, 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora